Portugal voltou a mostrar duas caras em mais um jogo de apuramento ao Mundial2022. Na deslocação a Luxemburgo, os comandados de Fernando Santos saíram com os três pontos do Estádio Josy Barthel mas sem antes apanharem um susto que fez a equipa acordar para a reviravolta. Depois de 30 minutos sem chama, lusos fizeram uns 60 minutos aceitáveis frente a um adversário que cresceu muito nos últimos anos, como prova a vitória na ronda anterior frente a República da Irlanda.

Cristiano Ronaldo chegou ao golo 103 e está mais perto de bater o recorde de Ali Daei. Diogo Jota voltou a faturar (fez metade dos golos de Portugal nesta fase), Palhinha estreou-se a marcar pela Seleção ao terceiro jogo. Portugal divide a liderança do Grupo A com a Sérvia, ambos com sete pontos em três jogos.

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O jogo: Meia hora de 'sono' antes do despertar violento

Fernando Santos tinha prometido fazer do Luxemburgo um Azerbaijão, "não os deixando sair de lá de trás" para que Portugal pudesse explanar o seu futebol e ganhar através da sua melhor qualidade técnica e tática. Mas ao dar meia hora de vantagem aos luxemburgueses, Portugal acabou por meter-se em sarilhos que podiam sair caro.

Foi meia hora de futebol a passo, de trocas de bola sem progressão, de falta de intensidade, de displicência na forma como algumas bolas foram perdidas. Uma postura de uma seleção que tem a certeza que, a qualquer momento, as suas individualidades irão resolver.

Para vencer este incómodo Luxemburgo, Fernando Santos montou uma espécie de 4-4-2 que mais parecia um 4-2-4, com os sectores longe uns dos outros, os médios e defesas a não acompanhar o ataque e o ataque a não recuar a tempo de se juntar a zona média e assim recuperar a bola. Bernardo andou sempre muito na frente, longe da bola, João Félix e Diogo Jota que deviam dar profundidade nas alas, procuraram sempre zonas interiores e, com isso, Portugal foi incapaz de travar o atrevimento do Luxemburgo nos primeiros minutos.

O despertar da sonolência foi violento quando, aos 30 minutos, Gerson Rodrigues marcou e mostrou que Portugal tinha de fazer mais para conquistar os três pontos.

Com o recuo de Bernardo Silva para a zona do meio-campo e a subida dos laterais Cancelo e Nuno Mendes no terreno com mais frequência, com Pedro Neto (entrou aos 40 no lugar de João Félix), um extremo puro a desequilibrar nas alas, Portugal passou a ser ele próprio, com mais iniciativa, mais jogo perto da área adversária. O empate de Diogo Jota aos 45+2 ajudou a equipa a debelar os estragos. O 2-1 por Cristiano Ronaldo logo no início do segundo tempo deu outro descanso.

A equipa subiu de produção, passou a jogar mais junta e, aproveitando também o cansaço do adversário, Portugal conseguiu gerir melhor o jogo até chegar aos 3-1 aos 80 minutos, por Palhinha.

Esta foi a 16.ª vitória de Portugal sobre o Luxemburgo em 18 jogos, a 11.ª seguida.

A falta de público nas bancadas pode explicar algumas das exibições já que muitas das seleções ditas fortes da Europa têm sentido dificuldades para vencer os seus jogos frente a equipas que dantes acabavam quase sempre goleadas. O cansaço, com tantos jogos em pouco tempo, também poderá explicar as exibições menos inspiradas de algumas seleções de topo, onde se inclui Portugal, o atual campeão da Europa.

Portugal volta a jogar em setembro neste apuramento para o Mundial2022, mas terá de apresentar outros argumentos. O talento existente pede outra atitude e outro compromisso com o jogo, perante seleções que nada tem a perder. Os sete pontos em nove possíveis ajudam Portugal a partilhar a liderança do Grupo A com a Sérvia, ambos com sete pontos.

Momento-chave: Diogo Jota empata antes do intervalo

O crescimento de Portugal nos minutos finais do primeiro tempo foi coroado com o golo do empate aos 45+2, apontado por Diogo Jota, de cabeça, após bom centro de Pedro Neto, acabadinho de ser lançado no jogo no lugar de João Félix. Terceiro golo do avançado em menos de 72 horas pela seleção, todos de cabeça, ele que já tinha bisado frente a Sérvia.

Os Melhores: Gerson Rodrigues assustou, Moris negou goleada

Muito do perigo do Luxemburgo no ataque vinha de Gerson Rodrigues, avançado nascido em Almada (filho de cabo-verdianos). O jogador do Dinamo Kiev fez o único remate enquadrado do Luxemburgo e mostrou eficácia, já que colocou a sua seleção a vencer por 1-0.

É verdade que Portugal fez uma má primeira parte, mas mesmo assim terminou com seis remates à baliza, quatro deles de fora da área. Desses só o de Diogo Jota não foi travado pelo guarda-redes Moris, autor de oito defesas, algumas com grau de dificuldade elevada.

No lado lusos, destacar mais um golo de Diogo Jota, que não precisa de muito para marcar, e para a estreia de Palhinha a marcar na Seleção, ao cabo de três jogos. Renato Sanches também foi dos melhores de Portugal.

Os piores: primeira meia hora de Portugal, CR7 ansioso

A falta de intensidade no jogo de Portugal no primeiro tempo, com muitas perdas de bola e falta de inspiração coletiva e individual justificavam que os lusos até fossem a para o intervalo. É verdade que o Luxemburgo só rematou uma vez à baliza (os outros remates saíram para fora), mas era a equipa melhor organizada em campo.

Cristiano Ronaldo voltou a fazer uma exibição fraca. Apesar de ter marcado o seu 103.º golo ao serviço de Portugal, falhou uma grande oportunidade na cara do guarda-redes, mostrou muita ansiedade na hora de atacar os centros, daí ter sido apanhado em fora de jogo em várias ocasiões. O capitão da Seleção dispôs de 14 oportunidades flagrantes para marcar nos últimos jogos da Seleção, mas só concretizou dois, o que dá um aproveitamento de 14 por cento, de acordo com dados do 'Goalpoint'.

Reações: Nem o Engenheiro gostou da 1.ª parte

Fernando Santos critica 1.ª parte de Portugal: "Equipa amorfa, sem intensidade. A qualidade técnica não chega"

Pedro Neto: "Na segunda parte mudámos o chip"

Palhinha: "Há um ano não pensava estar aqui"

Renato Sanches: "O Luxemburgo entrou bem, mas controlámos o jogo"

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