Portugal está a duas vitórias de marcar presença na fase final do Mundial2018. Os campeões europeus precisam de vencer Andorra fora e Suíça em casa para garantir o primeiro lugar do Grupo B. Este domingo, Ronaldo e companhia tiveram de suar e muito para garantir, desde já, o play-off de apuramento. Foi preciso puxar pela cabeça de André Silva para acabar com a agressividade dos húngaros que jogaram mais de uma hora com menos. Mas deram muito trabalho.
O jogo: Golo acabou com a agressividade magiar
A Hungria sabia que só a vitória lhes interessava para continuar a sonhar com uma presença na Rússia em 2018. O que Portugal não esperava era que colocassem tanto em campo para o conseguir. A formação comandada por Fernando Santos teve muita dificuldade em lidar com o jogo mais físico e viril dos húngaros. Um jogo que deixou marcas em Pepe (levou uma cotovelada de Priskin e ficou a sangrar), em Cédric Soares (também levou uma cotovelada de Lovrencsics e ficou com marcas visíveis no rosto) mas também em André Silva, pisado no segundo tempo.
Curiosamente, até a expulsão de Priskin, aos 30 minutos (cotovelada em Pepe), Portugal dominava as operações e tinha criado várias oportunidades de golo. Não eram oportunidades flagrantes, é verdade, mas os lusos já tinham feito vários remates em zona frontal que encontravam quase um húngaro pela frente. O aparecimento de Ronaldo no corredor central mas também na ala esquerda e movimentações de João Mário iam baralhando o jogo dos húngaros que quando tentavam sair, tinham de lidar com os posicionamentos de Moutinho e Danilo, que iam secando tudo o que era tentativa de ataque. E quando estes dois eram batidos, Pepe e Bruno Alves resolviam o resto.
Estranhamente, a expulsão mudou tudo: Portugal, a jogar com mais um, desconcentrou-se, começou a jogar com medo, a perder muitas bolas, a fazer remates de muito longe, a não ter paciência na circulação e a fugir do contacto físico, onde os húngaros eram muito duros e iam para lá do permitido por lei. Mas essa virilidade morreu com o golo de André Silva no início do segundo tempo a passe de Ronaldo. O jovem avançado luso, que já tinha marcado a Hungria em março de 2017, fazia o seu 7.º golo em oito jogos na qualificação para o Mundial 2018.
Com mais um, esperava-se que Portugal ganhasse confiança e ´carregasse no acelerador ` para fazer o 2-0 e ´matar` o jogo mas, talvez por receio, os comandados de Fernando Santos ´tiraram o pé`, abrandaram o ritmo, foram controlando sem acelerar e arriscar muito. A Hungria, que estava desgastada, até poderia ter empatado logo a seguir ao golo de André Silva, numa estranha falha de três elementos da defesa lusa. E já nos descontos num cabeceamento de Viola que Patrício segurou.
Vendo que Portugal não arriscava o 2-0, Fernando Santos mexeu na equipa, na tentativa de segurar ainda mais o jogo, com as entradas de Bernardo Silva e Quaresma para os lugares de Gelson e André Silva. O essencial foi cumprido, que era garantir os três pontos, mas a exibição não foi por aí além. Negativo ainda a lesão de Coentrão, aos 29 minutos, tendo sido substituído por Elilseu. O lateral do Sporting voltou a jogar pela seleção, 697 dias, mas não foi o regresso mais desejado.
Momento-chave: Centro de Ronaldo, golo de André Silva
Ao intervalo, Fernando Santos deve ter pedido mais jogo pelos corredores laterais, onde Portugal não estava a desequilibrar como podia e devia. Por isso aos 48 minutos, Ronaldo tratou de dar razão ao ´engenheiro` do Euro2016 ao centrar para André Silva encostar, de cabeça, ao segundo poste. Estava quebrada a muralha magiar.
A polémica: Portugal pede ´duplo` penálti
Aos 25 minutos, Portugal pediu penálti por duas vezes. Um remate de Moutinho foi desviado com a mão por um defensor húngaro. No seguimento da jogada, André Silva acaba por ser derrubado pelo guarda-redes Gulacsi mas levanta-se e segue com o jogo. O árbitro, o holandês Danny Kikkelie, mandou seguir.
Os Melhores: André Silva a marcar, Pepe a segurar
Não foi só pelo golo, mas também pelo que jogou, André Silva foi dos melhores em campo. Lutou muito, defendeu sempre, veio atrás buscar jogo e manteve a defensiva contrária sempre em sentido. Teve mais duas oportunidades, mas não conseguiu marcar.
Pepe ajudou Portugal a manter a baliza a zeros pelo terceiro jogo seguido. Deu o sangue, literalmente, por Portugal e esteve imperial, pelo ar e pelo solo. Uma muralha ao lado de Bruno Alves.
Os piores: árbitro permitiu muita agressividade húngara
Com 11 contra 11, os húngaros até estavam a lutar como podia, defendendo e tentando sair para o ataque. Após a expulsão transformaram o Groupama Arena num campo de batalha onde eram eles a ´dar` e Portugal a ´receber`. O árbitro holandês Danny Kikkelie teve dificuldades em travar este tipo de jogo e deixou passar várias jogadas de falta, algumas para cartão amarelo e outras para vermelho. Demasiado permissivo.
Reações:
Fernando Santos: "Depois do golo tivemos receio de jogar para a frente"
João Mário: "Fizemos uma bela partida e controlámos sempre o jogo"
André Silva e Moutinho lamentam agressividade húngara e precipitação lusa
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