O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) manifestou hoje “desilusão e preocupação” pelo cancelamento antecipado da II Liga, ao contrário do escalão principal, no âmbito do plano de desconfinamento da pandemia de COVID-19.
“O Sindicato acredita na boa-fé de todos os intervenientes na defesa do futebol e que, subjacente a esta decisão, não esteve qualquer discriminação entre profissionais da I e II ligas, nem sequer razões relacionadas com a capacidade económica dos clubes para encontrar as soluções desejadas, mas a análise dos peritos médicos e da Direção-Geral da Saúde (DGS), no sentido de que não é possível implementar, com a segurança exigida para todos, um novo plano de funcionamento da competição para os dois escalões nesta época”, lê-se num comunicado publicado na página oficial do SJPF na Internet.
O Governo autorizou na quinta-feira a retoma à porta fechada da I Liga a partir de 30 e 31 de maio, mais de dois meses após a suspensão decretada em 12 de março, numa prova que antecederá a realização da final da Taça de Portugal entre FC Porto e Benfica, enquanto a II Liga não recebeu ‘luz verde’ para poder retomar a competição.
“O Sindicato acredita que Federação e Liga não tiveram alternativa, sabe bem do respeito que o presidente da Federação tem demonstrado em diferentes momentos pelos jogadores e o contributo para melhorar o estado da sua profissão, assim como sabe que o presidente da Liga, apesar de todas as divergências que marcam as lutas de classe, tem a seu cargo a tarefa de gerir um ambiente de permanente hostilidade, onde cada clube se preocupa mais com o interesse individual do que com a indústria no seu todo”, notou.
O organismo presidido por Joaquim Evangelista partilha a “angústia e desânimo” com “muitos jogadores que tinham a expectativa de retomar a competição”, mas reforça que “não aceitará a instrumentalização desta situação por aqueles que têm permanecido em silêncio e nada têm feito sobre os problemas estruturais do futebol português”.
“Tal como acontece no plano internacional, os jogadores exigem das entidades desportivas o respeito que o momento exige. Muito além da proteção da sua saúde, querem soluções ao nível da proteção dos seus postos de trabalho, do pagamento dos salários, da proteção social e do desemprego. Este é momento de analisar friamente e chamar a assumir a responsabilidade as entidades que tutelam o futebol”, frisou.
Comparando o fim da II Liga ao cancelamento antecipado dos campeonatos não profissionais, que vai “certamente agravar os problemas já existentes em várias equipas”, o SJPF exige que o Governo coopere com os organismos do futebol português na salvaguarda dos direitos dos jogadores e trabalhadores dos clubes profissionais.
“Apelamos à união de todos para encontrar soluções e pedimos a quem viu os interesses e objetivos individuais frustrados, o sentido de responsabilidade que o momento exige. Nada vai ser igual, nem para os jogadores, nem para os demais portugueses. Se não houver união, sentido de responsabilidade e trabalho sério de todos os intervenientes, não é esta época que fica afetada, são sobretudo os próximos anos”, termina o comunicado.
A disputa dos 90 jogos do principal escalão, que é liderado pelo FC Porto, com um ponto de vantagem sobre o campeão Benfica, assim como a final da Taça de Portugal, ainda está sujeita à aprovação por parte da Direção-Geral da Saúde de um plano sanitário apresentado ao Governo pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional.
Quanto à II Liga, Nacional e Farense ocupavam os dois lugares de subida na altura da suspensão, com os insulares na liderança, com 50 pontos, mais dois que os algarvios.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de COVID-19 já provocou mais de 233 mil mortos e infetou mais de 3,2 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Cerca de 987 mil doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 1.007 pessoas das 25.351 confirmadas como infetadas, e há 1.647 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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