Continua o 'braço de ferro' entre o Cova da Piedade e a Liga, a respeito do jogo da formação de Almada com o Estoril, que estava agendado para às 18h30 desta sexta-feira. O Cova da Piedade conta com 15 casos positivos para COVID-19 no plantel, pelo que não vai se apresentar em campo, confirmou Edgar Rodrigues, diretor geral do clube, em declarações à Sport TV

"A delegada de Saúde informou que não é possível o Cova da Piedade deslocar-se. Não pode sair de casa com os jogadores. Como é que iria jogar? Tínhamos nove jogadores que estavam negativos, possivelmente falsos negativos, e dois inconclusivos. Um deles tem 39 graus de febre e está em casa. Começámos a falar com a Liga para perceber como poderíamos resolver isto. Não houve resolução. Dos nove jogadores que sobram, um não está inscrito e outro é o Edinho, sabemos o que se passa [n.d.r. recupera de lesão grave]", começou por explicar o dirigente, face a recusa da Liga de Clubes em não aceitar o pedido de ausência justificada do Cova da Piedade.

"A delegada de Saúde decidiu que os jogadores iriam ser imediatamente confinados. Como é que eu vou desobedecer à DGS e vou pôr a minha equipa aí no Estoril? Não temos culpa e temos aqui um email da Dra. Marta Temido [ministra da Saúde], que disse, por escrito, que vai defender a delegada de Saúde na decisão que tomou em qualquer instância. Liguem para ela", pediu Edgar Rodrigues, diretor geral do Cova da Piedade.

Mas a Liga de Clubes tem outro entendimento. O organismo que rege o futebol profissional em Portugal explicou, através da diretora de competições, que este "não é o procedimento protocolado, e que levou ao não adiamento de outros jogos. […] Sabemos que três horas antes do jogo o Cova da Piedade tinha de entregar os atestados de aptidão médica dos jogadores e não o fez", explicou Helena Pires.

Edgar Rodrigues não entende este posicionamento da Liga de Clubes. O dirigente do Cova da Piedade lembrou o caso do Sporting-Gil Vicente, da Primeira Jornada da I Liga, que foi adiado pela Liga devido aos muitos casos de COVID-19 nos dois planteis.

"O Sporting tem o privilégio de ter 58 jogadores inscritos, o Gil tem 33, salvo erro. O jogo foi adiado e a Liga fez tudo o que pôde e não pôde para adiar o jogo, que foi feito esta semana", recordou.

O diretor geral do Cova da Piedade ameaça levar o caso a Tribunal, por entender que o clube está a seguir o protocolo.

"Vamos para tribunal até às últimas instâncias. Isto é passar por cima de tudo o que são valores, não vamos compactuar com isto. Prefiro perder três pontos do que alguém perder a vida", atirou.