Num jogo de nervos, que acabaria por se estender aos adeptos, o Sporting teve a frieza e a arte necessárias para dar a volta ao Vitória de Guimarães, encurtando provisoriamente para três pontos a distância para o FC Porto, que apenas joga hoje com o Boavista, no Bessa. Se por um lado houve intensidade e emoção até ao fim, características que aprimoram qualquer jogo de futebol, o mesmo não se pode dizer dos confrontos numa das bancadas do Estádio D. Afonso Henriques, e consequente carga policial, que levaram à interrupção da partida durante cerca de cinco minutos.
A equipa leonina esteve a perder, mas conseguiu empatar em cima do intervalo, de penálti, e virou o resultado já com Pedro Gonçalves em campo, numa belíssima jogada que terminou num remate de letra de Paulinho. A terminar, Marcus Edwards fechou as contas com um golaço, estreando-se a marcar pelo Sporting no regresso a uma casa bem conhecida.
Veja o resumo
Com as alas renovadas, já que Esgaio e Sarabia ocuparam o lado direito, em vez de Pedro Porro (lesionado) e Marcus Edwards, e Nuno Santos assumiu a esquerda, recuando Matheus Reis para a defesa, o Sporting chamou a si a posse de bola, mostrando, ainda assim, dificuldades em chegar ao último terço.
O primeiro aviso foi dado pelo Vitória (sem mudanças no onze) aos 11 minutos, num remate cruzado de Rochinha a testar os reflexos de Adán. Seguiram-se duas oportunidades desperdiçadas por Sarabia, com o espanhol a rematar para a defesa de Bruno Varela e depois a receber mal uma desmarcação de Coates, que permitiu a antecipação do guardião vitoriano quando estava isolado.
Passado um minuto, o Vitória chegou ao golo. Grande arrancada de André Almeida, que fugiu a Nuno Santos e serviu Lameiras, a defesa leonina atrapalhou-se na tentativa de corte e Coates perdeu a bola para Estupiñan (23’), que rodou bem e atirou para o 1-0. Foi o 12.º golo do colombiano na I Liga, frente a uma equipa que não sofria há três jogos.
Os ânimos fervilhavam em Guimarães, perante a agressividade dos duelos e as faltas constantes que Fábio Veríssimo ia apitando, uma das quais resultou na expulsão de Pepa, por protestos. Já perto do intervalo, Gonçalo Inácio desviou a bola na área e Alfa Semedo intercetou com o braço, com o árbitro a assinalar grande penalidade para o Sporting. Na conversão, Sarabia bateu para o lado esquerdo de Bruno Varela, que ainda adivinhou o lado, mas o remate do espanhol foi bem colocado.
O Vitória entrou melhor na segunda parte, mais pressionante e confortável a circular a bola. Rúben Amorim respondeu lançando Pedro Gonçalves para o lugar de Slimani, que desta vez não conseguiu dar seguimento às boas exibições anteriores. A partir daí, o jogo mudou.
Os ‘leões’ associaram-se melhor, criaram mais linhas de passe junto à área contrária e Paulinho, agora na posição de ponta de lança, ameaçou o golo por duas vezes, aos 57', num chapéu por cima, e aos 6'3, numa defesa por instinto de Bruno Varela. Mas à terceira foi de vez e o Sporting completou a reviravolta numa grande jogada ao primeiro toque, que terminou com a assistência de Pedro Gonçalves para Paulinho marcar de letra (70').
Depois do golo com nota artística, o pior do futebol. As forças da autoridade foram obrigadas a intervir quando vários adeptos vimaranenses se dirigiram para a zona próxima dos apoiantes do Sporting. Após o apelo à calma lançado pelo 'speaker', assim como pelos próprios jogadores, o jogo acabou por ser reatado cinco minutos após a paragem.
Até ao fim, o Vitória tentou o tudo por tudo para chegar ao empate, mas sem sucesso. Aliás, ainda sofreu o terceiro golo pelo jogador que vendeu ao Sporting no mais recente mercado de transferências. Marcus Edwards sentenciou um jogo tumultuoso com um pouco de magia, num remate colocado de fora da área, com a bola a descrever um arco perfeito e a entrar ao ângulo - estreia a marcar com a camisola dos leões.
O momento
Golo de Paulinho: O avançado já tinha falhado antes, mais do que uma vez, mas aos 7o minutos marcou mesmo. Sarabia deu a bola a Pedro Gonçalves e este assistiu o ponta de lança, que desviou de calcanhar para operar a cambalhota no marcador.
O melhor
Paulinho: Começou mais decaído para a esquerda, mas foi quando regressou ao lugar de origem que tudo mudou. Desperdiçou duas grandes oportunidades até completar a reviravolta leonina, com um belíssimo golo de letra.
O pior
Confusão nas bancas: O jogo teve de ser interrompido por largos minutos na sequência dos tumultos registados na bancada nascente inferior, que levaram várias centenas de adeptos a correrem para fugir da zona de confusão. Um espetáculo lamentável e que contrasta com os bons momentos de futebol proporcionados pelos jogadores em campo.
Reações
Amorim "à espera que os adversários percam", Paulinho destaca "grande jogada coletiva" no seu golo
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