A época 21/22 da Liga Portuguesa arranca esta sexta-feira, com o campeão Sporting a receber o recém-promovido Vizela. Os adeptos vizelenses que se desloquem esta sexta-feira a Alvalade, e todos os outros que queiram ver as suas equipas fora dos seus redutos, vão ter que se fazer acompanhar pelo recém-criado e tão polémico cartão do adepto.
O documento que entra em vigor nesta época desportiva de 2021/22 está a ser alvo de várias críticas , tanto pelo custo, valor unitário de 20 euros, como pelo facto de "atentar contra as liberdades mais básicas", de acordo com a Associação Portuguesa de Defesa do Adepto. A Associação já lançou uma petição e quer mesmo travar esse novo mecanismo de controlo dos adeptos.
O cartão do adepto serve para os adeptos dos emblemas visitantes acederem às Zonas de Condições Especiais de Acesso e Permanência de Adeptos. Contudo, podem igualmente comprar bilhetes para outras zonas dos estádios, "o que poderá potenciar maiores riscos e problemas às forças de segurança", referiu Rodrigo Cavaleiro, presidente da Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto (APCVD), numa recente entrevista ao jornal Record.
De acordo com fonte da Federação Portuguesa de Futebol, há cinco clubes dos 18 que militam na I Liga que contam apenas com uma bancada para os adeptos visitantes e que se destina exclusivamente a portadores do cartão do adepto. Os restantes clubes permitem que se possa aceder a outras zonas do estádio, sem que seja necessário apresentar o referido cartão.
Fim da democratização do futebol com mais custos para os adeptos?
Está aí à porta o tão esperado regresso do futebol e com público, depois de 17 meses, em que houve apenas ensaios avulsos. Contudo esse regresso terá várias condicionantes. Às habituais queixas sobre o preço, normalmente elevado dos ingressos, juntam-se novas despesas sobretudo para quem pretende acompanhar as equipas nos jogos fora de portas.
Nesta primeira fase em que se admitiu a entrada dos adeptos existem várias limitações: Só 33% da lotação dos estádios poderá ser preenchida, para além disso os adeptos terão que entrar na posse de um teste negativo - PCR até 72 horas do jogo ou antigénio até 48 horas - ou certificado digital de vacinação caso tenham a vacinação completa.
É verdade que os testes rápidos de antigénico são comparticipados a 100% desde o dia 1 de junho, com a comparticipação limitada a quatro testes por mês, com um valor máximo de 10 euros. Contudo nem sempre é possível a marcação desse tipo de testes em farmácias. Nos fins de semana então trata-se de uma missão praticamente impossível, já que a realização destes controlos é um requisito obrigatório neste período de férias, para quem pretenda ficar alojado em unidades hoteleiras. Existe forma de recorrer a outras vias, com a realização de testes em clínicas, onde os testes antigénicos podem chegar aos 35/40 euros. No caso dos testes PCR, o valor é bem mais elevado, com o valor a poder ultrapassar os 100 euros.
Para além do custos dos testes, para quem ainda não tem o certificado de vacinação, junta-se também o custo do cartão do adepto - cerca de 20 euros - para ter acesso ao local onde ficam os adeptos das equipas visitantes, nos jogos fora de portas, casos estes optem por permanecer nas Zonas de Condições Especiais de Acesso e Permanência de Adeptos
Simulemos pois os custos de um adepto do Vizela que se desloque esta sexta-feira ao estádio José Alvalade
Entre Vizela e Lisboa, a distância é de cerca de 357 km. De acordo com o portal 'Via Michelin', o custo para um adepto que se desloque de carro (veículo a gasolina) fica em cerca de 62,55 euros em deslocações: 24,65 euros em portagens e 37,90 em combustível, falando só na ida. Na viagem de ida e volta, os custos podem chegar aos 125 euros.
Já em relação aos bilhetes para o jogo, de acordo com as informações avançadas pelo Sporting, o preço dos ingressos situa-se entre os 15 e os 35 euros.
Caso o adepto opte por uma refeição média e jante nas imediações do estádio, poderá ter um custo de cerca de 15 euros.
Saiba mais sobre o cartão do adepto
Como é lógico, os custos finais podem ser atenuados, caso os adeptos se juntem e optem por partilhar um veículo para se deslocarem ao estádio ou optem pela viagem de autocarro. Ainda assim, o custo global será certamente incomportável para muitas famílias. E com o futebol a precisar urgentemente da presença de público - mesmo com todos os cuidados e limitações - veremos se as alterações introduzidas não poderão afastar ainda mais as pessoas dos estádios.
Contas feitas: Um adeptos do Vizela que se desloque esta sexta-feira a Alvalade poderá ter que investir 210 euros : 125 euros em deslocações + 35 euros - teste antigénico + 20 euros - custo do cartão do adepto + 15 euros - refeição + 15 euros - custo do bilhete.
*Artigo atualizado
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