Trinta e sete anos depois, a final da Taça de Portugal volta a jogar-se longe do Estádio Nacional, no Jamor. Será o Estádio Cidade de Coimbra a receber o jogo entre Benfica e FC Porto este sábado (20h45), uma vez que o Estádio do Jamor não dispõe de todas as condições impostas pela DGS para receber jogos de futebol em tempo de pandemia.

O Estádio Cidade de Coimbra é palco dos jogos da Académica e já recebeu cinco finais da Taça da Liga, a última em 2015/16. O recinto foi construído para o Euro 2004, e inaugurado em outubro de 2003, num jogo entre a Académica de Coimbra e o Benfica.

Esta será a primeira vez que Coimbra vai receber uma final da Taça de Portugal, e a primeira vez desde 1982/83 que a final da prova rainha não acontece no Estádio do Jamor. Aliás, desde que a final da Taça chegou ao Jamor na época de 45/4, houve cinco finais da competição que se jogaram noutros recinto, nomeadamente na casa de um dos finalistas. E são esses jogos que passamos a recordar.

1961, Estádio das Antas: Leixões 2-0 FC Porto

No dia 9 de julho de 1961, Leixões e FC Porto disputaram a final da Taça no Estádio das Antas, a pedido dos 'azuis e brancos' uma vez que se tratava de duas equipas do Norte. Ainda assim, o fator casa não ajudou a equipa portista, com a vitória a sorrir ao Leixões (2-0), com golos de Silva e Osvaldo Silva. O resultado garantiu ao emblema de Matosinhos um inédito apuramento para uma competição europeia, no caso a Taça das Taças da temporada 1961/62 (chegou aos quartos de final).

O Leixões tornou-se na altura, o terceiro clube além dos grandes a conquistar a Taça de Portugal (antes, já a Académica e o Belenenses tinham conseguido). Os matosinhenses chegariam mais uma vez a uma final da Taça de Portugal, na época 2001/02, mas desta feita foram derrotados pelo Sporting de Laszlo Bölöni. Mário Jardel decidiu a partida com um golo marcado aos 40 minutos.

1975, Estádio José Alvalade: Boavista 2-1 Benfica

Entre 1975 e 1977, a Federação Portuguesa de Futebol determinara que a final da Taça de Portugal seria disputada no recinto do clube que tinha conquistado a competição na época transata. Com o Sporting a erguer o troféu em 1974, o jogo decisivo entre Boavista e Benfica acabou por ter lugar no Estádio José Alvalade. Por outro lado, o Estádio Nacional era considerado um símbolo do Estado Novo e esta era primeira época que o futebol cumpria pós-25 de abril.

A grande decisão teve lugar a 14 de junho, com o Boavista a entrar melhor e a marcar dois golos antes dos 20 minutos. por Mané (15') e João Alves (17'). Rui Jordão ainda reduziu na segunda parte, mas a vitória sorriu mesmo aos axadrezados, na altura orientados por José Maria Pedroto.

De referir que esta foi a única vez que a final se disputou no Estádio José Alvalade.

1976, Estádio das Antas: Boavista 2-1 Vitória de Guimarães

Em 1976, apesar do Boavista ter vencido a prova rainha no ano anterior, a final disputou-se no Estádio das Antas, uma vez que o Estádio do Bessa foi considerado demasiado pequeno para acolher um jogo desta importância.

O palco mudou, o adversário também, mas o vencedor manteve-se. Dois golos do brasileiro Salvador Almeida bastaram para a equipa de Pedroto levar para casa outro caneco, desta feita diante do Vitória de Guimarães, que ainda reduziu por Rui Lopes (62'), mas sem efeitos práticos no resultado final.

1977, Estádio das Antas: FC Porto 1-0 SC Braga

Dezasseis anos depois, o FC Porto conseguiu jogar outra final em casa. O jogo decisivo realizou-se novamente no Estádio das Antas e não no Bessa (pelo mesmo motivo que na época anterior), e a lógica de proximidade - o SC Braga foi o outro finalista - tornou mais fácil a decisão de colocar o Jamor novamente de parte.

O FC Porto venceu (1-0) com um golo de Fernando Gomes, e Pinto da Costa conquistava o primeiro troféu como dirigente, um ano e cinco dias depois de assumir a chefia do departamento de futebol dos 'azuis e brancos'. Era o início de um ciclo vitorioso, que teria continuidade mais tarde como presidente do FC Porto.

José Maria Pedroto, treinador que estava de regresso ao FC Porto, vencia a terceira Taça de Portugal consecutiva, depois dos êxitos conseguidos nas duas épocas anteriores no comando técnico do Boavista. E vencia novamente no Estádio das Antas.

1983, Estádio das Antas: FC Porto 0-1 Benfica

Uma final que fez correr muita tinta. Antes do início da temporada 1082/93, Romão Martins, então presidente da FPF, decidiu que seria a Associação de Futebol do Porto a organizar a decisão da Taça, o que significaria que a final teria lugar nas Antes, independentemente dos finalistas.

Quando se confirmou que a taça seria decidida entre o FC Porto e o Benfica, nasce o problema. Primeiro, a federação já tinha outro presidente em funções, Silva Resende, que pretendia ver a final a jogar-se no Jamor. Depois, Pinto da Costa, eleito presidente do FC Porto em abril de 1982, recusava-se a não jogar a final nas Antas. E o Benfica não queria jogar em casa dos 'dragões'.

Entretanto, o FC Porto organiza uma Assembleia Geral para dar mais força ainda ao protesto, com os sócios a aprovarem por aclamação que o clube não compareça à final, a não ser nas Antas. Até que o Benfica, através de Sven-Göran Eriksson, acaba por ceder e aceita jogar no campo do adversário, a 21 de agosto, já no início da época seguinte.

O resultado? Vitória do Benfica (1-0) com um golo de Carlos Manuel.