O Sporting entra para a 34ª e última jornada apenas a depender de si para se sagrar bicampeão nacional. Este não é caso único na história dos leões, que já por diversas ocasiões entraram na ronda decisiva do campeonato com a possibilidade de carimbar o título.

Desde os míticos 'Cinco Vilonos', passando pelas veias goleadoras de Lourenço ou Yazalde, e chegando à inesquecível tarde de Vidal Pinheiro, olhamos para todas as épocas em que o leão se sagrou campeão ao cair do pano.

1947/48: Por um se ganha, por um se perde

À entrada para a 26ª e última jornada do campeonato, Benfica e Sporting estavam em igualdade pontual, à semelhança do que acontece em 2024/25.

Os leões recebiam o Lusitano de Vila Real de Santo António, enquanto que os encarnados mediam forças com o Olhanense. Para que o Sporting se sagrasse campeão as contas eram simples: vencer por três ou mais golos de diferença.

E a verdade é que Fernando Peyroteo, ponta de lança goleador dos famosos 'Cinco Violinos', fez quatro contra os algarvios, numa vitória por 1-4, permitindo assim aos leões arrebatarem o título de campeão nacional, o segundo em três consecutivos, isto apesar do Benfica também ter ganho a sua partida.

1951/52: Meio caminho para o tetra

Ao contrário da temporada anterior, o campeonato de 51/52 não foi propriamente um passeio para o Sporting. Na reta final, quatro equipas lutavam pelo título (Sporting, Benfica, FC Porto e Belenenses), sendo que apenas leões e águias chegaram à última jornada com hipóteses de levantar o troféu.

Nessa última ronda, o Sporting, treinado por Randolph Galloway, foi à margem-sul vencer o Barreirense por 2-1. De nada serviu ao Benfica vencer o FC Porto, tendo os leões terminado com mais um ponto que os rivais. Este seria o segundo de quatro campeonatos consecutivos conquistados pelos verdes e brancos.

1957/58: O adeus do 'Zé da Europa'

Depois de três anos de 'jejum', o Sporting voltava à luta pelo título nacional. Desta feita, o grande adversário era o FC Porto, sendo que o Benfica nunca foi adversário na corrida pelo primeiro lugar.

À entrada para a última jornada, leões e dragões tinham exatamente os mesmos pontos, sendo que o Sporting trazia vantagem no confronto direto, depois de derrotar os azuis e brancos por 3-0 em casa, e perder por 2-1 na Invicta.

Apesar do triunfo dos azuis e brancos no Restelo contra o Belenenses por 1-3, os verdes e brancos não vacilaram e bateram em casa o Caldas SC por esclarecedores 3-0, naquele que foi o último campeonato conquistado por José Travassos, o último dos 'Cinco Violinos' a abandonar o futebol.

1961/62: Quebra da hegemonia

Nos anos 60 o Benfica mostrava-se como o principal candidato ao título. Depois de vencer a última edição, os encarnados entravam em 61/62 à procura do 'tri', um sonho que morreu logo à nascença, graças a um mau arranque de campeonato.

Por sua vez, o Sporting foi sempre o mais consistente ao longo da época, e apenas o FC Porto surgiu como adversário na corrida pelo primeiro lugar.

Na última jornada, os leões tinham como missão bater o grande rival lisboeta para poder assegurar desde logo o título. Uma vitória contundente por 3-1 diante do Benfica garantiu o campeonato aos leões, com dois pontos de vantagem sobre o FC Porto.

1965/66: Lourenço contra a pantera

Depois de mais um 'tricampeonato' conquistado, o Benfica entrava na temporada 1965/66 disposto a finalmente igualar o Sporting no rol de equipas que alcançou o 'tetra'.

Leões e águias eram os principais 'fornecedores' da seleção nacional, tendo entre eles construído os míticos 'Magriços', que brilharam a grande altura no Campeonato do Mundo de 1966.

No campeonato o cenário não era diferente, e as duas equipas chegaram à última jornada ainda com aspirações a chegar ao primeiro lugar.

O Sporting foi ao norte do país vencer o Varzim por 1-2, isto enquanto o Benfica vencia no Restelo o Belenenses por 1-3. Os leões conseguiam negar o 'tetra' ao Benfica, muito graças ao embate entre as duas equipas no Estádio da Luz, onde o Sporting venceu por 2-4, com quatro golos de Lourenço, que terminaria, ao lado de Eusébio, com o título de melhor marcador da prova.

1973/74: Yazalde, capitão de 'Abril'

O Sporting foi o primeiro campeão nacional em liberdade. Depois de um ciclo de três campeonatos conquistados pelo Benfica, os leões, comandados por Mário Lino, chegaram à última jornada com os mesmos pontos das águias, alcançando o título após vencer em casa do Barreirense por 0-3.

Já em Setúbal, o Benfica empatava com o sensacional Vitória FC (terceiro classificado), vendo esfumar-se nova hipótese para o 'tetra'.

Para além do campeonato, os leões alcançaram a 'dobradinha' ao vencer a Taça de Portugal contra o grande rival, numa época marcada pelos 46 golos de Héctor Yazalde, recorde de golos que permanece até hoje.

1979/80: O regresso do leão

Após o título de 74, o Sporting esteve cinco anos sem conquistar o campeonato, isto enquanto via Benfica e FC Porto lutarem entre si por todos os títulos.

Contudo, e perante uma águia mais fragilizada, os leões assumiram papel de destaque em 79/80, discutindo taco-a-taco com o FC Porto ao longo de praticamente toda a época.

À entrada para a última jornada, e depois das duas equipas terem empatado nas Antas, FC Porto e Sporting entravam em igualdade pontual, com vantagem para os azuis e brancos.

O Sporting recebeu e venceu o União de Leiria por 3-0, enquanto que o FC Porto acabou por perder em casa do Sporting de Espinho por 2-0, permitindo assim o regresso do clube de Alvalade aos títulos.

1999/2000: O fim do jejum

E se cinco anos parecia muito tempo, o que dizer de dezoito? O Sporting entrava na temporada 1999/2000 desesperadamente em busca de por fim à seca de campeonatos que se arrastava há quase duas décadas. O arranque não prometia grandes mudanças nesse sentido, levando mesmo à troca de treinador.

Augusto Inácio conseguiu relacionar da melhor maneira a experiência de nomes como os de Peter Schmeichel ou Beto Acosta, com a irreverência de Duscher, Beto ou Mpenza, construindo uma equipa que partiu em recuperação do tempo perdido.

Algumas jornada depois de vencer o FC Porto em Alvalade por 2-0, assumindo a liderança do campeonato. Os leões tiveram o seu primeiro 'match-point' diante do rival Benfica, acabando por perder por 0-1.

Contudo, e com o fim do calvário ali tão perto, o Sporting não tremeu e, na última jornada, venceu em Vidal Pinheiro o Salgueiros por 0-4, pondo assim um ponto final na travessia leonina.