Era o primeiro grande teste. Sim, o primeiro para a realidade Sporting. Na estreia, de João Pereira, frente ao Amarante, para a Taça de Portugal, a equipa da Liga 3 não conseguiu colocar os leões à prova. Na Champions, perante o milionário e talentoso Arsenal, a derrota teria que se aceitar em qualquer dos casos como um resultado possível; a goleada, foi um ‘murro no estômago’ desde Sporting com um ADN de ambição, fruto da competitividade que a equipa tem proporcionado aos adeptos nos últimos anos. Mas vinha a Alvalade a equipa sensação da Liga, que tentava quebrar a ciclo de vitórias dos verdes e brancos no campeonato: 11 jogos, onze vitórias, e quase sempre por números gordos e com poucos golos sofridos.

Com o Santa Clara sim, era contra os açorianos que João Pereira queria mostrar algo, ou pelo o cartão de visita da sua identidade. O quarto classificado na Liga afigurava-se como um osso duro de roer, uma equipa com identidade vincada, e que tem evidenciado toda a sua classe ao longo do campeonato.

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O desaire frente ao Arsenal provocou mudanças na equipa, e o treinador do Sporting alterou cinco pedras: João Pereira trocou Kovacevic por Israel (devido a gripe), lançando Bragança, Geny, Matheus Reis e Debast nos lugares Morita, Inácio e St. Juste.

O futebol não tem lógica, mas cabia aos leões devolver com ‘louros’ uma má noite frente aos gunners, com uma vitória (podia não ser tranquila), frente ao Santa Clara mantendo a série limpa na prova que interessa. Eram três pontos o que a equipa verde e branca mais necessitava. Uma prova cabal de força da nova equipa técnica.

O Sporting arrancou a partida com ímpeto, mas a primeira grande situação de perigo teve origem num lance a envolver Kovacevic. Um mau passe do guarda-redes deu origem a uma situação de frisson, só que a defesa leonina conseguiu resolver.

A resposta dos verdes e brancos não se fez esperar, num pontapé à meia volta de Gyokeres sem a direção desejada. Aos 16´, Geny caiu na área, mas Cláudio Pereira mandou seguir, num lance polémico e em que se pediu grande penalidade em Alvalade, e que certamente muita tinta há de fazer correr.

A equipa do Sporting arregaçava as mangas, numa tentativa de encostar o Santa Clara lá atrás, mas os visitantes sentiam-se confortáveis nesse papel. Faltava clarividência e velocidade na circulação, para abrir a cerrada teia açoriana que fechava atrás com uma linha de cinco ou de seis no momento defensivo. Uma das dificuldades deste 3-4-3, primeiro de Amorim e agora de João Pereira.

Nas transições, as águias dos açores foram letais. O lance começou num pontapé para o meio, Matheus Pereira lançou Vinícius, que aproveitou a desatenção dos centrais e atirou colocado para o fundo das redes, fazendo funcionar o marcador.

Com o golo e a desvantagem, começou a imanar o nervosismo nas bancadas, há muito que o Leão não se via a perder em casa, ao intervalo, para o campeonato.

João Pereira mexeu, fez entrar Araújo e Harder, para os lugares de Geovany Quenda e Edwards, minutos mais tarde St. Juste e Inácio entraram para reforçarem o eixo de defensivo.

O Leão, em modo desespero, procurava evitar o escândalo. Gyokeres, ao minuto 67, falhou. Cruzamento de Harder e cabeceamento ao lado do sueco, quando tinha tudo para fazer o golo. Era talvez a premonição de que seria uma noite não para os campeões nacionais. Três minutos depois, foi Diomande a cabecear à malha inferior.

Sem conseguir criar grandes oportunidades, mas com o Sporting muito balanceado para o ataque, ao minuto 81, Claúdio Pereira marcou penalti, num lance de Gabriel Batista, com Maxi Araújo, mas acabou por reverter o lance com recurso ao VAR.

O Sporting pegou no jogo, nunca deixou de o fazer, à procura do empate, mas o Santa Clara quase aproveitava de novo em transição. Daniel Borges teve tudo, mas tudo. Rompeu, e atirou ao lado. Tinha apenas Kovacevic pela frente.

Há verdades que são inegáveis. O Sporting nunca pareceu ter uma antídoto para resolver a equação desta noite. Encontrou sempre demasiadas pernas a tapar o caminho. O dia não era de arte e engenho, nem de brilho e inspiração, estava assim confirmada a primeira derrota no campeonato.

VIDEO: Veja o resumo do Sporting 0-1 Santa Clara