Vencer e convencer. Foi assim que o FC Porto passou na sempre difícil visita ao terreno do Estoril, no jogo referente à 20ª jornada da Liga (ver resumo), permitindo-lhe não se atrasar na perseguição ao líder Sporting. Com um triunfo seguro e competente por 3-1, numa partida em que até entrou praticamente a perder, a equipa de José Peseiro não só mostrou sinais de retoma, como também algumas melhorias em relação à ‘era Lopetegui’ que os dragões tentam agora apagar.
Reza a tradição que o FC Porto sofre na Amoreira e o Estoril quis começar logo a honrar a história que, até ao apito inicial, ditava um equilíbrio perfeito entre as duas equipas: oito vitórias para cada lado e sete empates. E assim aos quatro minutos já os adeptos dos canarinhos festejavam. Diego Carlos assinou o 1-0 de cabeça, na sequência de um pontapé de canto, e deixou de imediato o FC Porto perante uma missão (ainda) mais árdua.
Se tal cenário no tempo de Julen Lopetegui era quase sempre um indício de pontos perdidos pelos dragões, a reação que se seguiu pode muito bem ser a primeira grande mudança de José Peseiro. Mais do que táticas ou estratégicas. Sem receio ou nervosismo por ter de ir à luta, o FC Porto entregou-se ao jogo e impôs a qualidade que parecia omissa nos últimos encontros.
Assim, com uma dinâmica interessante e uma maior verticalidade no seu processo ofensivo, os dragões lançaram-se à baliza de Kieszek, empurrando progressivamente o Estoril para o seu meio-campo. Ato contínuo, surgiram os golos da reviravolta azul e branca. O empate ficou a cargo de Aboubakar (18’), na sequência de uma transição rápida e mais uma assistência do mexicano Layun – um dos melhores da Liga neste capítulo; já o segundo golo portista pertenceu a Danilo Pereira, que subiu mais alto do que toda a gente na área do Estoril e cabeceou aos 34’ para o 1-2.
Do susto inicial ao vislumbre do triunfo passaram-se apenas trinta minutos e foi com esta vantagem – mínima, mas justa – que o jogo foi para o intervalo.
Gerir depois de reagir
Para o segundo tempo aguardava-se uma reação enérgica do Estoril, mas por falta de arte, engenho e maturidade, ela acabou por nunca passar da teoria à prática. Por outro lado, tal também foi responsabilidade do FC Porto, que exibiu então grande serenidade e solidez a conter as investidas dos anfitriões.
A solidez na retaguarda permitiu ao FC Porto manter sempre o foco na baliza adversária, mesmo que nem sempre a eficácia acompanhasse o ataque portista. Que o diga Aboubakar, que desperdiçou a oportunidade de bisar num falhanço escandaloso a menos de um metro da baliza, candidatando-se já a falhanço da jornada. Contudo, André André não perdoou pouco depois e fez o 1-3 à passagem dos 81 minutos. Era o golpe final na discussão do jogo.
Após a partida, na conferência de imprensa, Fabiano Soares lamentou que o Estoril não tivesse tido a sagacidade de controlar o jogo depois de estar em vantagem. “Não soubemos ler o jogo. Com o 1-0 controlámos o jogo, mas depois o FC Porto fez um golo em transição, o que é inadmissível. Depois, o FC Porto foi superior e mereceu ganhar. O primeiro golo deles afetou-nos bastante, foi demérito nosso. Toda a gente dava o FC Porto como morto, mas o FC Porto tem grandes jogadores e vai lutar pelo título”, disse.
Paralelamente, José Peseiro vincou que este FC Porto convincente nunca deixou de existir e enalteceu a postura da equipa. “O FC Porto nunca deixou de ser FC Porto. O mais importante era vencer. A reação mostra a qualidade, a competência, o valor e a confiança dos nossos jogadores. Depois, controlo absoluto na segunda parte. Foi uma vitória eloquente”, concluiu.
Comentários