Têm passados bem distintos e vêm de realidades bem diferentes. Um pode sagrar-se campeão em Portugal pela primeira vez, o outro pode chegar ao título pela . Mas têm em comum o facto de ambos terem quebrado recordes nos respetivos clubes esta temporada e de irem lutar até à última jornada pelo título de campeão da I Liga 22/23.
Roger Schmidt e Sérgio Conceição fizeram história ao longo da época, mas só um sorrirá no final da jornada 34.
Schmidt, um alemão que revolucionou o Benfica
Com uma carreira discreta como futebolista, Roger Schmidt, de 55 anos, chegou ao leme do Benfica no início da temporada com o objetivo de levar o Benfica à conquista de troféus ao fim de três anos 'a seco', depois de ter treinado clubes como Beijing Guoan, Bayer Leverkusen, Salzburgo e Paderborn. No currículo conta com apenas um campeonato conquistado, ao serviço leme do Salzburgo, em 2013/14.
Além deste título, ganhou também uma Taça na Áustria, uma Taça da China, com Beijing Guoan, e uma Taça dos Países Baixos, com o PSV Eindhoven.
O Benfica estava em primeiro lugar no campeonato, apurado para a quarta eliminatória da Taça de Portugal, qualificado para os oitavos de final da Liga dos Campeões e a dar início a caminhada na Taça da Liga. Os adeptos elogiavam o treinador que tinha colocado o Benfica a jogar à Benfica e o técnico sabia-o. No entanto, este lembrava que nada estava ganho.
"Ainda estamos no início da época. É claro que estamos numa boa série, o começo no Benfica foi muito bom para todos nós, mas, neste momento, não penso em nada disso. Ainda não conquistámos nada", advertiu, em início de novembro.
Apesar de nada estar ainda ganho, havia já recordes para celebrar na Luz sob as ordens do germânico: na Champions, o Benfica alcançou um registo histórico ao chegar aos 14 pontos, superando o anterior máximo do clube, qjue era de 12, sob as ordens de Jorge Jesus, em 2011/12.
Ao mesmo tempo, o Benfica de Schmidt superou o melhor arranque de invencibilidade numa temporada no século XXI, ao chegar aos 29 jogos sem perder, ficando a apenas três jogos do máximo de sempre do clube (32 jogos sem perder, em 1959/60).
O Mundial2022, porém, veio mudar muita coisa no Benfica e trazer alguma instabilidade. Enzo Fernández, eleito Melhor Jogador Jovem do torneio, depois de se sagrar campeão do Mundo com a sua Argentina, saiu em janeiro rumo ao Chelsea e deixou Schmidt a fazer contas ao meio-campo. E, no que toca a resultados, chegaram os primeiros dissabores.
A primeira derrota oficial da época chegou ao 29.º jogo, em Braga, e foi pesada, por 3-0. A eliminação prematura da Taça da Liga também mostrava que a embalagem da equipa de Schmidt já não era a mesma do início de época. Seguiu-se a eliminação da Taça de Portugal. Na Liga dos Campeões, Schmidt levou o Benfica até aos quartos de final e na Liga viu a vantagem cair de 10 para quatro pontos, após as derrotas com FC Porto e GD Chaves.
Mas o alemão reuniu as tropas para atacar o que faltava da época e chega a esta última jornada, frente ao já despromovido Santa Clara, com tudo para oferecer ao Benfica o seu 38.º título.
Conceição, igual a si mesmo, a lutar até ao fim
Sérgio Conceição, de 58 anos, iniciou a sua sexta temporada ao leme do FC Porto como campeão nacional. Antes dos dragões, treinou Nantes, Vitória SC, SC Braga, Académica e Olhanense. Isto depois de uma reconhecida carreira como futebolista profissional.
Ao leme do FC Porto, soma já três títulos de campeão nacional, aos quais soma duas Taças de Portugal, três Supertaças e, agora, também uma Taça da Liga, conquistada já esta época.
A demanda pelo bicampeoanto - que poderá ser o quarto de Conceição como treinador principal do FC Porto - até começou bem, com três vitórias nas três primeiras jornadas. Mas os deslizes foram acontecendo com mais frequência do que era costume e, à 11.ª jornada os dragões já tinham perdido dez pontos, apenas menos um do que os pontos perdidos em toda a temporada passada.
Os deslizes, não impediram, contudo, que esta fosse uma temporada de recordes para Sérgio Conceição, que se tornou no treinador com mais vitórias no banco do FC Porto. Tornou-se, também, no treinador a mais rápido chegar às 200 vitórias na I Liga, antes de passar a ser também o técnico que mais encontros disputou como treinador principal dos azuis e brancos.
Dentro das quatro linhas, a época foi tendo pontos altos, como o apuramento para os oitavos da Champions e a conquista da Taça da Liga, mas continuou a ter pontos baixos - como a derrota caseira com o Gil Vicente para a I Liga que deixou a conquista do título a parecer uma miragem.
Ainda assim, igual a si mesmo, Conceição não deitou a toalha ao chão. "Nesta casa, neste clube, e eu estou aqui há alguns anos como treinador, estive alguns como jogador, praticamente iniciei a minha carreira de futebolista aqui, e nunca, mas nunca se atira a toalha ao chão. Olhamos sempre os adversários de frente, estamos longe, é verdade, mas temos nove finais para disputar e em maio fazem-se as contas", frisou.
E a verdade é que, desde então, o FC Porto não mais voltou a perder, encetando uma recuperação pontual que lhe permite efetivamente - e ao contrário do que se chegou a pensar - chegar a esta última jornada com hipóteses matemáticas de chegar ao título. Se o conseguir, será mais um feito notável para Sérgio Conceição.
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