O presidente do Boavista, Vítor Murta, apelou hoje à pluralidade de alternativas nas eleições do clube da I Liga de futebol, que ainda não têm data marcada, opondo-se à visão de Filipe Miranda, único candidato assumido.
“O que eu quero é que o Boavista fique bem entregue. Gostava muito que aparecesse uma lista com capacidade para resolver os problemas do clube, mas não vejo isso nesta candidatura. Vamos ver o que acontece. Neste momento, não há nenhuma tentação da minha parte [quanto a uma possível recandidatura]. O meu desejo é que apareçam várias listas para que os sócios votem naquela que entendem que é a melhor solução e satisfaz as necessidades do Boavista”, reconheceu o dirigente, em declarações à agência Lusa.
O gestor Filipe Miranda apresentou o seu programa eleitoral rumo ao triénio 2025-2027 no sábado, no Estádio do Bessa, no Porto, garantindo ter um acordo com um fundo de investimento para libertar os ‘axadrezados’ de penhoras e bloqueios acumulados nas últimas duas décadas.
“Não apoio esta candidatura. Toda a gente tem o direito de se candidatar, mas não lhes reconheço força suficiente nem habilidade para resolver os problemas, a não ser que haja uma capacidade económica em que, muito sinceramente, não acredito. Não tem a ver com questões pessoais, mas com aspetos meramente técnicos”, estabeleceu Vítor Murta.
Sem especificar valores, a lista encabeçada pelo antigo guarda-redes e capitão e atual diretor desportivo do futsal do Boavista acredita que o desafogo financeiro viabilizado pelo fundo permitirá ao clube “gerir o seu dinheiro e as suas receitas”.
“Se há um fundo, eles têm de dizer qual é, mas percebi que não explicaram isso. O meu grande receio é vir alguém que chegue cá e faça exatamente aquilo que a SAD fez: elencar os problemas e não ter as soluções. Não quero que isso aconteça”, advertiu.
A criação de um relvado sintético destinado às camadas jovens e, posteriormente, a construção de um pavilhão para as modalidades amadoras, ambos no complexo do Bessa, também integram os planos de Filipe Miranda, que quer “cortar com o passado” e criticou a gestão de Vítor Murta.
“Há duas formas de se resolver isto: sem dinheiro, temos de conhecer efetivamente os problemas e resolver o dia a dia até ser encontrada uma solução que, na minha ótica, passa por um investidor; caso contrário, tem de haver muito dinheiro”, frisou o dirigente.
Vítor Murta reuniu-se na sexta-feira com Filipe Miranda, que, no dia seguinte, acusou o presidente ‘axadrezado’ de lhe dirigir uma “clara tentativa de dissuasão”, no intuito de que a candidatura “Boavista, num xadrez de novas conquistas” abdicasse da corrida eleitoral.
“Não o dissuadi. Manifestei apenas a minha opinião e sensibilizei-o no sentido de perceber se tinha condições para assumir a presidência do Boavista. No meu entender, acho que não as reúne, a não ser que já tenha apoio real e não fictício de um fundo ou de alguém que venha a suportar as necessidades do clube. Disse-lhe também que, se for eleito, vai ser obviamente o meu presidente e terá o meu apoio naquilo que precisar”, confidenciou.
Filipe Miranda é o primeiro candidato público às eleições dos órgãos sociais do Boavista, presidido desde dezembro de 2018 por Vítor Murta, que terminou em maio um período de quatro anos à frente da SAD, sendo substituído pelo ex-futebolista senegalês Fary Faye.
“Ainda não pensei sequer numa candidatura. Como sempre, estou a pensar em resolver os problemas do Boavista. É nisso que estou focado”, finalizou o advogado, numa altura em que o escrutínio ainda não tem data nem local marcados, mas deverá ser realizado até janeiro de 2025.
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