A Associação Portuguesa de Defesa do Adepto (APDA) pediu uma investigação aos incidentes nas bancadas do Estádio do Dragão, no domingo, durante o jogo entre o FC Porto e o Benfica, da 28.ª jornada da I Liga.

"Exigimos que a Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) e outras entidades competentes investiguem esta atuação e que sejam apuradas responsabilidades. Não podemos aceitar que a segurança dos adeptos seja posta em risco por intervenções policiais desajustadas e abusivas", pode ler-se no comunicado da Associação.

Antes do intervalo, o Corpo de Intervenção da PSP foi chamado a uma das bancadas onde estava a claque Coletivo Ultras 95. Os agentes carregaram sobre os adeptos portistas e um deles chegou mesmo a disparar balas de borracha, deixando marcas em quem foi atingido.

Nas imagens que circulam nas redes sociais, é possível ver um agente de arma em punho, apontada aos adeptos, enquanto outros agentes tentam acalmar a situação.

Eis o comunicado da Associação Portuguesa de Defesa do Adepto

"A Associação Portuguesa de Defesa do Adepto manifesta a sua profunda preocupação e indignação face aos acontecimentos registados no jogo entre o FC Porto e o SL Benfica, realizado no Estádio do Dragão. Durante o evento, um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) disparou munições não letais contra adeptos a uma distância extremamente curta, cerca de um metro, numa ação desproporcional e perigosa. Acabou por acertar aleatoriamente em dois cidadãos.

Esta conduta não só coloca em risco a integridade física dos adeptos como viola normas legais e regulamentares que orientam a atuação policial. O uso da força pela PSP deve obedecer aos princípios da necessidade, proporcionalidade e adequação. O Regulamento Disciplinar da PSP e os protocolos de intervenção em eventos desportivos exigem que os agentes empreguem meios não letais apenas como último recurso e em conformidade com diretrizes operacionais que garantam a segurança de todos os presentes.

O disparo à queima-roupa contra uma multidão contraria os padrões de atuação estabelecidos para a contenção de distúrbios, podendo configurar abuso de autoridade e uso excessivo da força. Além disso, a diretiva interna da PSP proíbe expressamente o uso de armas de fogo (incluindo munições não letais) em situações de alteração da ordem pública, exceto em cenários de perigo iminente e incontrolável.

Exigimos que a Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) e outras entidades competentes investiguem esta atuação e que sejam apuradas responsabilidades. Não podemos aceitar que a segurança dos adeptos seja posta em risco por intervenções policiais desajustadas e abusivas.

O futebol deve ser um espaço de festa e convivência, e as forças de segurança têm o dever de garantir a proteção de todos os envolvidos, sem recorrer a práticas que possam colocar vidas em perigo.
Já que os clubes que deviam representar os adeptos pouco fazem, nós continuaremos firmes a lutar pelos direitos dos adeptos nos recintos desportivos."

No domingo o Benfica goleou por 4-1 na visita ao FC Porto, no clássico da 28.ª jornada da I Liga de futebol, com um ‘hat-trick’ de Pavlidis, e isolou-se provisoriamente na liderança, aguardando pelo resultado do Sporting.

No Estádio do Dragão, no Porto, os ‘encarnados’, que somaram a nona vitória seguida na prova, adiantaram-se no marcador logo no primeiro minuto, com um golo do avançado grego Pavlidis, que completou o ‘hat-trick’ com golos aos 43 e 69, o primeiro de um jogador do Benfica em casa do FC Porto.

Otamendi, aos 90+4, marcou o outro tento do Benfica, enquanto Samu, aos 81, anotou o golo dos ‘dragões’.

Com este triunfo, o Benfica lidera a I Liga com 68 pontos, mais três do que o Sporting, que apenas joga na segunda-feira, na receção ao Sporting de Braga, que é quarto com 56, os mesmos do FC Porto, terceiro, e que sofreu a primeira derrota do campeonato no seu terreno.