Simon Banza teve de partir muita pedra para conseguir dar nas vistas à frente das balizas. Tendo o golo como a sua especialidade, este franco-congolês está a viver no SC Braga a melhor época da carreira. Aos 27 anos, persegue ferozmente o 'panzer Viktor' Gyokeres na lista dos melhores marcadores da Primeira Liga.

Banza já leva 21 golos marcados na prova, menos um que o sueco do Sporting, com a impressionante média de um golo por jogo nos 1605 minutos que disputou na prova. É um golo a cada 77 minutos. Em todas as competições, são 23 golos em 34 jogos pelo Braga.

Nas três épocas em Portugal, Banza marcou 54 golos em 114 jogos.

Explosão tardia

Quando no final de 2021/22 terminou com 17 golos em 33 jogos no Famalicão, muito se especulou sobre o futuro do avançado, na sua primeira época em Portugal. Os seus números no Lens de França nunca chamaram a atenção mas o faro de golo sempre esteve lá.

Esguio, rápido, letal à frente da baliza, Banza é um avançado completo. Dispara com os dois pés, sabe jogar de costas para a baliza, é forte no ataque à profundidade e, na área, é uma ameaça constante, tanto pelo chão como pelo ar, onde os seus 1,89 metros impõem respeito.

A sua apetência para a baliza andou a ser moldado em emblemas como Creil Youth, US Chantilly Jugend, antes de chegar ao Lens para jogar nos sub-17. Nos 'Les Sang et Or' (O sangue e ouro) foi galgando patamares até a equipa principal. Quando chegou a sénior, foi emprestado a meio da época 2016/17 ao Avenir Béziers mas não fez qualquer golo em 11 jogos. Estaria perdido?

Foi no empréstimo seguinte que mostrou todo o seu potencial no capítulo do golo, ao marcar 18 golos em 25 jogos pelos luxemburgueses do Titus Pétange, em 2017/2018. Fez apenas nove jogos na Liga luxemburguesa, mas os 13 golos apontados em apenas nove jogos mostravam que Simon Banza não tinha desaprendido de marcar golos.

Na época seguinte, apenas dois golos em 10 jogos, um deles pela equipa B do Lens. Nas duas temporadas que se seguiram ganhou o seu espaço no emblema de Pas-de-Calais, com oito golos em 28 jogos em 2019/2020, que ajudaram o Lens a subir da Ligue 2 para a Ligue 1. Na estreia na elite francesa, só fez cinco golos mas disputou 35 partidas com 'Les Sang et Or'. Na temporada 2021/22, começou a época no Lens mas seria cedido ao Famalicão, na sua segunda experiência no estrangeiro.

Conforto em Portugal

Sempre atento, António Salvador, presidente do SC Braga, antecipou-se à concorrência e garantiu o jogador, na altura com 25 anos, depois de Banza dar nas vistas no emblema famalicense. Na Pedreira, prometeu golos, desde que lhe dessem minutos.

"Nesta época, quero jogar o máximo de jogos possível. Espero marcar muitos golos e ajudar a equipa a ir o mais longe possível nas diversas competições, no campeonato, nas taças e na Liga Europa. Quero ajudar o clube a fazer melhor do que na temporada passada", sublinhou, em declarações aos canais de comunicação dos minhotos, a 19 de julho de 2022.

E cumpriu. Fez a melhor época da carreira no que a jogos diz respeito, com participação em 47 partidas na estreia pelos minhotos. Marcou 14 golos e fez seis assistências, num ano em que disputou a Liga Europa, Liga Conferência, Primeira Liga, Taça da Liga, Taça de Portugal e Primeira Liga.

Esta época não chegará aos 47 jogos (disputou 34, tem mais sete jogos pela frente) mas subiu a fasquia no que ao golo diz respeito, principalmente na Primeira Liga. O avançado ainda esteve quase um mês na Taça das Nações Africanas, onde representou a seleção da República Democrática do Congo (congoleses foram 4.º colocados), mas isso não o impediu de já ter escrito o seu nome na história dos arsenalistas.

Com os dois golos que marcou ao Portimonense na última segunda-feira, chegou aos 21 na I Liga, números que lhe permitem igualar o máximo histórico de um jogador do Braga na prova. Máximo esse fixado por Chico Gordo, avançado que deixou marcas nos minhotos entre 1975 e 1980. Na época 1977/1978, Chico Gordo marcou 21 golos com a camisola bracarense na I Liga. Basta mais um a Banza para bater um novo recorde.

Até ao final, Simon Banza vai lutar ombro a ombro com Viktor Gyokeres pelo título de melhor marcador da I Liga. O sueco do Sporting tem 22 golos em 25 jogos na prova, mas tem 2240 disputados, contra 1605 minutos de Banza. O panzer do Sporting marca na I Liga a cada 89 minutos.

Dos 21 jogos na I Liga que disputou com os minhotos, o avançado de 27 anos só não marcou ao Famalicão, Sporting, Arouca, Benfica e Rio Ave. Com ele em campo a titular, o Braga só perdeu com o Benfica e o Farense. Conta-se ainda dois empates com Rio Ave e Gil Vicente em que Banza esteve no onze de Artur Jorge, treinador que hoje deixou os minhotos. O Braga venceu 14 dos 18 jogos em que Banza foi titular. O franco-congolês foi suplente utilizado nas rondas 1, 2 e 4.

Até ao final, Banza terá um objetivo: bater Gyokeres na lista dos melhores marcadores e ser o primeiro jogador da história do Braga a terminar como máximo goleador da I Liga. Em 2011/12, outro minhoto andou lá perto mas 'morreu na praia': Lima marcou 20, Oscar Cardoso também, mas o goleador do Benfica ficou com o prémio por ter menos jogos que o brasileiro.