O Sporting sofreu no Bessa a sua terceira derrota em sete jogos para o campeonato. Numa partida em que tiveram mais bola e maior iniciativa de jogo, foi um Boavista muito bem organizado que melhor soube tirar partido dos erros do adversário para conseguir chegar à vitória.

Com este resultado os leões arriscam-se a ficar a onze pontos do líder Benfica no final da ronda, uma margem que, mesmo numa fase prematura da época, poderá ser demasiado grande para os leões recuperarem.

Já o Boavista somou a sua terceira vitória consecutiva; os axadrezados subiram ao quarto lugar do campeonato, em igualdade pontual com o Portimonense e apenas a um ponto do FC Porto.

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Controle inicial e obra de arte no final

Ambas as equipas tiveram em comum o facto de repetirem os onzes que iniciaram os seus últimos jogos; Petit fez alinhar a mesma equipa que derrotou o Arouca na ronda anterior, enquanto que Rúben Amorim repetiu o onze que conquistara um muito saboroso triunfo europeu diante do Tottenham.

Ainda com a embalagem anímica da noite de terça-feira, o Sporting entrou a controlar a partida desde o apito inicial, permitindo poucas veleidades a um Boavista muito compacto e pressionante, especialmente na zona central do terreno. Ugarte e Morita tinham sempre pouco espaço e tempo para pensar o jogo dos leões perante a marcação apertada de Sérgio Pérez e Makouta; assim, era pelas alas que o leão ia construindo o seu jogo com Nuno Santos e Pedro Porro muito ativos no ataque.

Apesar de ter mais bola e de controlar a partida, a verdade é que a equipa de Alvalade não criou grande oportunidades para chegar ao golo na primeira parte, de tal forma que não fez nenhum remate enquadrado com a baliza boavisteira.

Por seu lado, o Boavista procurava a velocidade de Kenji Gorré pela esquerda para tentar esticar o seu jogo e criar perigo junto da área leonina; numas dessas investidas as panteras estiveram muito perto do golo, mas o remate de Bruno Lourenço, no coração da área, embateu com estrondo na barra da baliza de Adán. O melhor que o Sporting conseguiu fazer foi responder à letra quando Trincão, após canto na esquerda, também ele fez a bola beijar a barra.

Perante aquilo que foi a primeira parte, e numa altura em que já tínhamos entrado em período de compensação, poucos poderiam antever qualquer alteração no resultado antes do intervalo; quando todos já estavam a pensar no intervalo, Kenji Gorré e Bruno Lourenço ainda estavam a jogar.

No segundo minuto de compensação, Gorré fugiu pela esquerda, fletiu para o meio e rematou contra Ugarte, o remate acabou por servir de assistência para Bruno Lourenço que, sem deixar cair a bola, fez um remate indefensável para Adán e inaugurou o marcador com um grande golo.

Saiu o capitão e surgiu o 'Boavistão'

Na segunda parte, e tal como seria de esperar, o Sporting partiu em busca da reviravolta. Os leões continuavam a mandar no jogo, como o fizeram em grande parte da primeira parte, só que desta vez mostravam mais urgência e agressividade na procura de roturas e desequilíbrios, mormente através dos seus alas.

E foi exatamente por aí que o Sporting construiu o golo da igualdade; apenas dez minutos de jogo da segunda parte e um cruzamento de letra por parte de Nuno Santos encontrou Marcus Edwards no coração da área; perante a saída de César, o inglês apenas teve de cabecear ao de leve para fazer o empate.

O mais difícil parecia estar feito, e o Sporting parecia mais confortável no jogo e pronto para dar a cambalhota no marcador. Contudo, as coisas começaram a complicar-se quando Sebastian Coates foi forçado a sair devido a lesão, tendo entrado para o seu lugar Ricardo Esgaio. Poucos minutos depois, Rúben Amorim resolveu refrescar o ataque, fazendo entrar Paulinho e Arthur Gomes para os lugares de Trincão e Nuno Santos, um dos melhores da turma de Alvalade e que não escondeu a surpresa pela saída.

As alterações não tiveram o efeito pretendido e o Sporting começou a perder discernimento algo que, a dada altura, coincidiu com um visível desgaste físico de alguns jogadores. O Boavista não parecia tão desconfortável nesta altura e aproveitou para renovar a sua frente de ataque com as entradas de Salvador Agra e do jovem Martim Tavares; o avançado acabou por ser decisivo na jogada que decidiu a partida.

Aos 83 minutos as panteras saíram para o contra-ataque pela direita, aproveitando o pendor ofensivo do adversário; o lance chegou a Martim Tavares que, já dentro da área, foi derrubado por Ricardo Esgaio num lance que não parecia adivinhar muito perigo para as redes de Adán; perante um jogador de apenas 18 anos, o 'menino' acabou por ser Esgaio. Com a oportunidade de recolocar os axadrezados na frente do marcador, Bruno Lourenço não se fez rogado e fez o 2-1.

Até final o Sporting tentou o impossível, associando agora um elevado desgaste mental ao cansaço físico, e não foi capaz de criar situações de perigo junto da baliza de César até final da partida.

Com este resultado o Sporting arrisca-se a ficar a onze pontos da liderança, quando ainda estamos na sétima jornada do campeonato. Quanto ao Boavista, os 15 pontos somados são sinónimo de um fantástico quarto lugar, em igualdade com o também surpreendente Portimonense.

O momento: Um golo inesperado

Quando todos já pensavam no intervalo, Bruno Lourenço resolveu dar ao jogo um momento que certamente deixou arrependidos todos aqueles que abandonaram os seus lugares mais cedo para ir mais cedo ao bar. Um remate à meia volta e sem deixar cair a bola que fechou a primeira parte da melhor maneira.

O melhor: Bruno Lourenço, homem golo

Um golo a fechar a primeira parte, outro perto do final da partida. Bruno Lourenço foi absolutamente essencial para a vitória do Boavista, não só devido aos dois golos que marcou, mas também pelo que fez a equipa jogar. Sempre muito concentrado a fechar o corredor direito, o médio axadrezado foi um dos principais construtores das transições da equipa da casa; uma delas resultou no lance que daria o segundo golo ao Boavista.

O pior: Pedro Gonçalves, o pote vazio

A formar o trio ofensivo com Trincão e Edwards, o '28' dos leões costuma assumir o papel do avançado de maior mobilidade e criatividade na construção do jogo ofensivo do Sporting. Todavia Pedro Gonçalves esteve hoje muitos furos abaixo do que é habitual; sempre muito vigiado pelos adversários, o internacional português não foi capaz de pegar no jogo dos leões e dar-lhe aquela imprevisibilidade e eficácia habitual. Quando Pote está vazio o leão ressente-se, e foi exatamente isso que aconteceu.

O que disseram os treinadores

Petit: "Acreditámos que podíamos ganhar."

Rúben Amorim: "Nunca atiro a toalha ao chão"

O resumo