O diretor técnico da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), José Couceiro, considerou hoje que as instalações desportivas são “um dos maiores problemas” na formação de futebolistas, realçando a necessidade de melhorar os espaços para a prática desportiva.
Num almoço-debate, organizado pelo International Club of Portugal (ICP), num hotel de Lisboa, com o tema “Deixa jogar... E formar para o mundo”, José Couceiro referiu o processo de certificação de entidades desportivas pela FPF como um “bom exemplo” para a melhoria da qualidade do ensino do jogo.
“Para ter um futebol de qualidade, precisamos de espaços com melhores qualidades. Vamos ter de ter, obrigatoriamente, melhores condições”, afirmou, acrescentando que, com o processo de certificação da FPF, “só a partir de um determinado nível é que se pode fazer contratos de formação desportiva”.
José Couceiro realçou que os pais são “um fator excessivo de pressão sobre os jovens”, ressalvando a prioridade familiar como um dos pilares para a formação desportiva.
“Não é preciso que sejam pais mal-educados, basta o pai estar na bancada a dar indicações contrárias ao que o treinador pediu ao seu filho, por exemplo. Coloca os jovens numa posição difícil. Obedecem ao treinador ou ao pai? Não têm de intervir”, explicou.
Copiar o que se faz nas equipas seniores profissionais nos escalões de formação, sobretudo nos mais baixos, é “um erro”, assegurou José Couceiro, que considera necessário “adaptar o jogo à criança e não obrigar o jovem futebolista a adaptar-se ao jogo dos adultos”, reforçando a importância central do jogador num jogo de futebol.
“O jogador é o centro. Quando os dirigentes ou os treinadores julgam que são eles o espaço central num jogo, estão a cometer um erro básico. Os treinadores são muito importantes para potenciar os jogadores, os dirigentes têm um caráter decisivo no processo, mas sem jogadores de qualidade, não se formam equipas de qualidade”, afirmou.
No entanto, José Couceiro admitiu que “há uma grande pressão sobre os treinadores”, lamentando o “fraco reconhecimento” que existe na valorização dos técnicos encarregues das equipas de formação, mas elogiou o trabalho dos clubes, que permite a Portugal estar pelo terceiro ano consecutivo no primeiro lugar do ‘ranking’ europeu, a nível de seleções nacionais de sub-19.
“Os clubes trabalham a um nível muito bom. Não há seleções nacionais sem clubes. O trabalho vem dos clubes e as seleções nacionais ajudam a potenciar”, disse.
O diretor técnico da FPF pretende também “equilibrar as competições” e “criar níveis de competência”, de forma a aumentar a educação desportiva, no qual criticou a concentração do comentário futebolístico nos três ‘grandes’ do futebol português e o “clima de violência”.
“Se não equilibrarmos as competições, não conseguimos criar desafios aliciantes para que esses jovens possam crescer. O equilíbrio é que faz com que a competição tenha sucesso. Temos níveis de educação desportiva baixos. Há muito pouca tolerância ao erro no futebol. Também nas televisões o processo educativo tem de existir. Não é só o discurso de três equipas, discutir faltas, arbitragens... Esse discurso está gasto”, concluiu.
Atualmente diretor-geral da FPF, José Couceiro conta com passagens, enquanto treinador de futebol, por Alverca, Vitória de Setúbal, FC Porto, Belenenses, Kaunas, da Lituânia, seleção lituana, Gaziantepspor, da Turquia, Lokomotiv de Moscovo, da Rússia, Estoril Praia e Sporting, no qual também desempenhou o cargo de diretor-geral e foi candidato à presidência, nas eleições de 2013, que perdeu para Bruno de Carvalho.
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