Estávamos relativamente perto do início da pandemia de COVID-19, por alturas do retomar dos treinos por parte dos clubes para o regresso à ação, depois da paragem ditada por um vírus sobre o qual, então, pouco se sabia. No meio da incerteza, o mundo tentava regressar à normalidade possível e, perante inúmeras regras de segurança, testes quase diários e outras precauções, os futebolistas voltaram aos treios.

Nakajima, internacional português do FC Porto, porém, recusou regressar aos treinos - receando pela sua saúde e pela saúde da sua mulher. Uma decisão que levou a que fosse, depois, afastado por Sérgio Conceição quando, mais tarde, aceitou voltar. Mas não mais se conseguiu afirmar nos dragões.

Agora, em entrevista concedida à 'Goethe', do seu país, concedida em julho e agora publicada, Nakajima recuou até esse momento, quase dois anos e meio depois, recordando tudo o que se passou e garantindo que não se arrepende.

"Naquela altura não sabia o que era o coronavírus e não havia cura. A minha esposa tem asma e uma pneumonia seria uma séria ameaça à sua vida. Algumas pessoas morreram assim e a minha filha ainda era pequena. Para mim, a família é a coisa mais importante. Coloco-a acima de tudo", começou por explicar o japonês.

"E enquanto outras equipas ainda treinavam com pequenos grupos de jogadores, o FC Porto começou a treinar com toda a equipa. Tínhamos duas salas separadas, mas não parecia haver distanciamento social suficiente. A minha mulher estava doente na altura e se eu fosse infetado com COVID-19 colocá-la-ia, a ela e à minha família, em risco. Não quero ver minha esposa e filha sofrerem, por isso tomei a decisão de ficar com elas. Não participei nos treinos e acabei por perder o meu lugar na equipa, mas não me arrependo", garantiu.

Até à paragem das competições ditada pela COVID-19, Nakajima levava 28 jogos disputados na temporada, 12 dos quais como titular. Depois, não mais voltou a jogar nessa temporada de 2019/20 e na temporada seguinte, reintegrado no plantel, esteve em apenas 11 jogos a primeira metade da época (três como titular) antes de ser cedido ao Al Ain, mas foi afetado por uma grave lesão. Não mais voltou a jogar pelo FC Porto, tendo depois sido cedido ao Portimonense em 2021/22. Tem contrato com os dragões até junho de 2024, mas não faz parte das contas para Conceição e procura uma solução para o futuro, já com a maior parte dos mercados fechados.