O Ministério Público (MP) pediu hoje a condenação de Luís Pina, no caso do atropelamento mortal do adepto italiano junto ao Estádio da Luz, pelos crimes de homicídio por dolo eventual, omissão de auxílio e ofensas à integridade física.
Durante as alegações finais do processo que tem como principal arguido Luís Pina, acusado do homicídio de Marco Ficini, a procuradora do MP deixou cair as acusações sobre os restantes 21 arguidos acusados de participação em rixa, dano com violência e omissão de auxílio.
Os factos remontam à madrugada de 22 de abril de 2017, quando Marco Ficini que pertencia à claque do clube italiano Fiorentina 'O Club Settebello', e era adepto do Sporting morreu após um atropelamento e fuga junto ao Estádio da Luz, horas antes de um jogo entre o Sporting e o Benfica.
Durante os confrontos e perseguições entre adeptos do Sporting e do Benfica, Luís Pina, de 35 anos e com ligações à claque do Benfica 'No Name Boys' atropelou mortalmente Ficini, “arrastando o corpo por 15 metros”, imobilizando o carro só “depois de ter passado completamente por cima do corpo da vítima”, descreve a acusação, acrescentado que o arguido abandonou o local “sem prestar qualquer auxílio”.
O Ministério Público acusou, em outubro de 2017, 22 arguidos (10 adeptos do Benfica com ligações aos ‘No Name Boys’ e 12 adeptos do Sporting da claque ‘Juventude Leonina’) pelo atropelamento mortal de Ficini.
Luís Pina está acusado do homicídio de Marco Ficini e de outros quatro homicídios, na forma tentada, enquanto os restantes arguidos estão acusados de participação em rixa, dano com violência e omissão de auxílio.
Hoje, durante as alegações do processo, a procuradora do MP, Leonor Machado, pediu a absolvição de todos os arguidos por participação em rixa, justificando que as “imagens não permitem estabelecer sem margem para dúvidas que seriam eles” no local dos factos.
“Nas imagens não se vê reciprocidade de ataques, veem-se correrias, algumas pedras, mas não há reciprocidade”, frisou.
Em relação ao principal arguido, Leonor Machado explicou haver “uma zona cinzenta e pouco esclarecida” quanto ao momento do embate do Renault Clio no BMW, se terá acontecido “antes ou depois do atropelamento”.
“No entanto, quer a versão dos arguidos que conduziam o BMW, quer a versão de Luís Pina, não retira o homicídio por parte de Pina, demonstrou-se à sociedade que este impôs uma marcha ao veiculo superior à dos outros ouvida pelos arguidos do BMW”, disse a procuradora.
Leonor Machado pediu ao coletivo dos juízes para estes terem em conta a “modalidade de dolo” do homicídio, lembrando ter ficado provado a omissão de auxílio, uma vez que Luís Pina admitiu “como possível ter embatido no corpo ou em alguma coisa e conformou-se com o resultado”.
A procuradora sublinhou ainda não ter dúvidas que os crimes de Luís Pina se dão “num contexto psicológico de profunda exaltação”, frisando que o seu carro foi “selvaticamente atacado”.
“Dentro da gravidade do crime é um grau médio”, referiu a procuradora, acrescentando que o arguido tem antecedentes criminais e, por isso, pede “penas adequadas e justiça”.
Nas suas alegações finais, o advogado da família de Marco Ficini salientou o facto de ter ficado provada a existência de “atropelamento completo”, acrescentando que, dadas as lesões, “parece impossível que seja qualificado de homicídio por negligencia”.
No próximo dia 16 de março estão agendadas as alegações finais da defesa.
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