Depois de Maximiano e Wendel prestarem declarações, foi a vez de Mathieu ser ouvido. O defesa-central francês fez-se acompanhar de um tradutor, de forma a facilitar o entendimento com o coletivo de juízes.

O jogador de 36 anos começou por afirmar que a porta do balneário estava aberta, contrariando o que o colega Wendell tinha afirmado no depoimento que antecedeu o do francês. "O Vasco Fernandes [secretário técnico do clube] tentou fechar a porta, mas já era demasiado tarde. Alguém fez força e conseguiram e entraram entre 20 a 30 pessoas", explicou Mathieu.

De acordo com o futebolista, que estava então na sua primeira época de leão ao peito, os invasores entraram a gritar "Sporting somos nós" e prontos para a agressão, acrescentando que estavam três pessoas a bloquear a porta para impedir a saída dos atletas. "Não houve diálogo. Ocuparam todo o balneário e, quando entraram, perguntaram logo pelo William, Patrício, Battaglia e Acuña", revelou.

Mathieu enumerou, de seguida, as agressões de que alguns colegas foram alvo. "O primeiro a ser agredido foi o Acuña, com golpes no rosto. Foi agredido por duas ou três pessoas. No caso do Misic, vi uma pessoa a golpeá-lo nas pernas e costas", relatou.

No seu caso particular, Mathieu diz que não se sentiu alvo dos adeptos, mas que ainda assim teve medo. "Do sítio onde estava não notei ameaças. Em mim não me tocaram. Não sinto que tenha sido um alvo específico da situação, mas senti muito medo", afirmou. O antigo jogador de Valência e Barcelona fez questão de frisar que continua a recordar os eventos daquele dia. "Nunca mais esquecerei o medo que senti. Ainda hoje, no final dos jogos, penso nesse dia. Tenho medo que isto volte a acontecer", reconheceu.

Mathieu foi ainda questionado por Miguel Fonseca, advogado de Bruno de Carvalho, um dos 44 arguidos no processo, sobre as ações do atual presidente do Sporting, Frederico Varandas, à data médico do clube, durante a invasão, respondendo apenas que este "após a confusão foi ao balneário ver os jogadores".

Sobre os incidentes após o jogo Sporting-Marítimo, dois dias antes da invasão à academia, Mathieu recordou o que ouviu nesse dia e a tensão criada entre os adeptos e alguns colegas, como Battaglia e Acuña. "Houve alguma confusão e ouvimos coisas que não gostávamos. Cada pessoa tem o seu caráter e eu não respondi, mas houve colegas que responderam e isso criou confusão", acrescentou.

No dia seguinte, véspera do ataque, houve uma reunião entre o plantel e elementos do Conselho de Administração, com a presença do presidente Bruno de Carvalho. O futebolista francês revelou que Bruno de Carvalho, ao contrário de outras reuniões anteriores, "falou de forma calma e pausada", dizendo que eram "uma família".

Nessa reunião, o defesa central afirmou ainda que Bruno de Carvalho falou nos nomes do jogador Battaglia e do “chefe da claque”, quando se referiu aos incidentes no Aeroporto da Madeira.

O julgamento prossegue na terça-feira com as inquirições, de manhã, de Vasco Fernandes, secretário técnico, e à tarde com os jogadores Stefan Ristovski e Bruno Fernandes.

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