O treinador Jesualdo Ferreira priorizou hoje a “recuperação da mística” do Boavista como “questão fundamental” para reavivar a grandeza do passado dos ‘axadrezados’, na projeção da estreia da sua segunda passagem pelo clube da I Liga de futebol.
“Grande parte destes jogadores não conhecem a história do Boavista e só depois de estarem aqui é que começaram a entendê-la. Este clube necessita de gente que o entenda e que as suas figuras façam parte do seu renascimento, ajudando-o a voltar aos níveis que teve em anos anteriores”, apontou o técnico, em conferência de imprensa.
Jesualdo Ferreira, de 74 anos, estreia-se no comando técnico do Boavista no domingo, na deslocação ao Paços de Ferreira, em encontro da 10.ª jornada do campeonato, 14 anos após uma breve passagem pelo Estádio do Bessa, em 2006/07, mas sem jogos oficiais.
“Quem tem de ajudar a passar essa mística é quem conta, faz ouvir e sentir a própria história. Neste momento, não temos uma componente emocional e isso pesa muito. Não duvido que, se esta equipa começasse a trabalhar desde início com o apoio dos adeptos, num estádio com mais gente, alguns resultados podiam ter sido diferentes”, considerou.
A primeira etapa de uma “tarefa difícil e aliciante” passa por “animar e devolver a confiança ao grupo”, que ocupa os últimos lugares da tabela e foi afastado da Taça de Portugal na semana passada, enquanto ultimava a sucessão de Vasco Seabra.
“O que tenho feito até agora é tentar conhecer os jogadores. Vi uma reposta muito positiva nestes quatro treinos, mas não sou iluminado para tirar conclusões. O grupo tem jovens e outros numa idade de alguma experiência. Todos mostraram grande prazer de trabalhar, têm as suas próprias ambições e querem estar no processo”, vincou.
Jesualdo Ferreira assume “estar a tentar não fugir da linha” adotada por Vasco Seabra, a quem endereçou “uma palavra de apreço e respeito”, antevendo um futuro que “não será minimamente afetado por esta saída”, até porque “tem anos para provar que é bom”.
“Não é fácil para ninguém chegar novo a um clube que não se conhece e fazer uma boa equipa num estalar de dedos. Acho que o nível de rendimento durante 90 minutos não está de acordo com os resultados. Quando assim é, são postas muitas coisas em dúvida, a confiança é menor, a qualidade do jogo baixa e os jogadores desconfiam”, notou.
Com 350 jogos orientados na I Liga, o técnico volta a Portugal depois de ter abandonado os brasileiros do Santos, em agosto, reativando uma ligação que durou sete semanas no verão de 2006, até ser escolhido pelo FC Porto para render o holandês Co Adriaanse.
“Podíamos ter um teste menos difícil. O Paços de Ferreira está muito bem classificado, organizado e competitivo. Os seus últimos três jogos foram com os três ‘grandes’ e senti estar perante uma equipa capaz de jogar olho no olho com qualquer um deles, o que não é muito fácil. Deixa aqui um desafio às competências dos nossos jogadores”, concluiu.
O Boavista, na 15.º posição, com oito pontos, visita o Paços de Ferreira, sexto, com 14, no domingo, às 15:00, no Estádio Capital do Móvel, em Paços de Ferreira, num jogo da 10.ª jornada da I Liga, com arbitragem de Tiago Martins, da associação de Lisboa.
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