Augusto Inácio recordou o ex-treinador brasileiro de futebol Carlos Alberto Silva, que faleceu esta sexta-feira, aos 77 anos, como uma pessoa que "não temia o confronto", gostava de rigor e combatividade e tinha "voz trovão".
"Era uma pessoa muito emotiva. Tinha os nervos à flor da pele. Não temia nenhum confronto, não temia um piropo, não temia um insulto. Como treinador, o ponto mais forte dele era a mensagem que transmitia à equipa. A voz forte que ele punha na mensagem. Era uma voz ‘trovão’, uma voz que entrava pelos ouvidos dentro", afirmou Augusto Inácio à agência Lusa.
O agora técnico do Moreirense, que no início da década de 90 trabalhou como adjunto de Carlos Alberto Silva no FC Porto, recordou um episódio que explica o "perfil destemido" do treinador brasileiro.
"Fomos a Coimbra jogar, salvo erro, uma final da Supertaça com o Benfica e ele, no caminho, disse-me assim ‘Inácio, nem uma pedrinha no autocarro nem nada? Não há nada para agitar isto?'. Ele não temia nada", contou.
Augusto Inácio descreveu um Carlos Alberto Silva "muito rigoroso no plano tático" e que gostava da "combatividade dentro do campo", o que, segundo o técnico dos minhotos, ajuda a explicar os êxitos alcançados.
"Com os grandes jogadores que o FC Porto tinha, e com essa liderança, o FC Porto foi campeão. Não digo que de forma fácil, porque nenhum campeonato é ganho facilmente, mas foi ganho com alguma tranquilidade", apontou.
Inácio lembrou que trabalhou com o técnico brasileiro quando estava a iniciar a carreira, considerando que, "numa altura em que se quer aprender com os melhores", teve a oportunidade de "aprender com uma dessas pessoas, um dos melhores".
Carlos Alberto Silva, natural de Belo Horizonte e formado em Educação Física, foi treinador do FC Porto em 1991/92 e 1992/93 tendo conquistado dois títulos nacionais e uma supertaça.
No início de sua carreira, em 1978, levou o Guarani ao primeiro e único título brasileiro da sua história, passando depois, entre outros clubes, pelo Cruzeiro, o Corinthians, o Palmeiras, e o Santos.
Fora do Brasil, além das duas épocas no FC Porto, treinou o Santa Clara, os espanhóis do Deportivo e ainda levou os japoneses do Yomiuri Kawasaki ao título em 1991.
Comandou também o ‘escrete’, vencendo os Jogos Pan-Americanos de 1987 e conquistando a medalha olímpica de prata em Seul1988.
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