Um grupo de adeptos do Sporting apelou à direção leonina que tenha uma reação à condenação de César Boaventura pelos crimes de corrupção no futebol. O 'Movimento Hoje e Sempre Sporting' pede a Frederico Varandas que utilize "todos os mecanismos legais à sua disposição no âmbito da justiça desportiva e não desportiva, em instâncias nacionais e internacionais" sobre o caso que tem estado na ordem do dia do futebol português.

O grupo formado por por Afonso Pinto Coelho, Alexandre Guerreiro, João Trindade, Jorge Lopes, José Carlos Estorninho, Roberto Carvalho e Vitor Afonso recorda, em comunicado, a "condenação judicial conhecida na passada semana de um agente desportivo próximo do anterior presidente do Sport Lisboa e Benfica, no âmbito de um processo de corrupção desportiva envolvendo um jogo da Primeira Liga de futebol profissional 2015-2016", sem nunca referir o nome de César Boaventura.

Para o 'Movimento Hoje e Sempre Sporting', o caso "mancha fortemente a verdade desportiva", pelo que o Sporting deve "assumir a defesa dos interesses do clube em todos os fóruns da decisão". No mesmo comunicado, o grupo critica "a inércia dos competentes órgãos da Federação Portuguesa de Futebol perante este caso de comprovada corrupção".

Leia o comunicado na íntegra:

"Conforme está consignado nos Estatutos do Sporting Clube de Portugal, o Conselho Diretivo é o órgão colegial de administração do clube que tem a função geral de promover e dirigir as atividades associativas, praticando os atos de gestão, representação, disposição e execução de deliberações de outros órgãos, assim como, assumir a defesa dos interesses do clube em todos os fóruns de decisão.

Nesse sentido, e em função da condenação judicial conhecida na passada semana de um agente desportivo próximo do anterior presidente do Sport Lisboa e Benfica, no âmbito de um processo de corrupção desportiva envolvendo um jogo da Primeira Liga de futebol profissional 2015-2016, o Movimento "Hoje e Sempre Sporting" considera que o Conselho Diretivo do Sporting Clube de Portugal, através da sociedade anónima desportiva (SAD) que gere o futebol, deve utilizar todos os mecanismos legais à sua disposição no âmbito da justiça desportiva e não desportiva, em instâncias nacionais e internacionais.

Face à gravidade do sucedido, que mancha fortemente a verdade desportiva, a integridade das competições e o futebol português no seu todo, o Movimento "Hoje e Sempre Sporting" estranha a inércia dos competentes órgãos da Federação Portuguesa de Futebol perante este caso de comprovada corrupção."

De recordar que o Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) arquivou os processos relativos a quatro jogos do Benfica na I Liga, um dos quais envolvendo o Sporting, por aliciamento a jogadores. O CD refere que a Comissão de Instrutores da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) entendeu não existirem, “por ora e nesta fase, indícios da prática de qualquer ilícito disciplinar, motivo pela qual se propõe o arquivamento dos autos”, no que concerne à factualidade ocorrida por ocasião dos quatro jogos.

Em causa estavam quatro encontros do Benfica, dois com o Rio Ave, em 24 de abril de 2016 e em 07 de maio de 2017, um com o Boavista, em 20 de maio de 2017, e outro com o Marítimo, em 08 de maio de 2016.

No mesmo comunicado, o CD da FPF iliba de responsabilidades o Benfica nos três primeiros jogos acima referidos, nomeadamente na possível relação com o empresário César Boaventura, que na quarta-feira foi condenado a três anos e quatro meses de prisão, com pena suspensa, por três crimes de corrupção ativa no desporto.

O órgão disciplinar isenta os clubes envolvidos, considerando que “não há indícios suficientes de que a atuação de intermediários tenha ocorrido a mando de clube, como também entendeu o Ministério Público no processo criminal, apesar de, inclusive, neste processo criminal estarem disponíveis meios de obtenção de prova inexistentes no âmbito disciplinar”.

O empresário de futebol César Boaventura foi condenado, pelo Tribunal de Matosinhos, a uma pena de prisão cumulativa de três anos e quatro meses, com a execução suspensa, por três crimes de corrupção ativa no desporto.

O tribunal deu como provado que César Boaventura aliciou, na época desportiva 2015/16, com contrapartidas financeiras e contratuais, os jogadores do Rio Ave Cássio, Lionn e Marcelo, para que estes 'facilitassem' no jogo com o Benfica, da 31.ª jornada da I Liga de futebol, com objetivo de alterar e falsear o resultado dessa partida, para redundar na derrota do Rio Ave.

O empresário foi ainda condenado, em pena acessória, ao pagamento de 30 mil euros a favor de uma instituição de solidariedade social ou de promoção do desporto, e impedido de ter atividade profissional como agente de jogadores, de forma direta ou indireta, durante dois anos.