O FC Porto vai "agir judicialmente contra o presidente do Sporting Clube de Portugal", após o ataque de Frederico Varandas no fim de semana, à Pinto da Costa.
Num curto comunicado publicado na sua página oficial na internet, o emblema azul e branco classifica as declarações de Varadas como "pura piromania mediática", frisando que "é à Justiça que compete avaliar ações graves".
"Face às declarações falsas e insultuosas proferidas ontem numa cerimónia pública, o Conselho de Administração da FC Porto - Futebol SAD e o seu presidente, Jorge Nuno Pinto da Costa, tomaram a decisão de agir judicialmente contra o presidente do Sporting Clube de Portugal. É à Justiça que compete avaliar ações graves - e reiteradas - de pura piromania mediática", escreveram os Dragões na sua página oficial.
No domingo, num discurso perante três centenas de sócios do Sporting em Carregal do Sal, Frederico Varandas teceu fortes críticas a Pinto da Costa.
"Sobre o senhor Pinto da Costa, sou obrigado a discordar veementemente do senhor Secretário de Estado do Desporto, que recentemente tomou posse. O senhor Pinto da Costa não é nem nunca poderá ser uma referência do desporto nacional. E eu vou explicar porquê, convidando o senhor Secretário de Estado a ouvir apenas uma escuta, entre muitas que estão disponíveis para qualquer pessoa na internet, do processo Apito Dourado. Destaco esta de 24 de janeiro de 2004 (horas antes de um FC Porto-Estrela da Amadora) onde, de viva voz, o presidente do FCP, senhor Pinto da Costa, por intermédio do empresário de jogadores António Araújo, oferece os serviços sexuais de três prostitutas à equipa de arbitragem liderada pelo árbitro Jacinto Paixão, a quem Pinto da Costa, nessa escuta, chama carinhosamente ‘JP’", começou por dizer Frederico Varandas.
"É verdade que estas escutas não foram autorizadas pela Justiça portuguesa para uso de prova e o senhor Pinto da Costa foi absolvido do processo. Mas, se é verdade que essas escutas não puderam ser usadas como prova, também é verdade que elas são reais e aconteceram mesmo. Aqui, senhor Secretário de Estado, não é preciso a Justiça dizer o quer que seja para sabermos que o senhor Pinto da Costa é um corruptor ativo e alguém que deveria estar banido do dirigismo desportivo há décadas. Difícil é explicar a qualquer cidadão como é que uma pessoa apanhada a dizer isto não é condenada", continuou Varandas, perante a plateia, no almoço comemorativo do Núcleo do Sporting de Carregal do Sal.
O líder leonino continuou o seu discurso, com um alvo bem definido: Pinto da Costa.
"Ao senhor Pinto da Costa, por mais que lhe custe e por mais tentativas que faça para tentar apagar as suas ações, será sempre recordado como um corruptor ativo. E eu aqui estarei para lhe recordar até ao último dia da sua presidência que é um corruptor ativo e uma vergonha para o desporto português, ao mesmo tempo que aguardarei com expectativa o desfecho do processo ‘cartão azul’. Um país que reconhece o senhor Pinto da Costa como uma referência é um país sem valores. E um país sem valores é um país sem futuro. Portugal não pode nem nunca poderá ser esse país", defendeu Frederico Varandas.
Além das críticas a Jorge Nuno Pinto da Costa, também Frederico Varandas atacou a justiça em Portugal e apelou ao Ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, que se faça uma investigação sobre a morte de um adepto do FC Porto nos arredores do Estádio do Dragão, na celebração do 30.º título de campeão dos Dragões.
O líder leonino questionou os clubes que "permitem o financiamento ilegal" de um problema que alimenta o "crime organizado".
"Dirijo-me novamente ao senhor Secretário de Estado do Desporto mas também ao senhor Ministro da Administração Interna. No dia 8 de maio o país assistiu a um bárbaro assassinato, em plena via pública e aos olhos de todas as pessoas que ali estavam. Ocorreu às portas do Estádio do Dragão aquando das celebrações do título. É seguramente dos episódios mais brutais de violência de que há memória em Portugal. O que aconteceu foi muito, mas muito mais grave do que o ataque de Alcochete, apesar de ter tido apenas um centésimo de cobertura mediática", argumentou Varandas, antes de criticar o comunicado do FC Porto sobre o tema.
"'À família da vítima, o FC Porto endereça sentidos pêsames'. Só a mim é que este comunicado faz confusão. 'A morte'? Não. Não foi apenas a 'morte'. Foi um bárbaro assassinato. 'Não pode deixar de ser lamentada'? Claro que sim mas o termo que devia estar bem vincado era condenada. Este é um comunicado pobre, cobarde e condicionado", acusou ainda.
No entanto, esta não foi a primeira vez que dirigente leonino considerou Pinto da Costa como um “corruptor ativo”.
Em outubro de 2020, Frederico Varandas chamou “bandido” a Pinto da Costa, referindo que o presidente dos ‘dragões’ “no dia em que se retirar, ou que for obrigado a retirar-se, prestará um grande serviço ao futebol português”.
Pinto da Costa avançou então com uma queixa contra Frederico Varandas, por proferir considerações “ofensivas da sua honra ou consideração através de meio de comunicação social” e, segundo a decisão instrutória do Tribunal Judicial da Comarca do Porto, Frederico Varandas vai ser julgado por difamar o seu homólogo do FC Porto.
Em março, numa reação a esta decisão, Frederico Varandas ‘reformulou’ de “bandido” para “corruptor ativo” a qualificação a Pinto da Costa.
Num outro caso, foi o Sporting a anunciar que iria apresentar uma queixa-crime contra Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, Vítor Baía, vice-presidente e administrador da SAD portista, e Rui Cerqueira, diretor de imprensa do clube, por “agressões verbais e tentativas de agressão física” a Frederico Varandas.
Esta situação terá alegadamente ocorrido em 11 de fevereiro, no encontro FC Porto-Sporting, da 22.ª jornada da I liga, que terminou empatado 2-2, e ficou marcado por desacatos entre jogadores e elementos das duas equipas, com o árbitro a mostrar vários cartões vermelhos.
O clube lisboeta precisou que “os três elementos, rodeados de vários seguranças, efetuaram uma espera a Frederico Varandas”, quando este se deslocava para o autocarro da equipa, e que “Rui Cerqueira abalroou de forma violenta o presidente do Sporting, retirando-lhe da mão a carteira com telemóvel, cartões pessoais de identificação e cartões de crédito, e colocando-se de imediato em fuga”.
O FC Porto negou as acusações feitas e desmentiu quaisquer agressões ao líder dos ‘leões’.
Sobre este caso, o Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) anunciou a instauração de processos disciplinares à SAD do FC Porto, a Sérgio Conceição, Vítor Baía e Rui Cerqueira.
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