Em 1988 assistiu-se a uma onda de migração de internacionais brasileiros até Alvalade pela mão do então presidente Jorge Gonçalves. Silas chegou juntamente com Ricardo Rocha e Douglas.
O médio mostrou ser um daqueles jogadores que, pela forma como tocava na bola, não enganava: era craque. Depressa se afirmou como titular e até como goleador, apenas atrás de outro compatriota: Paulinho Cascavel. O golo que apontou ao Ajax, na então Taça UEFA, ainda hoje está na memória dos sportinguistas.
A vantagem invisível dos adversários
Daquele seu Sporting, Paulo Silas guarda grandes recordações, só não guarda títulos. E hoje, em declarações ao SAPO Desporto, diz encontrar justificação para tal, porque, na sua opinião, aquele plantel tinha qualidade para mais.
«Não conseguimos ser campeões, mas fizemos campanhas extraordinárias. Na altura havia uma supremacia e uma vantagem, ainda que invisível, do Benfica e do FC Porto em relação ao Sporting quer fosse de forma administrativa, política, ou até mesmo através do peso que estes tinham junto da FPF (Federação Portuguesa de Futebol). Isso acabava por fazer com que o Sporting precisasse do dobro do esforço para conseguir alcançar títulos», justificou.
Dois anos que podiam ter sido muito mais
A sua passagem por Alvalade acabou por ser fugaz, não mais do que duas temporadas. Silas explica que isso se deveu a um problema contratual que o obrigou deixar o clube. Caso contrário, garante que teria ali ficado por muitos anos.
«Foi um problema contratual. Tive que deixar o Sporting por isso. Houve uma multa por causa do meu seguro, uma questão contratual e a FIFA proibiu-me de jogar. Aquilo interrompeu um ciclo que podia ter perdurado por anos e anos porque eu gostei muito de ter jogado lá. Tenho pena porque na época, a quantia que a FIFA pediu ao Sporting era irrisória perante aquilo que podia ser o meu futuro no clube», recorda.
Ponto de reencontro
Esta quarta-feira, 23 anos depois, dá-se o reencontro entre as duas partes. Paulo Silas é hoje o treinador do Náutico e o Sporting é o convidado do clube brasileiro no jogo de inauguração da Arena Pernambuco.
Para o técnico é «uma alegria muito grande» poder defrontar o Sporting, mais ainda porque vai poder reencontrar o seu antigo companheiro Oceano, que comanda os leões nesta viagem ao Brasil, com quem partilhou o balneário.
«Na verdade é uma alegria muito grande. Estive à procura com o Rui Maside (seu adjunto e antigo jogador do Sporting) para saber se vinha alguém da nossa época. A gente acabou descobrindo que o treinador é o Oceano, alguém que foi nosso companheiro lá. É uma pessoa por quem tenho um carinho muito grande. Vamos abraçar o Sporting através do Oceano», confessou.
Amizades à parte, Silas admite que o jogo desta quarta-feira é para vencer até porque na estreia da nova casa do Náutico não podia ser de outra forma.
O jogo entre Sporting e Náutico está agendado para as 20h00 locais, meia noite em Portugal.
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