O candidato à liderança da direção do Sporting Ricardo Oliveira (lista B) comprometeu-se na quarta-feira a “trazer 150 a 200” milhões de euros (ME) para reestruturar a dívida, garantindo que irá apresentar investidores “antes das eleições”.

“O risco financeiro e os negócios têm muito a ver com credibilidade. Tenho um plano para trazer 150 a 200 ME, porque as pessoas confiam em mim. Se lhe emprestam dinheiro caro [a Frederico Varandas], é porque, se calhar, em si não confiam. Da mesma forma que não discutirei coisas de medicina consigo, parece-me que discutir finanças comigo é um tiro ao lado”, afirmou o gestor, no debate realizado no museu do clube, em Lisboa.

Argumentando que a missão do presidente dos ‘leões’ em unir o clube “tem sido um falhanço”, principalmente “num período em que o futebol e as modalidades estão bem”, o atual líder da Federação Portuguesa de Padel sublinhou também a necessidade de “comprar imediatamente” os valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis (VMOC)”.

“É preciso haver quem acredite na direção e financie a longo prazo. Claro que tenho investidores para isso e antes das eleições irão ser apresentados. É preciso essa injeção de capital para reestruturar a dívida. São entidades e agentes que se queixam de não pagar, comunicados da UEFA a dizer que nos vão suspender. O Sporting passa para fora uma imagem financeira má. Quero resolver isso e tenho soluções a curto prazo”, notou.

Se Ricardo Oliveira reforçou as críticas aos dois primeiros anos do mandato em vigor, ilustrando com “30 ME atirados ao ar” na aquisição de atletas até à chegada do treinador Rúben Amorim, Frederico Varandas (lista A) reconheceu o “fracasso em contratações”, mas salientou que “a taxa de acerto melhorou muito” nos dois anos subsequentes.

“O Ricardo Oliveira diz que o Sporting tem de recuperar a má imagem e a credibilidade financeira. Em 2018, as entidades de crédito não antecipavam receitas. Hoje o Sporting compra um jogador, estabelece prazos de pagamento e adiantam dinheiro com taxa de empréstimo de 4%, algo que era impensável antes. Fala do investidor de 200 ME com taxa baixa. Como é possível sem saber as contas e garantir os juros baixos?”, atirou.

Enquadrando uma “situação financeira muito melhor”, alicerçada em “corte de custos, aumento de receitas operacionais, valorização de ativos e sucesso desportivo”, mas que ainda “não deixa de preocupar”, o presidente dos campeões nacionais de futebol deu conta de que o Sporting está a concluir a segunda fase da recompra dos VMOC.

Face aos “menos de dois anos de receitas antecipadas” anunciados por Varandas, Nuno Sousa (lista C) desejou “o mais rápido possível” um parceiro internacional, ao alegar que o Sporting “está em incumprimento”, atestando com dívidas de “90 ME a fornecedores”.

“Os parceiros que o Sporting sempre teve estão descontentes. Porquê? No prospeto do empréstimo obrigacionista, passa pelos pingos da chuva que o Sporting estava em incumprimento em 16,7 ME. É mais uma pedra na relação com as entidades financeiras que nos suportam. Quando Frederico Varandas fala que aumentou algumas coisas, tem também de falar no que falhou ou não está a ser completamente verdadeiro”, analisou.

O gestor, primeiro candidato assumido à presidência dos ‘leões’, apelidou de “erro grave” o “enorme aumento dos preços” dos bilhetes de época no Estádio José Alvalade, dizendo que “o aumento das receitas num mundo em mudança só pode vir com a digitalização”.

“Isso leva a uma elitização do Sporting. Parece-me que é uma linha que Varandas quer seguir, fazendo a ostracização de algum tipo de adeptos. Temos de encher o estádio, além de multiplicar o preço pela quantidade. Frederico Varandas aumentou muito o preço e baixou a quantidade, pelo que as receitas de bilhética não aumentaram”, finalizou.

A gestão financeira foi o tema que gerou maior confronto no debate transmitido na Sporting TV, ainda que os três candidatos tenham concordado sem pestanejar em salvaguardar a maioria do controlo das ações da SAD que gere o futebol profissional.

As eleições dos órgãos sociais do Sporting para o quadriénio 2022-2026 decorrem em 05 de março, das 09:00 às 20:00, no Pavilhão João Rocha, em Lisboa, quatro anos após o sufrágio mais concorrido de sempre, com 22.510 sócios votantes, entre 51.009 elegíveis.

Os cadernos eleitorais deste ano têm cerca de 54 mil sócios elegíveis. Para votar necessitam ter todas as quotas pagas, incluindo a relativa a fevereiro 2022, que tinha prazo de pagamento até 13 de fevereiro.