Os três golos de Diogo Jota na Madeira deixaram os adeptos portistas com água na boca. O jovem avançado demonstrou instinto matador, formou uma grande parceria com André Silva e reforçou a candidatura ao estatuto de titular. Uma candidatura que tem tudo para ser bem sucedida, na opinião de Rúben Carvalho, treinador que orientou Diogo Jota nos juniores do Gondomar.
Jota estava ainda em idade de sub-17 quando Rúben Carvalho e a restante equipa técnica dos juniores decidiram promovê-lo ao escalão seguinte. A aposta foi ganha. Jota brilhou com os colegas mais velhos e continuou ainda a dar uma 'perninha' nos juvenis. A situação levou mesmo a um episódio caricato, bem demonstrativo do instinto goleador do avançado.
"Nós estávamos a disputar a fase de manutenção da segunda divisão nacional de juniores, ao sábado, e a equipa de juvenis estava a disputar a fase de subida aos campeonatos nacionais. E houve um fim-de-semana em que tanto os juniores como os juvenis jogavam contra o Candal. Então no sábado o Diogo jogou por nós e marcou três golos. No domingo de manhã jogou pelos juvenis, entrou na segunda parte e marcou mais dois. E o mais caricato disto tudo é que o guarda-redes do Candal era o mesmo", recordou o técnico em entrevista ao SAPO Desporto.
"Ou seja, em pouco mais de cem minutos marcou cinco golos ao mesmo guarda-redes. Isso mostra logo o faro que ele já tinha para o golo. Fazia muitos golos, e em posições distintas. No domingo jogou atrás do ponta-de-lança, no sábado tinha jogado como médio e fez golos na mesma".
Agora, no FC Porto e frente ao Nacional, Jota brilhou no centro de ataque, como principal apoio a André Silva. Para Rúben Carvalho, esta é a posição ideal para o avançado de 19 anos.
"É a posição a que ele mais se adapta. Ele também joga bem sozinho, a ponta-de-lança, a '10'. Nunca a extremo direito, talvez a extremo esquerdo, porque joga por dentro...mas esta é a posição que mais o favorece. Ele faz golos, aparece, faz jogar. Gosta de jogar muito bem entre linhas. Acho que o FC Porto não tem melhor do que ele [naquela posição], sinceramente. Eu sempre disse isto. Os meus colegas diziam 'ah, não, ainda é cedo'...e eu: 'Vais ver. Quando ele começar, não vai haver ninguém melhor do que ele'. E não houve".
Um Porto de abrigo
À sensacional transferência de Diogo Jota para o Atlético Madrid seguiu-se o contacto com a realidade. A equipa madrilena não quis colocar desde já nos ombros de Jota a responsabilidade de brilhar na Liga espanhola e acabou por decidir que o melhor, por agora, seria um empréstimo. E quem apareceu a bater à porta do Vicente Calderón foi o clube da cidade em que Jota nasceu. Natural da freguesia de Massarelos, Diogo tinha já o irmão André a atuar no FC Porto. Também a nível pessoal, portanto, Diogo Jota tem tudo para ser feliz no Dragão.
"Acho que é muito importante para ele [jogar no FC Porto]. Acho que quando ele jogava no Gondomar chegou a fazer umas captações no FC Porto, mas acabou por não ficar. Agora ter o FC Porto a ir procurá-lo, para ele é um orgulho imenso. O irmão dele [André] também está lá, joga na formação do FC Porto, e portanto dá para conciliar o útil ao agradável. Está perto da família, joga num grande de Portugal e pode ter uma margem de evolução ainda maior, com o volume de jogo que poderá ter aqui".
A seleção na mira
Em março, no âmbito da rubrica 'Pegadas' e enquanto Diogo Jota ainda brilhava em Paços de Ferreira, o SAPO Desporto conversou com Rúben Carvalho no relvado do estádio do Gondomar e já então o técnico garantia que mais cedo ou mais tarde o avançado chegará à seleção portuguesa. Agora, e com a camisola do FC Porto como grande trunfo, uma chamada já não parece algo distante.
"Vai chegar à seleção A. Vais ver que ele vai estar no Mundial da Rússia. Não tenho dúvidas", atira o treinador de forma assertiva. Poderá ser uma alternativa a Nani como apoio a Ronaldo? "Exatamente. Acho que ele se adapta melhor a essa posição, mas também com o André [Silva], com o Eder. Vocês vão dar-me razão. Se tudo correr bem, se ele não tiver lesões, ele vai estar presente no Mundial".
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