“Dificilmente vamos conseguir contar com os reforços na primeira ronda do campeonato, mas acreditamos perfeitamente nos jogadores que estão inscritos e sabemos que vamos ter um bom resultado em Portimão”, referiu o dirigente aos jornalistas, antes do jogo de apresentação dos portuenses frente ao campeão boliviano Bolívar, no Estádio do Bessa.

O Boavista mostrou aos sócios e adeptos 31 jogadores para a próxima época, entre os quais o guarda-redes César, os defesas Robson Reis e Vincent Sasso, os médios Bruno Lourenço e Masaki Watai e os dianteiros Róbert Bozeník e Salvador Agra, que ainda não surgem inscritos no sítio oficial da Liga Portuguesa de Futebol Profissional na Internet.

Na origem desse atraso está um impedimento de inscrição de novos jogadores imposto pela FIFA aos ‘axadrezados’, motivado por uma dívida de 200 mil euros ao defesa Adil Rami, que foi campeão mundial por França em 2018 e representou o clube em 2020/21.

“Podíamos já ter resolvido a questão, mas para isso teríamos de ter vendido os direitos económicos de alguns atletas a um preço que não queremos. Vocês viram as notícias. O [defesa] Nathan esteve no Athletico Paranaense e trocámos contratos, mas não era bom para nós. Entendemos que o objetivo do Boavista também é a consolidação financeira e aguentámos um pouco. Vamos à luta com os jogadores que temos e não duvido de que iremos inscrever os reforços num curto espaço de tempo”, contextualizou Vítor Murta.

O Boavista desperdiçou uma vantagem de três golos na partida de apresentação com o Bolívar e perdeu por 6-7 no desempate por penáltis, quando restam quatro dias para a visita ao Portimonense, no domingo, às 20:30, em desafio da ronda inaugural da I Liga.

“Estive a conversar com o Gérard Lopez e já temos a solução para o problema, que é sempre o mesmo: dinheiro. O compromisso com os boavisteiros é que vamos resolver esse assunto e reforçaremos a equipa, mesmo acreditando que quem cá está cumpriria perfeitamente o nosso desígnio. Se houver prioridade para alguma saída, também será feita”, apontou, num dia marcado pela segunda visita do acionista maioritário ao Bessa.

Lembrando a entrada há dois anos do empresário hispano-luxemburguês “num momento muito difícil”, que possibilitou aos ‘axadrezados’ “terem as portas abertas”, Vítor Murta pediu “tranquilidade” para que a SAD “possa cumprir todas as obrigações a seu tempo”.

“As pessoas têm de perceber o estado em que está o Boavista. Estávamos com sérias dificuldades e ainda hoje as temos, mas já vemos uma luz ao fundo do túnel e temos um caminho. Gostava de estar aqui a dizer que este ano vamos à Liga dos Campeões, mas isso não é possível. Obviamente, se tivermos possibilidade de ir a uma Liga Europa, não vamos dizer que não, mas o nosso objetivo é consolidar e sanear o estado financeiro em que vivia o clube”, notou, acreditando que “vai ver o Boavista a ganhar títulos” no futuro.

O presidente confidenciou ao lado de Gérard Lopez que ambos “querem o melhor” para o clube campeão nacional em 2000/01, ainda que prefira “pés bem assentes na terra”, ao invés de “dar passos maiores que as pernas” como “num passado não muito longínquo”.

“Não temos uma varinha nem conseguimos resolver os problemas de um dia para outro. Enquanto há clubes com centros de estágios e benesses que não temos, nós temos de pagar todos os compromissos do passado e do presente. Temos de cumprir dois ou três orçamentos com dificuldade, mas temos cumprido”, assegurou Vítor Murta, focado em “fazer melhor” do que a 12.ª posição alcançada na edição 2021/22 do principal escalão.