A CGTP considerou hoje "intoleráveis e inaceitáveis" os atos de racismo cometidos no domingo contra o jogador do FC Porto Moussa Marega em Guimarães, acrescentando que outros episódios semelhantes "não têm sido punidos como é devido".
"A CGTP-IN considera intoleráveis e inaceitáveis os actos de racismo cometidos ontem [domingo] no Estádio D. Afonso Henriques em Guimarães contra o jogador Moussa Marega", pode ler-se num comunicado enviado à imprensa pela intersindical.
A confederação sindical agora liderada por Isabel Camarinha defende que "qualquer forma de racismo, xenofobia e discriminação, seja no desporto, no trabalho, na escola ou em qualquer outro local ou circunstância, é sempre inadmissível e incompatível com os princípios e valores da dignidade humana e da igualdade", inscritos na Constituição.
"A verdade é que os episódios de racismo se têm repetido nos estádios nacionais e nem todos têm sido punidos como é devido", salienta ainda a CGTP.
Para a intersindical, "quer as instâncias desportivas, quer o próprio Governo têm-se vindo a demitir das suas responsabilidades nesta matéria e não têm agido em conformidade com a gravidade destes factos que estão a ocorrer cada vez com maior frequência".
"Consideramos, por isso, que nem as instâncias desportivas nem sobretudo o Governo podem continuar a alhear-se dos comportamentos racistas e ou xenófobos ocorridos nos estádios de futebol, os quais devem ser severamente punidos e os seus perpetradores definitivamente banidos destes eventos", conclui o comunicado da confederação sindical.
Este domingo, Marega foi substituído ao minuto 71 do jogo da 21.ª jornada da I Liga, entre o FC Porto e o Vitória de Guimarães, depois de ter sido alvo de cânticos e gritos racistas por parte de adeptos da equipa minhota.
Vários jogadores do FC Porto e do Vitória de Guimarães tentaram demovê-lo, mas Marega mostrou-se irredutível na decisão de abandonar o jogo, numa altura em que os 'dragões' venciam por 2-1, resultado com que terminou o encontro. O emblema minhoto pode ser punido com um a três jogos a porta fechada, de acordo o Regulamento Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) sobre atos que “promovam, consintam ou tolerem” comportamentos racistas.
O artigo 113.º do regulamento em vigor define as sanções a “comportamentos discriminatórios em função da raça, religião ou ideologia”.
A caso ganhou contornos internacionais e foi notícia lá fora, sendo noticiado em várias televisões mas também em jornais online.
Em Portugal, vários clubes mostraram a sua solidariedade para com Moussa Marega, entre eles o Rio Ave, o Sporting, o SC Braga.
O caso extravassou o futebol e foi comentado por vários quadrantes políticos, quase todos a reprovarem os insultos racistas contra o maliano.
Dirigentes e deputados de vários partidos, incluindo os líderes do CDS-PP, da Iniciativa Liberal comentaram na redes sociais condenando os insultos dirigidos ao jogador Marega, do FC Porto.
O primeiro-ministro manifestou também a sua "solidariedade" com Marega e o "repúdio total" por atos racistas contra o futebolista do FC Porto, esperando que "as autoridades ajam como lhes compete" para impedir que voltem a acontecer. Antes, o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, tinha repudiado os insultos racistas de que foi vítima Marega, salientando que estes atos atentam contra a Constituição e devem ter consequências. Já o Secretário de Estado do Desporto e da Juventude, João Paulo Rebelo, em entrevista à RTP, elogiou a decisão do maliano em abandonar o terreno de jogo.
O Bloco de Esquerda (BE) quer saber que medidas concretas vai o Governo tomar na sequência dos insultos racistas de que foi alvo o jogador do FC Porto Marega durante um encontro no domingo com o Vitória de Guimarães. Em comunicado, o BE dirige algumas perguntas ao Ministério da Educação e, em concreto, à secretaria de Estado do Desporto e da Juventude, e presta a sua solidariedade para com Moussa Marega e para com “todos os que não desistem de fazer da prática desportiva uma casa da igualdade”.
O Presidente da República condenou, esta segunda-feira, os insultos racistas de que o jogador do FC Porto Marega foi alvo no domingo, lembrando que a Constituição da República é muito clara na condenação do racismo, xenofobia e discriminação. O Presidente da República sublinhou que só pode “condenar, como sempre, veementemente, todas as manifestações racistas, quaisquer que sejam”.
A associação SOS Racismo defendeu que os responsáveis pelos insultos racistas ao futebolista Moussa Marega devem ser "severamente punidos", considerando que o fenómeno tem que ser "enfrentado antes que se torne incontrolável". A SOS Racismo saúda a decisão de Marega abandonar o relvado, considerando que "era o que todos os presentes deviam ter feito", começando pela equipa de arbitragem.
O PCP pediu a audição, no parlamento, do ministro da Administração Interna, secretário de Estado do Desporto e Liga de Clubes sobre "medidas a adotar" depois das "manifestações de racismo" contra o futebolista Marega.
Opinião diferente teve André Ventura, deputado e líder do partido CHEGA, que desvalorizou o caso, e disse que as reações eram eram "o síndrome Joacine que começa a invadir as mentalidades".
A PSP está a tentar identificar os adeptos suspeitos de dirigirem palavras e gestos racistas e xenófobos a Marega, do FC Porto, cometendo assim infrações criminais e contraordenacionais, informou hoje a direção da PSP. A PSP sublinha que o comportamento dos adeptos suspeitos configura um crime previsto e punido no Código Penal com pena de prisão de seis meses a 5 anos. Além da vertente criminal, a PSP acrescenta que tal comportamento de adeptos constitui contraordenação, pois “a prática de atos ou o incitamento à violência, ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espetáculos desportivos" pode ser punida com coima entre 1.000 e 10.000 euros.
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