O Boavista superou ordenados em atraso, impedimentos de inscrição de futebolistas, duas mudanças técnicas e um extenso impasse presidencial na SAD com uma sofrida 10.ª permanência consecutiva na I Liga, após um início fulgurante.

Um penálti de Miguel Reisinho, aos 90+11 minutos, permitiu às ‘panteras’ empatarem em casa com o já despromovido Vizela (2-2), na 34.ª e decisiva jornada, e finalizarem no 15.º lugar, derradeiro de salvação direta, com os mesmos 32 pontos do Portimonense, 16.º e antepenúltimo, mas melhor saldo de golos do que os algarvios, relegados para o play-off.

A classificação e pontuação mais modestas desde a reintegração administrativa do clube, em 2014/15, ilustram uma 61.ª época na elite, e quarta seguida sob gerência do acionista maioritário Gérard Lopez, trémula e sem reforços, face aos embargos ditados pela FIFA.

Os constantes problemas financeiros chegaram mesmo a causar vencimentos em atraso em setembro de 2023, quando o Boavista até tinha assumido o comando partilhado da I Liga à segunda, quarta e quinta jornadas, com quatro triunfos - incluindo uma reviravolta vitoriosa na receção ao então campeão Benfica (3-2), na ronda inaugural - e um empate.

Oito duelos sem ganhar esbateram o efeito do melhor arranque no século XXI e levaram Petit, campeão nacional como jogador no Bessa, em 2000/01, a terminar a sua segunda ‘era’ no banco ao fim de dois anos, após a derrota na Amadora (3-1), para a 13.ª jornada.

Com Ricardo Paiva a ser promovido dos sub-19 para render o antigo médio internacional português, o Boavista regularizou salários e ganhou ânimo no primeiro trimestre de 2024, ao derrotar Vizela (4-1, na 17.ª ronda), Estoril Praia (2-1, na 21.ª) ou Moreirense (1-0, na 25.ª), mas a queda gradual na classificação foi inevitável para um plantel curto e instável.

A saída do extremo Tiago Morais para o Lille, de Paulo Fonseca, em janeiro, numa altura em que era o segundo mais influente, com seis golos, a dois de Róbert Bozeník, agravou a contestação dos adeptos, motivo dado por Vítor Murta para renunciar à presidência da SAD no final de fevereiro, após a goleada do Sporting de Braga no Bessa (0-4, na 23.ª).

O ex-avançado ‘axadrezado’ Fary assumiu a sucessão em maio, quando Jorge Simão já tinha regressado ao Boavista cinco anos depois, após a derrota em Arouca (2-1, na 29.ª), para lograr o objetivo com três empates em casa, dois dos quais selados nos descontos.