O alemão Roger Schmidt foi o único estrangeiro entre os 27 treinadores que orientaram equipas na primeira volta da I Liga portuguesa de futebol 2022/23 e bateu toda a concorrência.
Contratado aos neerlandeses do PSV Eindhoven para inverter o ciclo na Luz, com um segundo lugar (2019/20) e dois terceiros (2020/21 e 2021/22) depois do 37.º título, em 2018/19, Schmidt foi encarado com desconfiança, mas não demorou a convencer.
Aposta forte do presidente Rui Costa, que, na sua primeira escolha para treinador do clube, decidiu apostar num estrangeiro, o primeiro após o espanhol Quique Flores (2008/09), Schmidt, de 55 anos, teve um impacto imediato.
Com a necessidade de apurar a equipa para a fase de grupos da Liga dos Campeões, apostou desde a pré-temporada num ‘onze’ e, praticamente, nunca lhe mexeu, ‘reinando’ em todas as frentes até à paragem para o Mundial do Qatar.
Nos 25 jogos disputados antes da inusitada pausa para o campeonato do Mundo, que a Argentina viria a ganhar, o Benfica somou 21 vitórias e quatro empates, incluindo 12 triunfos e uma igualdade, em Guimarães, para a I Liga.
Entre a dúzia de vitórias, destaque principal para o 1-0 conseguido face ao FC Porto, em pleno Estádio do Dragão, com um golo de Rafa, aos 72 minutos, num encontro da 10.ª jornada em que o anfitrião Stephen Eustáquio foi expulso aos 27.
Neste trajeto, o Benfica também conseguiu, sensacionalmente, vencer o seu grupo da ‘Champions’, superiorizando-se a Paris Saint-Germain (1-1 nos dois jogos) e Juventus (2-1 fora e 4-3 em casa).
Apenas no campeonato, os ‘encarnados’ fecharam a ronda 13 com mais oito pontos do que o FC Porto, nove face ao Sporting de Braga e 12 em relação ao Sporting.
Depois do Mundial, a equipa de Roger Schmidt somou os primeiros dissabores, nomeadamente uma derrota, ainda única da época, ao 29.º jogo, em Braga (0-3), e uma igualdade a dois na receção ao Sporting na penúltima ronda da primeira volta.
O ponto conquistado face aos ‘leões’ selou desde logo o ‘título’ de ‘campeão de Inverno’, com o Benfica e fechar a primeira volta com um convincente triunfo (3-0 nos Açores) e quatro pontos à frente do Sporting de Braga, cinco do FC Porto e já 12 de um Sporting que parece fora da corrida ao título.
Se Roger Schmidt foi a grande figura da primeira volta, outros treinadores estiveram em destaque, em especial Filipe Martins, que conduziu o Casa Pia a um impensável quinto lugar, no ano do regresso à I Liga 83 anos depois.
Bem mais discreto foi o percurso do Arouca, que do 17.º e penúltimo lugar de há um ano passou para o sexto, apenas um ponto atrás dos lisboetas.
Vítor Campelos e Luís Freire estiveram igualmente em ‘grande’, ao conduzirem os também regressados Desportivo de Chaves e Rio Ave, respetivamente, ao ‘top 10’, relativamente afastados dos três lugares ‘malditos’.
Na estreia a abrir uma época, tem sido também muito prometedor o trabalho de Artur Jorge no Sporting de Braga, que, a meio, está em segundo, claramente na corrida ao título, e foi o responsável pelo único desaire do líder Benfica.
Das 18 equipas, uma dúzia ainda não mexeram de técnico e uma 13.ª, o Paços de Ferreira também tem o treinador que iniciou a época (César Peixoto): foi substituído por José Mota, mas voltou ao comando do lanterna-vermelha.
Além do conjunto da Mata Real, mais cinco já optaram pelas ‘chicotadas psicológicas’, sendo que, ‘descontando’ os interinos, o Marítimo, penúltimo colocado, é o único que já vai em três treinadores.
Vasco Seabra começou a temporada, mas saiu após a quinta jornada, com outros tantos desaires, e João Henriques foi o responsável entre a sexta e a 13.ª rondas, mas, só com um triunfo em oito jogos, também acabou dispensado.
O terceiro técnico da temporada é José Gomes, que, em quatro jogos, já conseguiu amealhar duas vitórias, a primeira em casa, às custas do Sporting (1-0).
O Vizela, apesar dos resultados positivos sob o comando de Álvaro Pacheco, o Famalicão, o Gil Vicente e o Santa Clara são as outras formações que trocaram de treinador na primeira volta da edição 2022/23 da I Liga.
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