Ricardo Melo Alves acusa o Ministério Público de ter feito uma "construção fantasiosa" sobre os acontecimentos de Alcochete. O advogado de dois dos 44 arguidos do processo do ataque à Academia do Sporting disse esta segunda-feira, no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, que muitas discrepâncias entre a acusação do MP e o relato das testemunhas, principalmente a Polícia.

"Têm sido muito objetivos, realistas, tenho ficado muito contente com a prestação dos senhores agentes. Têm sido muito objetivos, relatam aquilo que viram. Têm contado ao tribunal, sem grandes contestações. [...] O Ministério Público faz uma construção fantasiosa na acusação. As testemunhas vão contar aquilo que viram, que não corresponde ao que foi dito pelo MP. Mas isso já era de esperar", acusou Ricardo Melo Alves, em declarações aos jornalistas, à saída do Tribunal do Monsanto. E que discrepâncias são estas?

"Diziam que os jogadores estavam todos feridos, todos aleijados. Temos relato... Toda a gente sabe como foi", justificou o advogado.

Esta segunda-feira foi a vez do antigo líder da claque Juventude Leonina, Fernando Mendes, comparecer em Tribunal, embora não tenha prestado declarações ao coletivo de juízes.  Foi a primeira vez que esteve numa sessão do julgamento da invasão à Academia do Sporting, em Alcochete Fernando Mendes é um dos 44 arguidos no processo e tinha sido o único a não comparecer até hoje nas sessões do julgamento, no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, devido a questões de saúde.

O atual líder da Juve Leo, Mustafá, o antigo presidente do Sporting Bruno de Carvalho e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do clube, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Os três arguidos respondem ainda por um crime de detenção de arma proibida agravado e Mustafá também por um crime de tráfico de estupefacientes.

Aos arguidos que participaram diretamente no ataque à academia, o Ministério Público imputa-lhes a coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Estes 41 arguidos vão responder ainda por dois crimes de dano com violência, por um crime de detenção de arma proibida agravado e por um crime de introdução em lugar vedado ao público.

Em 15 de maio do ano passado, durante o primeiro treino da equipa de futebol do Sporting, após a derrota na Madeira, cerca de 40 adeptos ‘leoninos’ encapuzados invadiram a Academia do clube, em Alcochete, e agrediram vários jogadores, bem como o então treinador, Jorge Jesus, e outros membros da equipa técnica.