António Simões, antiga glória do Benfica, repudiou esta sexta-feira os atos de violência e vandalismo de que a equipa do Benfica foi alvo após o empate caseiro frente ao Tondela (0-0).
"Não há desculpa.. Eu sou contra a violência, seja física, verbal", começou por dizer em declarações ao SAPO Desporto.
"Se tinham tantas saudades do futebol, então respeitem-no. É a primeira coisa que se deve fazer, por algo que se tem paixão, parece que também não aconteceu. Não há justificação possível [para estes atos]. Não há palavras para descrever esta desnecessária violência. Até parece que quando não se ganha um jogo, o mundo acaba", prosseguiu.
O ex-internacional português avança mesmo para um explicação possível para esses episódios.
"Tem muita a ver com a falta de cultura que existe em Portugal de há anos para cá, que começa primeiro pelos dirigentes, por quem tem o poder e tem que liderar. É fácil condenar esses atos, mas vai ficar tudo na mesma. O que fazem para mudar estas situações?", questiona.
António Simões defende que "estas situações obviamente não dão credibilidade ao produto que se quer vender" e que se chama futebol, sublinhando que estes episódios acabam por ser prejudiciais para todos.
"Foi positivo o regresso com certeza. Toda a gente percebeu que o futebol se tornou num negócio. Se não conseguimos criar condições para se vender o produto futebol, vamos ter problemas", lembra.
Ainda assim, o antigo técnico considera que o descontentamento dos sócios e adeptos é legítimo, sublinhando no entanto que há muitas formas de o desmonstrar.
"É mau para todos e isso só prejudica, não beneficia. Como se a violência resolvesse alguma coisa... Há dias em que os jogadores jogam melhor do que noutros. Há jogos que correm melhor, o Benfica perdeu uma oportunidade... Há um desânimo, mas há muitas formas de demonstrar esse descontentamento. Eu não estou a dizer que os sócios e os adeptos não têm a legitimidade de estarem descontentes. Têm sim senhor, mas escolheram a pior forma de o fazer", avisa.
Por fim, apela à reflexão dos principais agentes do futebol português.
"Para mim não é surpreendente, já vimos episódios destes há muitos anos no futebol português. Parem para pensar: Tiveram esta grande oportunidade com a paragem devido ao vírus. A paragem parece que foi só de jogadores e treinadores não foi das pessoas que decidem e parece que não fez bem a ninguém", conclui.
Na quinta-feira à noite, o autocarro do Benfica foi apedrejado, à saída da A2, quando se dirigia para o centro de estágios do clube, no Seixal, depois do empate 0-0 na receção ao Tondela, em jogo da 25.ª jornada, e algumas das casas dos futebolistas foram grafitadas com ameaças.
Os jogadores Weigl e Zivkovic foram transportados para um hospital de Lisboa, por terem sido atingidos com estilhaços.
Comentários