Ainda não foi esta terça-feira que houve 'fumo branco' em relação à atribuição do título de campeão nacional 2019/20. Só uma vitória do Benfica impedia que o FC Porto fizesse, ainda antes de entrar em campo esta quarta-feira frente ao Sporting, a festa e as 'águias' acabaram mesmo por bater o V.Guimarães, por 2-0, com um golo em cada parte.

Mas não foi fácil! A meio da primeira parte, com o V.Guimarães por cima no jogo e a criar várias situações de golo de forma sucessiva, muitos terão pensado que a questão do título iria ficar decidido logo ali, com o Benfica a dar a sensação não ser capaz de fazer frente ao futebol mais 'alegre' do adversário. Tal acabou por não acontecer. Primeiro a trave da baliza 'encarnada' e, depois, a inspiração de Vlachodimos evitaram que o Vitória marcasse, antes de Chiquinho abrir caminho a uma vitória que Seferovic, vindo do banco, acabaria por selar perto do fim.

Bem mais eficaz do que o adversário, o Benfica acabou por fazer o suficiente para somar três pontos que eram imperativos para, pelo menos matematicamente, ainda se manter na corrida pelo título e adiar, pelo menos por um dia, uma eventual (e inevitável?) festa do FC Porto.

O JOGO

 Visitantes esbarraram na trave e em Vlachodimos, Benfica acerta passo com Florentino

O encontro começou com poucos motivos de interesse no primeiro quarto de hora, com as duas equipas a acusarem, talvez, os resultados menos conseguidos que tinham somado na ronda anterior. O V.Guimarães, contudo, depois de se ter mostrado algo adormecido nos minutos iniciais, como que despertou a partir da meia hora, ao ritmo de um homem: Marcus Edwards.

Quando o jovem extremo inglês começou a aparecer no jogo, o V.Guimarães ganhou ascendente e as falhas defensivas do Benfica começaram a aparecer. Valeu às 'águias', primeiro, a trave (e o poste) da baliza, que de forma quase inverosímil se 'uniram' para evitar que Edwards abrisse o marcador na sequência de um fantástico lance individual, e, depois, por duas vezes, Vlachodimos. O guarda-redes grego voltou a mostrar que será um dos menos responsáveis por os 'encarnados' estarem prestes a ver o título fugir e, com duas intervenções de grande nível, impediu que Bruno Duarte e Agu abrissem o marcador para os visitantes.

Estava decorrida meia hora de jogo e, pouco depois, Nélson Veríssimo mexia na equipa. O já 'amarelado' Weigl cometeu uma falta que lhe poderia ter custado novo cartão, Hugo Miguel não entendeu assim e o técnico das 'águias' optou por retirar o alemão logo depois, para evitar males maiores, e lançar em jogo Florentino Luís. Se a ideia era só evitar uma eventual expulsão de Weigl, a verdade é que o português trouxe outra dinâmica - quer defensiva, quer ofensiva - à equipa. E não terá sido por acaso que, pouco depois, o Benfica acabaria por marcar.

Lance de insistência, cruzamento de Nuno Tavares na esquerda e a bola a sobrar para um remate de primeira de Chiquinho, que encheu o pé para o 1-0. O Vitória acusou o golo e tranquilizou o Benfica, que controlou as operações até bem dentro da segunda parte. E, quando o Vitória parecia voltar, finalmente, a acordar, para um possível assalto  final à baliza 'encarnada', em busca do empate, as 'águias' voltaram a marcar. Seferovic - esta noite suplente em detrimento de um apagado Carlos Vinícius - saltou do banco para substituir o brasileiro e fazer, perto do fim, o 2-0, já depois de ter ficado perto de fazer um golaço, numa tentativa de chapéu de muito longe que quase teve sucesso.

O golo do suíço selou o triunfo e o Benfica manteve, pelo menos, o orgulho intacto ao obrigar o FC Porto a ter de tentar fechar a conquista do título dentro de campo, impedindo os 'dragões' de festejarem desde logo no sofá.

O MOMENTO

Magia de Edwards esbarra na trave

Estavam decorridos apenas 19 minutos de jogo e o V.Guimarães começava a crescer, com um homem em plano de evidência: Marcus Edwards. O extremo inglês pegou na bola no flanco direito, entrou na área do Benfica, foi ultrapassando vários adversários e rematou forte, em arco. O disparo levava selo de golo e Vlachodimos ficou pregado ao solo. Mas, caprichosamente, a bola bateu na trave, resvalou para o poste e não entrou. Se não entrou num remate destes, dificilmente entraria de outra forma, terão pensado muitos...

OS MELHORES

Vlachodimos ajudou Chiquinho a ser feliz, Marcus Edwards voltou a mostrar a sua classe

O Benfica somou a sua segunda vitória consecutiva em casa, depois de cinco jogos seguidos sem conhecer o sabor do triunfo no seu próprio estádio, e deve o triunfo, em primeira instância, à qualidade do seu guarda-redes. Como várias vezes sucedeu esta época - em determinadas ocasiões escondendo até lacunas que só mais à frente na prova saltariam à vista de todos - Vlachodimos mostrou reflexos invejáveis e qualidade na baliza das 'águias', com duas intervenções decisivas, de grande nível, quando o resultado ainda estava em 0-0.

E se atrás brilhou o guarda-redes, à frente esteve em destaque Chiquinho. O atacante já tinha desperdiçado uma boa oportunidade quando abriu o ativo e, depois, esteve também no lance do segundo golo.

Do lado dos visitantes, Marcus Edwards foi uma dor de cabeça para o lado esquerdo da defesa do Benfica sempre que acelerou com a bola nos pés. Para além do lance do remate à trave esteve na origem da maior parte dos lances mais ameaçadores dos 'vimaranenses' e estava a 'despertar' e de que maneira novamente para o jogo na parte final, antes de Seferovic fazer o segundo dos anfitriões e 'matar' o jogo.

OS PIORES

Nuno Tavares viveu pesadelo a defender e Weigl teve 30 minutos para esquecer

O alemão Julian Weigl não guardará certamente na memória esta receção ao V.Guimarães. 'Amarelado' bem cedo no jogo, fez uma falta que lhe poderia ter valido novo cartão e acabou substituído logo a seguir por Nélson Veríssimo. O cronómetro marcava meia hora de jogo e, coincidência ou não, foi depois de ele sair que o Benfica arrancou para a vitória.

Quanto a Nuno Tavares, até esteve em destaque no capítulo ofensivo, participando de forma decisiva no lance do primeiro golo, mas a defender teve o 'azar' de apanhar pela frente Marcus Edwards, um dos jogadores mais difíceis de travar do nosso campeonato, e o inglês fez-lhe, inquestionavelmente, 'a cabeça em água'.

AS REAÇÕES

Nélson Veríssimo: "Merecemos a vitória, depois de uma primeira parte dividida"

Rúben Dias: "Se a equipa não funciona, as bombas explodem lá atrás"

Ivo Vieira: "A eficácia que o Benfica teve fez a diferença"

André André: "Quando não fazemos golos arriscamo-nos a sofrer"

O RESUMO