Se há jogo que retrata melhor o que foi o Sporting esta temporada e o que tem acontecido ao Benfica nos últimos jogos é o dérbi em Alvalade. Leões e Águias empataram com o Sporting a fazer uma primeira parte brilhante e a deitar tudo a perder no segundo tempo (faz-nos lembrar algo?). Por outro lado, o Benfica voltou a adiar a festa do título e mostrou que definitivamente só quer ser campeão na Luz diante o Santa Clara.

No final ficou 2-2, depois de uma primeira parte em que a equipa de Amorim vencia por 2-0, mas passou do céu ao inferno. A estratégia inicial acabou por explorar as debilidades do Benfica, mas a inteligência de Schmidt chegou na forma como mexeu na segunda parte e colocou um lateral de raiz para travar o jogo exterior da equipa da casa. No final, já eram os encarnados a lutarem pelo triunfo que fecharia definitivamente o campeonato.

Fora das quatro linhas, os adeptos também aqueceram as bancadas e com a rivalidade sempre presente. No relvado, a homenagem foi a Manuel Fernandes, o histórico camisola 9, mas foi sem ponta de lança que o Sporting se apresentou em campo.

Qual o impacto direto do Dérbi? Tal como já aconteceu várias vezes esta temporada, o Sporting morre na praia, mas desta vez perde definitivamente os lugares da Liga dos Campeões para o SC Braga. O Benfica precisa apenas de um empate na receção ao Santa Clara para selar o campeonato.

O jogo: Uma parte para cada um

O Sporting entrou com tudo e parecia determinado a adiar a festa do eterno rival. Aos 21 minutos, Pedro Gonçalves teve o golo nos pés, mas os adeptos leoninos meteram as mãos à cabeça, depois de tudo ter sido bem feito. Os Leões continuavam bastante pressionantes e aproveitavam, sobretudo, o jogo exterior por Nuno Santos e Esgaio.

O Sporting tanto tentou que conseguiu. O 1-0 chegou por Trincão, após um erro de António Silva que deixou o extremo na cara de Vlachodimos. O resto da festa foi feita pelas bancadas de Alvalade.

Mas a verdade é que a superioridade não se parecia resumir a apenas um golo de diferença. Já perto do intervalo, canto para Nuno Santos e Diomande estreou-se a marcar pelos Leões, numa altura em que o dérbi parecia estar resolvido ou perto disso.

Alvalade vivia um intervalo empolgado, mas a bipolaridade viria a mudar a história do clássico. O Benfica aparecia no segundo tempo totalmente transfigurado e o Leão começava a ceder. Foi assim que surgiu o 2-1 com Aursnes a aparecer completamente solto na grande área, depois de um cruzamento de Grimaldo.

Aí a esperança da remontada era real. Paulinho ainda chegou a ter o 3-1 nos pés, mas foi o miúdo a estrear-se a marcar pelo Benfica. Num lance de insistência na grande área, e com alguma polémica, João Neves atirou uma vez e o segundo remate bateu Franco Israel.

A partir daqui, os últimos minutos da compensação eram apenas para o Benfica tentar o 3-2, que confirmava o título na casa do rival. João Pinheiro não deu muito mais tempo e o 2-2 prevaleceu.

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Momento do jogo: João Neves fez Águia acreditar no título

Corria o tempo de compensação (90+4) e o Benfica procurava insistentemente o golo do empate que permitisse ainda sonhar com a vitória. Foi aí que apareceu um jovem a empurrar a Águia para ainda mais perto do título. Podia ser uma torre a ser feliz num 'chuveirinho', mas foi João Neves a aproveitar uma confusão dentro da grande área para fuzilar as redes de Franco Israel.

Um golo com uma dupla importância: deu o empate que fez os encarnados acreditarem na vitória a minutos do apito final e foi a estreia a marcar pelo Benfica. Neves ultrapassou ainda Félix nos mais jovens marcadores em dérbis.

Os melhores:

Nuno Santos - Principalmente durante a primeira parte, o ala leonino encheu todo o corredor esquerdo e foi o principal desequilibrador no jogo exterior do Sporting. Nuno Santos fez ainda a assistência para o 2-0 de Diomande.

Ricardo Esgaio - Se falamos de um lateral temos também de falar de outro. O patinho feito Esgaio acabou por se sobressair no dérbi e foi também um perigo à solta na ala direita com boas incursões ofensivas. Na segunda parte, tal como a restante equipa, ficou mais apagado.

Ugarte - Um jogo tremendo de Ugarte com um papel preponderante na manobra do Sporting. A forma como o internacional uruguaio recuperou bolas e encheu o meio-campo colocou a zona intermediária do Benfica em sentido. Vai ser uma grande perda para os Leões, caso se confirme a transferência no final da temporada.

João Neves - Um miúdo que já está mais que pronto para estas andanças. Com um toque de requinte e classe, sempre dono da distribuição de jogo, sobressaiu-se ainda mais na segunda parte. Foi autor do golo do empate aos 94 minutos.

Aursnes - Aursnes começou por ser vítima das escolhas de Schmidt que o colocou a lateral direito. O norueguês já tinha jogado nessa posição, mas fazer frente a dois alas rápidos como os do Sporting acabou por dificultar mais as coisas. No segundo tempo, voltou à posição original do meio-campo e tudo correu melhor. Marcou ainda o 2-1.

Os piores:

Rafa - Um jogo muito apagado do extremo português. Rafa não conseguiu ser um perigo nas transições nem em ataque continuado. A linha defensiva do Sporting preparou-se bem para a velocidade do camisola 27 das Águias, também ele desinspirado.

João Mário - Não reagiu da melhor forma à receção pouco simpática em Alvalade e protagonizou uma primeira parte muito abaixo daquilo que já vimos esta temporada. A entrada de Bah no início do segundo tempo levou Aursnes para o meio-campo e alguém teve de ser o sacrificado...

Paulinho - Uma substituição de Amorim para tentar segurar o jogo no segundo tempo, mas que acabou por não ter o efeito desejado. O avançado português não conseguiu dar a estabilidade que a equipa precisava e também ficou ligado a um lance em que falhou o 3-1.

Reações dos protagonistas:

Ugarte frisa que Sporting merecia a vitória e Amorim deixa garantia: "vamos melhorar"

Schmidt salientou que os jogadores lutaram até ao último segundo, Aursnes falou da importância da conversa ao intervalo