Lito Vidigal podia ter entrado na história do Vitória de Setúbal como o primeiro técnico dos sadinos a vencer o FC Porto no Bonfim nos últimos 35 anos. Fez tudo para isso, enervou o Dragão, criou oportunidades mas foi traído por dois erros individuais que deram a vitória por 2-0 ao adversário e deixam o FC Porto na liderança, pelo menos, até ao jogo com o Benfica. A primeira parte do Dragão foi melhor que a segunda e só a 'bomba' de Sérgio Oliveira sossegou Conceição.
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O jogo: ninguém percebe as quedas do Dragão nas segundas partes
O FC Porto começa a evidenciar um problema em provas internas que terá de resolver o mais rapidamente possível. Na época passada eram as primeiras partes da equipa que não convenciam. Esta época são os segundos tempos. A equipa parece regressar mais sonolenta após o intervalo, deixa crescer os adversários e já teve dissabores com isso (empate em casa com o Chaves para a Taça da Liga e derrota com o Vitória de Guimarães para a primeira Liga).
Lito deve ter visto as fragilidades evidenciadas esta época pelo FC Porto quando defronta equipas que jogam com bloco baixo e linhas juntas, com muitas homens atrás da linha da bola. Quando assim acontece, os campeões nacionais sentem imensas dificuldades para criar lances de golo em jogo corrido: não há espaço, a circulação é lenta, o jogo entre-linhas não funciona e a tendência para ir para jogadas individuais facilita a vida de quem defende.
E este sábado não foi exceção. Mesmo a vencer, a jogar no meio-campo contrário, o FC Porto tinha muitas dificuldades em penetrar na bem organizada defensiva sadina. E isso porque essa circulação da bola era lenta, Brahimi não conseguia desequilibrar no um contra um, Otávio vinha atrás buscar jogo mas não conseguia fazer a bola chegar a Aboubakar e Marega, muito bem marcados.
No segundo tempo, com um Setúbal mais atrevido, tudo se complicou para os lados dos 'dragões'. Não fosse a mão de Valdu e o Setúbal teria empatado. E aí o jogo poderia ser diferente porque, a faltar pouco mais de meia hora, os sadinos iam jogar com os nervos dos campeões nacionais.
A entrada de Sérgio Oliveira serenou o jogo azul-e-branco, que passou a ter mais um homem no meio-campo, com capacidade para ir e voltar. Teve duas oportunidades, concretizou uma e serenou o jogo. Mas Sérgio Conceição tem de saber rapidamente porque a equipa cai tanto nas segundas partes. E tem de ser mais incisiva na hora de marcar: tem criado muitas oportunidades claras mas está a falhar em demasia.
Momento-chave: 'Frango' de Joel Pereira tirou forças aos sadinos
Numa altura em que o Vitória de Setúbal mandava no jogo e tentava, a todo o custo, chegar ao empate, Joel Pereira comprometeu as aspirações ao dar um 'frango', num livre de Sérgio Oliveira marcado de muito longe. A bola levava 'fogo' e passou por baixo do corpo do jovem guardião.
As polémicas: VAR e Manuel Oliveira muito contestados
O jogo esteve envolto em polémica por causa de dois lances: aos 22 minutos Filipe tocou na perna esquerda de Hildeberto Pereira quando este ia isolado para a área. O árbitro, que estava a seguir o contra-ataque, mandou seguir, para desespero dos sadinos.
Aos 53, nova polémica. Manuel Oliveira começou por dar golo ao Setúbal mas, alertado pelo VAR, foi ver as imagens. E aí pode ver que Valdú Té domina a bola com o braço antes de atirar para o fundo das redes. Golo anulado.
Os melhores: Organização defensiva sadina ia dando resultados. Militão é um 'centralão'
O 5-4-1 de Lito ia dando resultado. Bem organizados a defender, a equipa não esteve bem no primeiro tempo mas soltou-se na segunda parte e colocou o campeão em sentido. Grande atitude dos comandados de Lito Vidigal. A nível individual, elogios para as exibições de Valdu Té, Hildeberto Pereira e Vasco Fernandes.
Militão chegou a um mês ao FC Porto mas parece que está no clube há anos. Que bela compra fez o FC Porto este verão! Depois de ter brilhado a meio da semana na Champions, este sábado voltou a ser o melhor da defensiva azul-e-branca, com cortes fantásticos, sentido posicional de qualidade e uma grande exibição.
Os piores: Joel 'borrou' a pintura com um 'frango'. Corona é uma incógnita
Até estava a fazer um boa exibição, embora sem fazer grandes defesas, excepto aquela em que negou o golo a Sérgio Oliveira com os pés. Depois resolveu deixar passar por baixo do corpo uma bola que parecia defensável. A reação sadina para chegar ao empate 'morreu' aí.
Corona voltou a ficar no banco mas entrou e teve oportunidade para brilhar. Num lance em que podia ter feito o 3-0 depois de Marega deixar-lhe na 'cara' do golo (já sem Joel Pereira na baliza), resolveu fazer um chapéu e atirar a bola para fora quando não tinha ninguém na baliza. Noutro contra-ataque de quatro contra três, perdeu-se em fintas e depois passou para um adversário. Um desperdício.
A voz dos protagonistas: Conceição e Lito discordaram em quase tudo
Hildeberto Pereira, MVP da partida: “Lances polémicos? O árbitro é que manda”
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