No Estádio da Luz, disputou-se o jogo de encerramento da 21ª jornada entre Benfica e Boavista. Um encontro que tinha tudo para dar numa bela partida de carnaval, não fosse a força de vontade de Gonçalo Ramos em dar a vitória já nos dez minutos finais.
Os cerca de 58 mil adeptos nas bancadas viveram um jogo impróprio para cardíacos. O Benfica viu os três pontos escapar por duas ocasiões - até desfazer o nulo no marcador e depois de o Boavista empatar tudo.
Petit apresentava uma equipa capaz de tirar a paciência aos homens da frente de Schmidt, claramente impacientes e com alguma desinspiração sobretudo na primeira parte. Até deu para Grimaldo falhar um livre e João Mário uma grande penalidade. Mas, como no carnaval ninguém leva a mal, houve redenção nos pés do regressado Gilberto, Gonçalo Ramos e Musa. Do outro lado, só Yusupha conseguiu ser eficaz ofensivamente.
Em jogo com espetáculo de luzes, Hélder Malheiro acabou por ser o mais 'condenado' pelas bancadas, depois de alguns lances polémicos.
Com o 3-1 final, o Benfica mantém a vantagem pontual sobre o FC Porto (cinco pontos), enquanto que o Boavista fica no oitavo lugar.
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O jogo: Gonçalo Ramos foi ineficaz... até aos 80 minutos
Gonçalo Ramos espelha bem o que foi o Benfica neste jogo de encerramento da 21ª jornada. Uma ineficácia e desinspiração até ao ato heroíno de marcar o golo da vitória aos 80 minutos. Antes, os encarnados já tinham estado em vantagem, mas o Boavista a primeira vez que chegou com perigo à baliza adversária marcou.
Olhemos então para o filme daquela que poderia ter sido uma valente partida de carnaval de Petit a Schmidt. Com Gilberto no onze encarnado e Ibrahima e Sasso nos axadrezados, a tática de ambas as equipas não surpreendia. No Boavista, não se via um sistema de cinco defesas, mas era claramente uma equipa de tração atrás que tinha a missão clara de tirar o pão da boca à Águia faminta de golos.
Rafa deu o primeiro grande aviso logo após o apito inicial e todos esperavam o 1-0 aos 14 minutos, não fosse Grimaldo falhar aquilo que raramente falha - um livre direto.
Depois da entrada fulgurante, o Benfica esbarrou à entrada da área e só perto do intervalo é que chegaram novas investidas. Gonçalo Ramos começou por atirar à malha lateral e, já nos descontos, atirou para grande defesa de Bracali.
A intranquilidade nas bancadas era evidente e passava para dentro de campo. No segundo tempo, Schmidt colocou Neres no lugar de Florentino e a defesa do Boavista só procurava formas de afastar a bola das zonas de perigo.
Rafa e Gonçalo Ramos eram o rosto de protesto das Águias para Hélder Malheiro, em lances que a equipa pedia grande penalidade. Ainda assim, sem o castigo máximo, teve de ser Gilberto a fazer o 1-0. O herói improvável aproveitou - e de que forma - a entrada no onze ao desbloquear o marcador.
Tudo parecia resolvido, mas Petit mostrou que também sabia chegar às zonas de decisão e Yusupha acabou por fazer o golo do empate, que gelou as bancadas.
Depois de Grimaldo ter falhado um livre, os adeptos do Benfica esperavam que tudo voltaria à normalidade com a habitual eficácia de João Mário na marca dos 11 metros. Aos 69 minutos, o VAR confirmou um penálti para os encarnados, mas o internacional português permitiu a defesa de Bracali.
Já se percebia que os minutos finais iam ser de clara emoção e foi aos 82 minutos que chegou o momento do triunfo. Gonçalo Ramos, tão infeliz noutras ocasiões, atirou subtilmente sem hipótese para Bracali talvez na finalização mais difícil que teve ao longo de todo o jogo.
Com a vitória no bolso, os espaços eram maiores e Musa ainda marcou à ex-equipa sem esboçar um grande desfecho. Era o 3-1 do recém-entrado no encontro.
Momento do jogo
Gonçalo Ramos fez o mais difícil - Aos 82 minutos, Gonçalo Ramos já tinha feito tudo pelo golo, mas Bracali ganhava sempre no duelo direto. Depois de várias vezes em que falhou na hora de atirar para o fundo das redes, foi no momento de maior pressão que foi eficaz e teve classe no golo da vitória. Um golo que não só garantiu os três pontos para o Benfica, como também se destaca pela execução.
Os melhores
Gilberto - O lateral brasileiro não podia ter aproveitado melhor a oportunidade de Schmidt na ausência de Bah. Um golo e uma assistência depois de nos primeiros 45 minutos não ter sido tão eficaz no apoio ofensivo.
Gonçalo Ramos - O reflexo da resiliência encarnada. Gonçalo Ramos podia se ter deixado intimidar pelas oportunidades desperdiçadas, mas levantou a cabeça e apareceu no momento decisivo para fazer o golo da vitória.
Yusupha - Um papel ingrato para um avançado num jogo destes. Ainda assim, Yusupha deu grandes dores de cabeça à defesa do Benfica. Não só fez o golo do empate, como esteve muito perto de reduzir nos instantes finais.
Bracali - Uma exibição que só não foi de sonho pelos três golos sofridos e pela derrota. Ainda assim, Bracali negou sempre que pôde as finalizações certeiras do Benfica, incluindo uma grande penalidade do habitual eficaz João Mário.
Os piores
João Mário - Um jogo apagado do internacional português e que se refletiu na desinspiração da equipa. Destaque para a grande penalidade falhada. Ainda assim, assistiu para o 3-1 de Musa.
Florentino - Num duelo em que o Benfica estava grande parte do tempo no último terço do adversário, Florentino acabou por ter um papel ingrato por não ser aquilo que os encarnados mais precisavam. Schmidt percebeu isso e retirou-o ao intervalo.
Salvador Agra - Acabou por não trazer a explosividade no ataque que o Boavista precisava para ferir o Benfica em transições.
O que disseram os protagonistas
Roger Schmidt fala em vitória difícil, Gonçalo Ramos revela o que disse a João Mário após o penalti
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