O FC Porto recebeu e venceu o Moreirense por 3-1, em jogo que abriu a 32ª jornada da Primeira Liga. Apesar do resultado positivo, a exibição esteve muito longe de a ser, sendo brindada com muitos assobios, especialmente na primeira parte.

Valeu aos dragões alguns momentos de inspiração individual para conseguir superar um Moreirense com uma ideia de jogo muito clara, e que raramente se sentiu desconfortável na partida, isto apesar de ter passado muito tempo remetido ao seu último terço.

No final os comandados de Anselmi conseguiram o mais importante: três pontos que mantêm os azuis e brancos na luta pelo terceiro lugar, o melhor que o FC Porto poderá alcançar no final da temporada.

O jogo: Deserto de ideias, oásis pontuais

Martín Anselmi fez duas alterações na equipa após pesada derrota na Amadora. Alan Varela, castigado e Deniz Gul, deram os seus lugares a Nehuén Pérez e Samu. Do lado do Moreirense, duas também foram as alterações, com Dinis Pintos e Ivo Rodrigues entraram para os lugares de Gilberto Batista e Rúben Ismael.

Os primeiros minutos deram o mote para aquilo que o jogo iria ser na maior parte do tempo: FC Porto com bola e Moreirense compacto no seu último terço, em busca da transição ofensiva. Contudo a primeira meia-hora nada trouxe de interessante; os dragões não conseguiam criar o mínimo perigo, e os cónegos não tinham capacidade para sair a jogar.

Uma profunda letargia e um deserto de ideias apenas equiparável ao deserto nas bancadas do Dragão, naquela que deverá ter sido uma das piores 'casas' da temporada. Apesar de poucos, os adeptos portistas cedo se fizeram ouvir, brindando os jogadores com assobios e uma clara falta de paciência a cada lance perdido ou passe à retaguarda.

Foi assim preciso esperar até aos 30 minutos para vermos realmente um jogo de futebol. O mote foi dado por Rodrigo Mora, quem mais, ao atirar ao poste após um remate em arco à entrada da área. E enquanto os dragões lamentavam a perdida, o Moreirense foi sorrateiramente progredindo no terreno e, em meia-dúzia de passes, colocou Yan Maranhão na cara do golo, e o brasileiro não desperdiçou.

Apesar de ser o primeiro remate dos cónegos, o golo não surpreendia e agudizava ainda mais o clima de intranquilidade portista. A reação dos da casa foi ténue, e quase sempre suportada em iniciativas individuais, tal era a incapacidade para desmontar o bloco minhoto.

E foi de um desses lances que surgiu o empate. Fábio Vieira trabalhou pela direita e cruzou ao segundo poste onde surgiu Francisco Moura a cabecear para o fundo das redes de Caio Secco.

Após o empate esperava-se que o FC Porto continuasse a carregar para dar a volta ao resultado...nada mais longe da verdade. Até ao intervalo foram do Moreirense as melhores (e únicas) oportunidades para marcar; nessa altura valeu aos dragões duas grandes defesas de Cláudio Ramos a evitar que os portistas fossem em desvantagem para as cabines.

Na segunda parte a toada manteve-se. O Moreirense encolhido cá atrás e o FC Porto incapaz de o ameaçar. Sempre que possível, os minhotos lá saiam para o ataque, tal era a facilidade com que quebravam linhas de pressão, contudo, não mostravam a mesma clarividência do primeiro tempo.

Com a partida num verdadeiro impasse, um lance fortuito acabou por ser decisivo. João Mário entrou na área e cruzou contra o braço de Maracás, lance que levou Gustavo Correia a assinalar grande penalidade e Samu a dar a cambalhota no marcador.

Os forasteiros tentaram responder, mas já sem a energia necessária, dando agora mais espaço ao adversário. E espaço é algo do qual Rodrigo Mora não precisa em grande quantidade para fazer a diferença; 79 minutos e o jovem dragão a arrancar pela esquerda, servindo Samu que, fazendo-se valer da sua estampa física, ganhou posição e fez o 3-1 final.

No final acabou por vencer a equipa que melhor aproveitou as oportunidades de que dispôs. A vitória do FC Porto mantém os dragões na luta pelo pódio, mas também as incertezas relativamente à capacidade da equipa em alcançar tal objetivo.

O momento: Uma mãozinha na reviravolta

O FC Porto não parecia ter soluções para criar perigo junto da baliza do Moreirense, mostrando uma inoperância que trazia da primeira parte. Aos 68 minutos João Mário conseguiu entrar na área e cruzar, levando a bola a bater no braço de Maracás.

Gustavo Correia assinalou grande penalidade e Samu, da marca dos onze metros, colocou o FC Porto na frente do marcador pela primeira vez, permitindo ao dragão respirar de alívio.

O melhor: O artista isolado

Rodrigo Mora voltou a ser a figura de destaque no FC Porto. Apesar de não ter marcado qualquer golo, o jovem portista foi de longe o jogador mais consistente ao longo dos 90 minutos, e aquele que procurou sempre, e às vezes sozinho, desbloquear a partida e quebrar o bem organizado bloco do Moreirense.

Exemplo disso é o lance do terceiro golo onde, contra todas as expetativas e com dois adversários pelo caminho, Mora arrancou rumo à grande área e serviu Samu que depois apenas fez o mais fácil.

O talento de Rodrigo Mora é inegável, mas é preocupante que uma equipa como o FC Porto esteja tão dependente da sua inspiração.

O pior: Uma sombra do que foi (e pode ser)

Pepê voltou a ser um dos elementos mais apagados e inconsequentes da partida. É verdade que, especialmente durante a primeira parte, o brasileiro foi apenas mais um numa equipa inofensiva e sem ideias; mas, ao contrário de alguns dos seus colegas, Pepê não teve um único momento em que fizesse a diferença e desequilibrasse a partida.

De há duas temporadas para cá que temos assistido a um estranho declínio nas exibições e preponderância do brasileiro nos azuis e brancos, quase como um bloqueio mental...ou como se já cá não quisesse estar. Só o próprio poderá clarificar o que se passa.

O que disseram os treinadores:

Martín Anselmi, treinador do FC Porto

Gilberto Andrade, treinador-adjunto do Moreirense

O resumo