“Hoje conseguimos chegar finalmente a um entendimento para, em conjunto com outros sócios da federação, procurarmos um novo caminho que permita, eventualmente, a marcação de uma assembleia para podermos resolver este problema”, disse o presidente da Comissão Delegada das Associações Distritais e Regionais de Futebol (CDADRF), Júlio Vieira, no final da reunião que juntou em Leiria 19 das 22 associações.
“É voltar ao princípio. É impossível chegarmos a um entendimento se não estivermos abertos a um diálogo e à concertação”, acrescentou o presidente da comissão, revelando que 15 associações votaram favoravelmente a medida.
Em Leiria, contudo, as associações distritais reafirmaram as reservas relativamente ao novo RJFD: “Este é só um ponto de partida para um futuro entendimento. Continuamos com divergências de fundo em relação à aplicação do método de Hondt (na definição dos conselhos de arbitragem, disciplina e fiscal) e à representatividade”.
O movimento associativo do futebol detém 55 por cento dos votos na assembleia-geral da FPF e o novo RJFD prevê a redução para 35 por cento.
“Temos dificuldade em aceitar, em nome dos fundamentos do movimento associativo, ter uma representatividade do futebol não profissional abaixo dos 50 por cento” porque “representamos 90 por cento do futebol português em número de atletas, de clubes, de árbitros e de jogos. 50 por cento é o mínimo que achamos aceitável para irmos para uma assembleia geral confortáveis em relação ao que será, para o bem e para o mal, o futuro do movimento associativo em Portugal”, sublinha Júlio Vieira.
A reunião de Leiria serviu para voltar “a um caminho que terá de se fazer para, eventualmente, chegarmos a um entendimento. Mas não arrisco prognósticos”.
O presidente da CDADRF, que considerou “muito curiosas” as críticas de outras modalidades à falta de actualização dos estatutos da FPF, lembrou ainda que a suspensão da Utilidade Pública Desportiva da FPF “faz-se sentir de forma cirúrgica apenas nas associações. Foi uma retirada da Utilidade Pública estratégica e à medida, nos interesses de quem produziu esta legislação e a tem defendido”.
O secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, é visado pela CDADRF por ter, com o Regime Jurídico, criado “um fato à medida do futebol profissional, retirando poder àqueles que foram fundadores do edifício federativo”.
As associações distritais defendem “a repartição do poder” na assembleia da FPF, mas acusam Laurentino Dias de “nunca ter procurado o ponto de equilíbrio”.
“Este secretário de Estado vai um dia sair do Governo e quem vai ficar cá a conviver com este Regime Jurídico e a conviver com as dificuldades que ele na prática traduz é o movimento associativo”.
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