No fórum organizado pela Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF) em Portimão, Jorge Jesus usou da palavra e falou de vários temas da atualidade. O técnico recordou o seu trajeto na Arábia Saudita.
"Jogador Saudita não gosta de trabalhar"
"Hoje é mais fácil ser treinador do que quando comecei. Há mais ferramentas. Tens uma equipa técnica ao teu lado que te dá várias informações e que te permite evoluir. Estive sete meses na Arábia Saudita e não quis continuar. Encontrei na Arábia um país com um futebol muito evoluído. Porquê? Porque tem uma capacidade económica muito grande e podes contratar melhores jogadores, melhor qualidade de jogo, melhores treinadores. Isso faz evoluir todo o jogo. Jogadores contratados a 20 e a 30 milhões de euros. Tive de me adaptar. Cá está. O treinador tem de se saber adaptar à realidade do clube, do país e aos próprios jogadores. O jogador saudita não gosta de trabalhar, nem gosta de compromisso. Tive de me adaptar a isso…", revelou, citado pelo Record.
O técnico confirmou que evoluiu com a sua experiência na Arábia Saúdita.
"Vim mais treinador da Arábia Saudita. Não tenham dúvidas disso. A forma como olho para o treino e para o jogo… Hoje sei olhar muito mais para o jogador estrangeiro, percebo coisas que não percebia. Esta experiência foi uma valorização para mim enquanto treinador", rematou sobre este tema.
O técnico aplaudiu a iniciativa da ANTF e a partilha de ideias.
"A diferença começa aqui, no partilhar de ideias. É por isso que digo que estamos muito mais à frente no treino. E cada, como é óbvio, com a sua identidade. Vamos moldando, aprendendo e fazendo as nossas análises em relação ao treino. Tenho reparado que estão aqui muitos jovens, que querem ser futuros treinadores. Não me canso de dizer isto: o fator mais importante num treinador é a criatividade. É a partir daqui que tudo acontece. Não sou o mesmo treinador de quando comecei no Amora. Ao longo dos anos fui evoluindo com os meus erros e com as minhas virtudes. Fui sempre criando os meus treinos, pela minha cabeça, em função das minhas ideias (...).
O técnico acabou por dar uma aula de tática e recordou as características de Vítor Damas.
"Olhamos para o jogo e a primeira fase de construção é importantíssima para criares desequilíbrios. O desporto e o futebol são isto: ganhares vantagens numéricas. Para que a posse de bola tenha mais vantagem para criar espaço para o golo. Damas jogava com os pés como muitos jogadores de campo não o faziam. Se Damas jogasse hoje, era o melhor. Preocupo-me muito com a fase de construção. Procura criar a superioridade de 3 jogadores, uma vez com o médio, outra com o guarda-redes, situações de risco. Mas não é uma ideia 100 por cento eficaz de olhar para o jogo".
A mudança das regras no pontapé de baliza, que deixa de ter que ser batido para fora da área, também mereceram o comentário de Jesus.
"Para mim não altera nada. Vai ser igual. Mas não vos explico porquê."
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