O presidente da Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD) considerou hoje que não faz sentido que um clube de futebol apoie claques e adeptos sem se rever nos seus comportamentos.
“Sempre que um clube não se reveja no comportamento dos seus adeptos, em termos de comportamentos violentos ou outros que aí se referem, não fará sentido que um clube apoie ou pelo menos não limitar os apoios que presta às claques”, disse à agência Lusa o presidente daquele autoridade, Rodrigo Cavaleiro.
Questionado sobre a decisão do Sporting de rescindir os protocolos com as claques Juventude Leonina e Diretivo Ultras XXI e possíveis comportamentos de violência, Rodrigo Cavaleiro salientou que não fala de casos em particulares, sustentando que tem “a certeza de que as forças de segurança estão a acompanhar essa situação”.
O responsável optou por destacar os princípios das relações entre claques e clubes de futebol.
Nesse sentido, frisou que é necessário existir uma posição por parte dos clubes de inclusão das boas iniciativas e práticas dos adeptos e “exclusão de comportamento violentos, ilícitos e dados como indesejáveis no contexto desportivo”.
“Nesta lógica é importante o primeiro passo, o chamado registo das claques”, disse, explicando que este registo “é uma condição obrigatória para haver apoio do clube”.
Segundo Rodrigo Cavaleiro, neste momento estão registadas na Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto 30 claques, nomeadamente quatro do Sporting, entre as quais a Juventude Leonina e o Diretivo Ultras XXI.
Dos três “grandes” clubes portugueses só o Benfica é que não tem claques registadas.
O presidente deste organismo, criado em 2018 e sob tutela do Ministério da Educação, sublinhou que a relação entre as claques e os clubes “não deve ficar” pelo registo, sendo também importante os protocolos que permitem o reconhecimento da relação e o estabelecimento daquilo que são os direitos e deveres de cada uma das partes.
“Os protocolos devem trazer transparência relativamente aos apoios patrimoniais prestados às claques e também uma atitude disciplinadora”, afirmou, realçando que esta é uma peça que “facilita a relação”.
Segundo o mesmo responsável, estes protocolos permitem aos clubes patrocinar os bons comportamentos dos adeptos e as boas iniciativas das claques, mas, por outro lado, limitam o seu crescimento “quando estão em causa comportamentos indesejados no contexto desportivo”.
“O clube deve estabelecer um protocolo com as claques onde estão assumidos os direitos, aquilo em que o clube se compromete a apoiar a claque de forma transparente e, por outro lado, os deveres que cada claque tem de cumprir para que o protocolo vigore”, disse, sendo estes protocolos que o Sporting rescindiu com duas das suas claques.
Questionado sobre a intervenção do Estado na questão da violência das claques, Rodrigo Cavaleiro afirmou que “uma das chaves para se enfrentar as situações de violência e intolerância nos espetáculos desportivos é precisamente uma lógica de alinhamento institucional, de trabalho multidisciplinar contando com todos os atores envolvidos”.
De acordo com aquele oficial da PSP, a inclusão dos adeptos e exclusão dos comportamentos de risco é algo que cada entidade pode fazer ao seu nível, tanto os clubes, como as entidades do Estado, designadamente APCVD e os tribunais através da aplicação das interdições dos adeptos nos estádios.
No domingo, o Sporting rescindiu “com efeitos imediatos” os protocolos que celebrou em 31 de julho com a Associação Juventude Leonina e com o Diretivo Ultras XXI – Associação, anunciou o clube, devido à “escalada de violência” recente.
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