É um dos campeonatos mais competitivos e atraentes do mundo e, agora, a Premier League entra numa nova competição: a luta pelos direitos de transmissão dos jogos da liga inglesa.

Segundo avança o jornal espanhol Marca, o mês de janeiro será o tempo de abertura de hostilidades para garantir os direitos de transmissão das partidas do campeonato inglês entre 2019 e 2022 e tudo aponta para que se batam novos recordes históricos no valor desses direitos.

Isto porque existem novos competidores a entrar na luta. O Facebook, Netflix, Amazon e Twitter, serviços digitais de renome mundial, querem entrar nesta competição e podem colocar em perigo a Sky Sport e a BT Sport, cadeias televisivas que garantiam os direitos de transmissão das partidas da liga inglesa nos últimos anos.

"Este é o precsso de venda de direitos mais fascinante da história porque existem muitas incógnitas. Vai rebentar a bolha dos direitos desportivos? As novas plataformas vão arriscar esta época, quando parecia que a tendência de investimento seria menor?", afirmava à BBC um representante histórico deste tipo de processos de vendas de direitos.

Nas duas últimas negociações, o preço dos direitos televisivos aumentou 70% relativamente à negociação anterior e tudo vai depender de quão forte irão apostar os novos atores digitais. A Amazon, por exemplo, já assegurou os direitos de 37 torneios ATP de ténis para o Reino Unido e para Irlanda e, como tal, a especulação de que poderão apostar forte na Premier League é justificado.

O Facebook, por outro lado, já começou a retransmitir jogos da Liga dos Campeões, graças a um acordo com a Fox Sports. A postura oficial do gigante da internet é que "não descartam" entrar na corrida pelos direitos da Premier League.

O concorrente mais sério às novas plataformas digitas continua a ser a Sky, a cadeia televisiva que detém os direitos de transmissão dos jogos desde 1992/1993. Parece pouco provável que não ganhem esta negociação. Por outro lado, a BTSport tem mais dúvidas associadas que a Sky porque, oficialmente, deram a entender que não ter os direitos da Premier League não seria "basilar" para a empresa.

Amazon já entrou no mercado do desporto

No passado mês de agosto, foi anunciado que a Amazon conseguiu arrebatar as emissões dos torneios de ténis da ATP à cadeia de televisão Sky, depois de desembolsar 11,2 milhões de euros. Assim, a empresa digital irá emitir no Reino Unido todas as competições da próxima tournée mundial, excepto as quatro mais importantes: Roland Garros, Wimbledon, o Open de Austrália e o Open dos Estados Unidos.

A empresa liderada por Jeff Bezos conta também com os direitos de retransmissão de um jogo da NFL todas as sexta-feiras, um serviço pelo qual teve de desembolsar 50 milhões de dólares (cerca de 43 milhões de euros). Além disso, na Alemanha, pode transmitir todos os conteúdos desportivos da Eurosport, o que lhe permite oferecer eventos como o Mundial de Moto GP ou algumas partidas da Bundesliga.

Mais jogos do que nunca

Esta nova licitação deverá oferecer um total de 200 jogos em direto, um aumento de 32 jogos, em comparação com os 168 que detêm a Sky e a BTSport. Este novo valor ditará que os clubes da Premier League terão um orçamento enorme para ir ao mercado.

Em boa verdade, 15 das 20 equipas atuais a competir na principal divisão inglesa realizaram a contratação mais cara da sua história nas duas últimas temporadas, enquanto quatro das cinco restantes equipas fizeram-no nos últimos quatro anos.

Só o Newcastle continua impassível neste dado, visto que os 25 milhões que pagaram por Owen em 2005 continuam a ser o seu recorde.

Com muitas incógnitas e a possível chegada de novos competidores nesta corrida muito particular, tudo aponta para que a Premier League voltará a ter um contrato televisivo sem igual no mundo, o que poderá repercutir-se no mercado de transferências. No próximo mês, tudo será conhecido, quando for revelado o vencedor desta luta muito particular pela conquista dos direitos da liga inglesa.

Preço dos direitos televisivos nos últimos anos:

1992-1997: 216 milhões de euros

1997-2001: 760 milhões de euros (+252%)

2001-2004: 1.361 milhões de euros (+79%)

2004-2007: 1.161 milhões de euros (-15%)

2007-2010: 1.935 milhões de euros (+66,7%)

2010-2013: 2.011 milhões de euros (+4%)

2013-2016: 3.424 milhões de euros (+70%)

2016-2019: 5.827 milhões de euros (+70%)