Em 19 meses de mandato como presidente do Sporting, José Eduardo Bettencourt negociou a reestruturação financeira do clube, mas não conquistou qualquer título nacional e ficou associado à venda do futebolista João Moutinho ao rival FC Porto.
Em termos desportivos, a época e meia de gestão do primeiro presidente remunerado da SAD “leonina”, que apresentou a demissão sábado, após a derrota em casa com o Paços de Ferreira (2-3), é nula em termos de conquistas.
No conjunto das várias competições em que participou – Liga, Taça de Portugal, Taça da Liga, Liga dos Campeões e Liga Europa –, o Sporting venceu nesse período menos jogos (42) do que aqueles em que cedeu pontos (43, com 22 empates e 21 derrotas).
A 16 pontos do líder FC Porto e a oito do Benfica após a primeira jornada da segunda volta, o Sporting, terceiro classificado, tem esperanças muito reduzidas quando à conquista do título.
E terá mesmo que se manter muito atento aos interessados nos lugares “europeus”, como Vitória de Guimarães, Nacional, União de Leiria, Sporting de Braga e, até, Beira-Mar.
Afastado da Taça de Portugal, a nível interno resta aos “leões” a Taça da Liga, destacando-se a boa figura na fase de grupos da Liga Europa (quatro vitórias e duas derrotas) e o apuramento para os 16 avos de final, fase em que vai defrontar o Glasgow Rangers.
Já no que diz respeito à gestão desportiva propriamente dita, José Eduardo Bettencourt fez o (até aqui) mais volumoso negócio envolvendo clubes nacionais: a venda de João Moutinho ao FC Porto por 10 milhões de euros, a que juntou a troca de um jogador avaliado num milhão (Nuno André Coelho). No entanto, não se livrou de várias críticas de sportinguistas por ter cedido o “capitão” a um rival directo.
Durante o mandato teve três treinadores – Paulo Bento, Carlos Carvalhal e Paulo Sérgio – e assinou contratos com uma boa dúzia de jogadores: João Pereira, Pedro Mendes, Maniche, Evaldo, Diogo Salomão, Matias Fernández, Nuno André Coelho, Jaime Valdez, Pongolle, Torsiglieri, Zapater e Hildebrand, os quatro últimos pouco utilizados.
Para fazer a ponte com os “activos” desportivos, começou por escolher Sá Pinto, mas o antigo internacional deixaria de ser director para o futebol após forte altercação com Liedson.
Seguiu-se Costinha para as mesmas funções, mas não pareceu suficiente para Bettencourt, que entendeu precisar de mais um “líder” de grupo, chamando José Couceiro para, como director-geral, fazer a ponte entre o plantel e a administração da SAD.
Bettencourt sai num período crucial: quando decorre a segunda “operação harmónio” da história do Sporting, integrada numa reestruturação financeira negociada com a banca que visa a saída da falência técnica.
Ainda como referencial da passagem de Bettencourt pelo Sporting, verifica-se que as acções da SAD perderam quase metade do valor desde a sua chegada: valiam 1,24 euros a 08 de Junho de 2009 (a primeira segunda-feira após a sua eleição), estando hoje cotadas a 0,66 euros (apenas 53,2 por cento do valor inicial).
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