No Brasil não faltavam Ronaldos nos anos 90. Porém, Ronaldo Nazário de Lima marcou definitivamente “o antes e o depois” num nome hoje engrandecido por um português. O ex-jogador brasileiro, de 37 anos, continua a ser o melhor marcador de sempre dos Mundiais, com 15 golos em quatro presenças na competição.
O ‘Fenómeno’, como a história se encarregou de o apelidar, superou em 2006 o recorde de 14 golos do mítico alemão Gerd Muller e subiu ao trono dos goleadores dos Mundiais. Caso Miroslav Klose, igualmente autor de 14 golos na prova, não seja convocado para o Brasil, então o seu recorde promete durar mais alguns anos. O avançado alemão de 35 anos é o único jogador ainda em atividade que pode facilmente superar o seu feito.
Neste 15º capítulo do Oceano de Histórias, a história dos 15 golos de Ronaldo não começa pelo início. Em 1994, com apenas 17 anos, Ronaldo soube pela primeira vez o que era ser campeão do Mundo… mas fê-lo sem jogar um único minuto, ficando na sombra de Romário e Bebeto. Aqui, a história avança imediatamente para 1998.
De maior jogador do Mundo à maior desilusão
O ano era 1998. O Mundo centrava o seu olhar em França, onde o Campeonato do Mundo se estendia como a passadeira vermelha para o brasileiro Ronaldo. Considerado o melhor jogador do Mundo para a FIFA em 1996 e 1997, o avançado do Inter já deslumbrara os adeptos no PSV Eindhoven e no Barcelona. Depois de ser o ‘caçula’ em 1994, Ronaldo carregava o ‘escrete’ às costas com apenas 21 anos.
Sob a orientação de Zagallo, o Brasil apenas tremeu com a Noruega, numa surpreendente derrota na fase de grupos, e com a Holanda, numas meias-finais decididas somente nas grandes penalidades, mas os ‘sustos’ não manchariam a campanha até à final. E Ronaldo ia cumprindo a sua missão.
O golo de estreia surgiu no triunfo sobre Marrocos, por 3-0, na segunda jornada da fase de grupos. Depois veio o primeiro ‘bis’, com os dois golos apontados na goleada ao Chile (4-1) nos oitavos de final. Por fim, o quarto tento na competição foi no emotivo duelo com a Holanda, cuja vitória precisou de penáltis para ser atribuída.
Chegou então o dia 12 de julho, o dia de uma polémica que ainda hoje perdura. Sob os holofotes do mundo, Ronaldo pura e simplesmente não existiu na final com a França, onde os gauleses fizeram a festa do primeiro título sob a batuta de Zidane. Até hoje se discute a verdadeira razão para o “eclipse” do Fenómeno na final de Paris.
Desde stress a ataque de ansiedade ou ataque epilético, muitas foram as versões para explicar o facto de Ronaldo se ter sentido mal e ter estado internado no hospital até uma hora antes da final. Em 2012, o cardiologista Bruno Caru, ex-presidente da Sociedade de Cardiologia Desportiva, revelou que o avançado brasileiro teria sofrido um problema cardíaco e que a forte medicação que lhe foi prescrita praticamente anestesiou-o em campo.
A controvérsia “virou caso de polícia” no Brasil, o único país do Mundo onde uma derrota poderia originar uma Comissão de Inquerito para apurar o sucedido. No tribunal, Ronaldo foi tão conciso quanto esclarecedor ao ser questionado sobre as razões da final perdida na capital gaulesa: «Porque a França marcou três golos e o Brasil nenhum».
Os quatro golos em 1998 foram o início de uma lenda, mas não impediram a desilusão dos muitos fãs do jogador, que nesse Mundial viram Ronaldo ceder o trono para o novo rei do futebol, o francês Zinedine Zidane.
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