Enquanto Cristiano Ronaldo estiver na seleção portuguesa - e que por lá continue mais anos - nunca será a seleção portuguesa, mas sim Cristiano Ronaldo e os outros. Foi isso o que aconteceu neste Mundial no Qatar, mais do que nos anteriores.
A polémica entrevista concedida a Piers Morgan, o afastamento do Manchester United e sua nova posição no banco de suplentes ajudaram a que Ronaldo fosse (ainda) maior do que a seleção portuguesa. Parece até que Portugal passou despercebido no Médio Oriente e isso esteve patente em todas as conferências de imprensas, antes e depois de cada jogo.
A culpa não é de Cristiano Ronaldo, até porque o próprio não se mostrou nas quatro linhas durante este Mundial, mas as objetivas apontadas dispersarem os objetivos de Portugal, que se ficou pelos quartos de final.
Resumo do jogo: Uma muralha também pode ser grandiosa
As cautelas exageradas no primeiro tempo, que poderiam ser confundidas com algum temor, juntaram-se a um erro de Diogo Costa. Estes fatores ditaram o afastamento da seleção nacional do Mundial no Qatar, com uma derrota frente a Marrocos (0-1), nos quartos de final da prova.
Tal como tinha sucedido em 1986, no Mundial do México, na altura ainda na fase de grupos, a equipa lusa voltou a ser superada pelo conjunto africano, ao qual bastou um golo de Youssef En-Nesyri, aos 42 minutos, aproveitando um erro monumental do guarda-redes português, que, desta vez, não foi salvo por qualquer escorregadela de um adversário, como sucedeu na estreia, com o Gana.
Quanto ao onze, relativamente ao encontro frente à Suíça, o selecionador nacional mudou apenas uma peça, apostando em Rúben Neves e deixando William Carvalho no banco de suplentes. Cristiano Ronaldo também começou no banco, tendo entrado no início do segundo tempo.
As melhores imagens do encontro
A primeira parte demonstrou aquilo que se esperava - tal como aconteceu na eliminação da Espanha - com uma seleção marroquina muito fechada, à espera do erro dos portugueses ou do momento inesperado.
Até ao apito final, Portugal foi tentando não ser eliminado do campeonato do mundo, com grandes oportunidades para João Félix (82'), Cristiano Ronaldo (90'+1) e Pepe (90'+7), mas a sorte nem sempre protege os audazes.
Com o apito final, Cristiano Ronaldo foi o primeiro a sair em direção ao balneário, em lágrimas.
Ainda que seja o melhor desempenho luso num Mundial nos últimos 16 anos, a seleção nacional voltou a cair cedo demais numa fase final, tendo em conta o talento que tem à disposição, mas que, no primeiro tempo, esteve demasiado amarrado às cautelas na inconsequente circulação de bola, sem criatividade para criar e encontrar linhas que ferissem verdadeiramente Marrocos.
A exibição e a goleada à Suíça na fase anterior foram anuladas por um adversário que, com um futebol pouco atrativo, já tinha surpreendido a Espanha e, agora, alcançou o melhor registo de sempre de uma seleção africana num Mundial. Certo é que ficará num dos primeiros quatro lugares no Qatar, algo inédito para um conjunto daquele continente.
Minuto 42, o momento que ditou o adeus português
O golo de Marrocos: Já perto do intervalo, aos 42 minutos, En-Nesyri marcou o único golo da partida, com muitas culpas para Diogo Costa, que saiu muito tarde ao cruzamento de Ziyech. Um momento que viria a ditar o resto do encontro, uma vez que a equipa africana fechou-se ainda mais no seu campo.
João Félix e Bruno Fernandes mereciam mais
João Félix: Foi o jogador mais desestabilizador da seleção portuguesa e o que esteve, por várias ocasiões, mais perto de marcar, com um cabeceamento aos quatro minutos e um remate desviado à meia hora de jogo. Aos 82 minutos, o avançado do Atlético de Madrid quase deu esperanças ao povo português.
Bruno Fernandes: O mais azarado da equipa, mas mostrou uma insistência genuína em querer fazer a mudança. Depois do golo dos marroquinos, Bruno Fernandes esteve muito perto de marcar com um belo remate em arco, mas a bola foi travada pela barra.
Diogo Costa: Não esteve à altura do desafio. Além das culpas no golo, o guardião do FC Porto, no segundo tempo, quase voltou a ser surpreendido ao socar a bola e esta a ressaltar em El Yamiq. Por sorte saiu ao lado da baliza portuguesa.
As reações
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