A goleada de Portugal frente à Suíça celebrou-se hoje em Luanda, com milhares de portugueses a vibrar na capital angolana com a passagem aos quartos de final do Mundial de futebol do Qatar.
Muitos optaram por juntar amigos à volta da mesa num dos mais tradicionais restaurantes da cidade, bem conhecido pelos apreciadores de comida portuguesa, o São João, que teve casa cheia, com os comensais de olhos pregados nos écrans espalhados pela sala, e por hoje mais concentrados no jogo do que na refeição.
O primeiro golo, aos 17 minutos de jogo, foi celebrado de forma pouco efusiva, mas o entusiasmo foi crescendo quando cerca de um quarto de hora mais tarde Portugal voltou a marcar.
A emoção intensificava sempre que os jogadores portugueses se aproximavam da baliza suíça, com os adeptos a oscilar entre a indignação do “passa a bola” e a aprovação das palmas para os melhores lances e o desfile de golos que prosseguiu até aos momentos finais.
Felisbela Vitorino, natural de Barroselas (Viana do Castelo) e residente há vários anos em Angola, viveu com emoção a partida, assumindo a paixão pelo futebol, sobretudo quando joga a seleção.
“Estando em Portugal ou fora, a emoção é a mesma, talvez estando fora seja ainda mais especial”, disse à Lusa, considerando que o jogo foi “mais fácil do que estava à espera” e elogiando a “união da equipa” que, acredita, vai fazer Portugal chegar à final.
“Viva Portugal!”, exclamou.
Luis Antunes, natural de Alenquer e em Angola há 15 anos, admite que vive os dias de jogo com “uma emoção diferente”, e com grande satisfação quando Portugal ganha.
“Aqui tem outro gosto”, brinca.
Para Luís, os jogos têm uma rotina própria e cada um tem o seu amuleto. Neste Mundial é o amigo Ricardo, que o acompanha hoje e nos jogos que Portugal ganhou, explica.
“Sábado cá estaremos novamente, vai ser o nosso amuleto da sorte e o nosso contributo. Ele é o meu amuleto e eu sou o amuleto dele e nós os dois torcemos pela seleção”, salienta.
Apesar de ter ainda dúvidas sobre quem vai ser o adversário na final, afirma ter “98 a 99% de certeza de que Portugal será campeão”.
Sobre o desempenho das equipas africanas, considera positivo que haja mais seleções a chegar a sobressair para “acabar com a supremacia das equipas europeias”.
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“O que se nota é que as grandes equipas estão a entrar em declínio e as pequenas equipas - como Portugal há uns anos - estão a ascender, tal como as equipas africanas. E é preciso não esquecer que a maioria dos jogadores destas equipas jogam na Europa em grandes clubes e trazem todo o conhecimento para as suas seleções”, comentou.
Também visivelmente bem-disposto está Licínio Barreira, o atual proprietário do restaurante que há mais de 50 anos se estabeleceu em Luanda.
“Para quem esta a 6.000 quilómetros de casa estas alegrias fazem-nos muito bem, dão-nos muto alento para continuar a trabalhar amanhã e na próxima semana, porque não e fácil estar fora das nossas famílias, dos nossos amigos. Fazemos esse trabalho de casa, vamos convidando, vamos passando a mensagem, tentando sempre que a casa tenha uma taxa de ocupação boa, simpática, sem confusões”, disse à Lusa.
Apesar de estar a trabalhar, foi espreitando o andamento dos jogos.
“Estive com muita atenção aos golos de Portugal, fui vibrando como toda a sala vibrou. Penso que temos equipa para ir às meias-finais e até mesmo à final”, prevê, acrescentando que recebeu já hoje várias reservas para sábado, dia em que Portugal defronta Marrocos e haverá um misto de comida angolana e portuguesa.
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