Acesso às pessoas com mobilidade reduzida, audiodescrição dos jogos e agora espaços de relaxamento para pessoas com espetro do autismo: com "salas sensoriais" em três estádios e próximas de fan zones, o Campeonato do Mundo do Qatar tenta abrir espaço para um novo público.
O Mundial, que começa no dia 20 de novembro, "será o melhor de todos os tempos e também o mais acessível", prometeu o presidente da FIFA, Gianni Infantino.
Como novidade desta edição, haverá espaços dedicados às pessoas autistas ou que têm problemas de tratamento sensorial. Os espaços estão instalados em três estádios (Al-Bayt, Education City e Lusail) e outros seis serão acessíveis para as principais fan zones e para quem se desloca ao estádio Education City.
"Às vezes o ambiente (nas bancadas) torna-se um pouco stressante e estas salas são um ambiente tranquilo e seguro onde essas pessoas podem continuar a aproveitar o jogo", explica Hala Ousta, responsável pela acessibilidade na FIFA.
Estes espaços, com capacidade para mais ou menos dez pessoas (que devem dispor de bilhetes específicos para elas e um acompanhante) estão todos equipados com grandes janelas polarizadas que permitem continuar a assistir aos jogos num ambiente tranquilo.
Tapetes coloridos, colchões sensoriais, projetores, leds e fibra ótica oferecem muitas atividades nas quais as crianças e jovens podem imergir se estiverem stressados pelo ambiente das bancadas.
Isso não quer dizer que estes adeptos fiquem confinados nestes espaços. "Não é uma separação entre eles e nós. É para que eles se acostumem pouco a pouco com os estádios", explica Alison Saraf, envolvida no projeto de um comércio especializado no desenvolvimento e educação de crianças autistas fundado em Doha.
Protetores de ouvido, mantas e brinquedos anti-stress também estão disponíveis para os que quiserem se aventurar nas bancadas.
- "Novidade num Mundial" -
A experiência não é nova: o estádio do Watford, em Inglaterra, conta com uma sala sensorial desde dezembro de 2016. "Já vimos clubes fazerem isso, mas é uma novidade num Mundial", diz Mark Dyer, encarregado da acessibilidade da organização catari.
"Localmente, o pedido foi feito nos encontros sobre o tema da acessibilidade lançado desde 2016", acrescenta Samantha Sifah, também membro da organização do Mundial2022.
As primeiras salas foram inauguradas nas competições que serviram de preparação para o Campeonato do Mundo nestes últimos anos, como o Mundial de Clubes e a Taça Árabe.
A poucos dias da prova mais importante do futebol do Mundo, as salas estão "99% reservadas", estima Mark Dyer.
Outra novidade da edição 2022: uma aplicação gratuita permitirá às pessoas com deficiência visual acompanhar todos os jogos, assim como as cerimónias de abertura e encerramento, com audiodescrição em inglês e em árabe.
Esta possibilidade existe nos estádios desde a edição de 2014, no Brasil, mas só estava disponível para alguns jogos e mais para o idioma do país organizador do que em inglês.
Os organizadores prometem também um "trajeto totalmente acessível" para os adeptos com mobilidade reduzida, do seu alojamento nos estádios, às fan zones, em transportes públicos e de carro.
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