Data de Nascimento: 5/02/1985
Nacionalidade: Portugal
Presenças em Mundiais: 5 (2006, 2010, 2014, 2018 e 2022)
Jogos em Mundiais: 21
Golos em Mundiais: 8
Títulos em Mundiais: 0
Se entrar esta tarde em campo para defrontar Marrocos, Cristiano Ronaldo vai entrar para o Top 5 dos jogadores com mais partidas disputadas em fases finais de Campeonatos do Mundo. Mas, aconteça o que acontecer até ao fim do Mundial do Qatar, e independentemente de tudo o que tem vivido numa competição em que é – inevitavelmente – o centro das atenções, CR7 já fez história no Qatar, ao tornar-se no primeiro jogador de sempre a marcar em cinco fases finais de Mundiais.
Só por isso – e por tudo o que a sua presença num Campeonato do Mundo envolve – Ronaldo faz parte da História dos Campeonatos do Mundo. Se conseguirá fazer ainda mais história e erguer o título por Portugal, não se sabe ainda. Mas é inevitavelmente um dos Cromos da História dos Mundiais.
Das fintas a uma velocidade estonteante ao alucinante registo de golos, com recorde atrás de recorde
"Não sou eu que persigo os recordes. Os recordes é que me perseguem a mim". Uma frase que Cristiano Ronaldo já repetiu vezes sem conta e que resume bem o que veio a ser a sua carreira. Mas ninguém imaginava que o menino na Madeira, que cresceu longe da família em Lisboa, quando se mudou para o Sporting, se viria a tornar num dos maiores goleadores da história do futebol, ainda que todos lhe vaticinassem um futuro brilhante.
Nascido numa das zonas mais pobres do Funchal, Ronaldo começou a jogar à bola nas camadas jovens do Clube de Futebol Andorinha de Santo António, uma equipa de bairro, antes de se mudar, em 1995, para o Nacional da Madeira, onde começou a dar nas vistas.
Chamou a atenção do conceituado olheiro Aurélio Pereira e não tardou a assinar pelo Sporting, que levou a melhor na corrida ao jogador em parte graças a uma dívida que o clube madeirense tinha para com os leões. E foi no clube de Alvalade que despontou definitivamente.
Antes da sua estreia pela equipa principal dos leões – que ocorreria em 2002, numa pré-eliminatória da Liga dos Campeões (a competição da qual se viria a tornar ‘rei e senhor’), frente ao Inter, já todos os adeptos leoninos tinham ouvido falar de um menino madeirense que andava a fazer furor nas camadas jovens do clube.
Na primeira temporada pela equipa principal do Sporting, Ronaldo, então a jogar sempre como extremo, marcou golos, mas deu nas vistas sobretudo pelas fintas estonteantes que fazia e pela velocidade a que as executava. Depois, no início da época seguinte, veio o jogo que transformaria para sempre a sua vida: na partida de inauguração do novo Estádio de Alvalade, o Sporting recebeu o Manchester United e Ronaldo foi a figura da partida, com os seus dribles, deixando maravilhados os próprios adversários. Reza a lenda que foram os próprios jogadores dos ‘Red Devils’ a ‘exigirem’ que Sir Alex Ferguson e os dirigentes do clube fechassem desde logo a contratação daquele ‘miúdo’. E assim foi.
Ronaldo rumou a Old Trafford e o resto, como se costuma dizer, é História. Sob as ordens de Ferguson, que foi uma espécie de mentor do português, Ronaldo não tardou a afirmar-se na equipa principal do United. Aí conquistou , entre outros troféus, três Premier Leagues, uma Taça de Inglaterra e a sua primeira Liga dos Campeões, tornando-se numa lenda do clube, com os golos a começarem, ano após anos, a surgirem com maior frequência.
Mas faria ainda melhor depois, no Real Madrid, para onde se transferiu em 2009 a troco de 94 milhões de euros e onde passou a jogar em definitivo mais como avançado, moldando a sua forma de jogar para se tornar, na opinião de muitos, um dos melhores finalizadores da história, graças ao seu instinto, capacidade física, mentalidade vencedora e capacidade de atuar sob pressão. Seria em Madrid que se tornaria definitivamente num dos melhores futebolistas de todos os tempos, rivalizando na mesma Liga com Messi pelo 'título' de melhor da sua era e começando a bater recorde atrás de recorde.
Acabaria por se tornar no melhor marcador de todos os tempos do Real Madrid, clube onde conquistou por mais quatro vezes a Liga dos Campeões (prova da qual é o melhor marcador de sempre). Quando partiu, em 2018, para assinar pela Juventus a troco de 117 milhões de euros, tinha marcado 450 golos em 438 jogos. Uma média impressionante de mais de um golo por jogo.
Na Juventus continuou a somar títulos e a mostrar uma veia goleadora assinalável: superou a barreira dos 100 golos pelo clube de Turim em 134 jogos antes de regressar a Old Trafford, para nova passagem pelo Manchester United.
Uma segunda paragem que, como se sabe, acabou por não correr tão bem como a primeira e terminou abruptamente antes do início do Mundial 2022.
Cinco presenças em Mundiais, cinco Mundiais a marcar…falta o título
O Mundial do Qatar é, então, já o quinto em que Cristiano Ronaldo – o mais internacional e o maior goleador de sempre da seleção de Portugal – participa.
O primeiro no já longínquo Mundial 2006, na Alemanha, numa altura em que Ronaldo era já era mais do que uma mera estrela em ascensão. Brilhava no United e tinha também brilhado no EURO 2004, então com apenas 19 anos, ficando então gravada na memória de todos a imagem e Ronaldo a chorar copiosamente após a derrota na final desse Europeu realizado em Portugal (a redenção chegaria em 2016, quando capitaneou a Equipa das Quinas à glória no EURO).
Em 2006, Ronaldo chegou ao Mundial como segundo melhor marcador na zona europeia de qualificação, com sete golos. Foi titular nos dois primeiros jogos da fase de grupos, frente a Angola e Irão (marcando o seu primeiro golo em fases finais de Mundiais frente aos iranianos, de grande penalidade), e ficou depois de fora - com Portugal já apurado - do terceiro jogo, com o México.
Nos oitavos-de-final, Portugal os Países Baixos por 1-0, num jogo marcado por muitos cartões, e nos quartos-de-final Portugal venceu a Inglaterra no desempate por penáltis, com Ronaldo a marcar o penálti decisivo. A seleção portuguesa chegava pela segunda vez às meias-finais de um Mundial (depois de 1966, com Eusébio).
O sonho acabaria aí, com uma derrota ante a França. O jogo de atribuição do 3.º lugar, ante a anfitriã Alemanha, também terminou em derrota e Portugal falhava o objetivo de, pelo menos, igualar o desempenho e 1966. Continua a ser, ainda assim, até à data, a melhor prestação da Seleção em Mundiais com Ronaldo em cena.
No Mundial de 2010 Ronaldo estava já no topo do mundo. Mas esse Mundial - na África do Sul - não lhe correu tão bem como esperado. Portugal empatou a zeros com Costa do Marfim e Brasil e pelo meio goleou por 7-0 a Coreia do Sul, com (apenas) um golo de Ronaldo (o seu segundo em Mundiais). A adversária, nos oitavos de final, foi a Espanha e Portugal ficou pelo caminho nessa etapa.
No Brasil, em 2014, Ronaldo continuava no auge a nível de clubes, mas o Mundial correu-lhe ainda pior. A ele e a Portugal, que não foi além da fase de grupos. CR7 fez uma assistência no empate 2-2 com os EUA, no segundo jogo (o primeiro tinha resultado numa pesada derrota ante a Alemanha) e marcou o 'seu' golo da praxe em Mundiais frente ao Gana, na terceira jornada, numa insuficiente vitória por 2-1.
Seguiu-se o Mundial 2018, na Rússia, ao qual Portugal chegou como campeão europeu em título. E Ronaldo teve, de imediato, o seu melhor jogo de sempre em fases finais de Campeonatos do Mundo: um memorável hat-trick contra a Espanha, num empate a três golos. Marcou também o golo da vitória contra Marrocos no segundo jogo, mas ficou em branco no terceiro, com o Irão, e também nos oitavos-de-final, contra o Uruguai, que ditou o adeus luso à prova.
E chegamos então onde estamos, ao Mundial 2022, onde Ronaldo chegou rodeado em polémicas e onde as polémicas (umas atrás das outras) ainda não o largaram. Mas isso não impediu que, com um golo logo na primeira jornada da fase de grupos, diante do Gana, de penálti, deixasse para sempre o seu nome marcado na História dos Mundiais com o tal quinta fase final de um Campeonato do Mundo a marcar.
E depois dos Mundial? Incógnita quanto ao futuro
Ronaldo perdeu a titularidade nos oitavos-de-final do Mundial do Qatar, algo que há muito não se via na Equipa das Quinas em jogos decisivos. Um sinal, talvez, que a sua era na Seleção esteja a chegar ao fim (apesar de Ronaldo ter afirmado que gostava de jogar ainda mais um EURO).
E, quando o Mundial chegar ao fim, Ronaldo terá, também de encontrar clube, estando a jogar o Campeonato do Mundo de 2022 na condição de ‘desempregado’, depois de ter rescindido com o Manchester United.
Mas, seja qual for o destino de CR7, nada lhe tira um lugar na História dos Campeonatos do Mundo e o título de um dos melhores – se não mesmo o melhor – futebolistas de todos os tempos. Os títulos que já conquistou, os galardões que já arrecadou e os infindáveis recordes que detém falam por si.
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