Quando falamos em Campeonato do Mundo, falamos numa competição que todos os países e jogadores querem jogar. O sonho de estar entre os melhores a nível mundial e ter a oportunidade de viver um mês de sonho até à possível conquista final é partilhado por todos os participantes.
Ainda assim, há uma história controversa que marcou o Mundial de 1966 com o 'boicote' de todas as seleções africanas e que acabou por ter repercussões significativas naquilo que hoje conhecemos do torneio.
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Olhemos então para como tudo aconteceu. Até 1966, as vagas para os Mundiais não permitiam uma igualdade entre os diferentes continentes, ou seja, os países da Europa, da América, da África, da Ásia e da Oceânia não tinham a mesma representatividade, algo que hoje em dia não acontece.
Nesse mesmo ano, em que a fase final da competição se disputou em Inglaterra, tinha sido decidido que a distribuição do número de seleções participantes seria feita da seguinte forma: nove vagas para a Europa, três para a América do Sul, uma para os países da Concacaf, um para o país anfitrião e um para o detentor do troféu, que era o Brasil. Sobrava uma vaga que seria discutida entre os países da África, Ásia e Oceania, perfazendo um total de 16 participantes.
Este foi um critério que revoltou a Confederação Africana de Futebol (CAF) e levou ao dito 'boicote'. Ou a FIFA dava o reconhecimento e espaço merecido às suas seleções ou seria anunciada uma retirada do ranking.
A FIFA não cedeu à pressão e a CAF cumpriu com a ameaça. As 15 seleções do continente africano que poderiam lutar por uma vaga no Mundial de 1966 desistiram de entrar na competição. Um mal que, refira-se, veio por bem.
A decisão teve repercussões claras na competição e a FIFA percebeu a importância de uma maior representatividade dos restantes continentes, até porque uma seleção em grande momento de forma na época, o Gana, não esteve presente.
Ficou decidido que a África passaria a ter obrigatoriamente um representante exclusivo, tal como a Ásia, já nas contas do Mundial de 1970 no México. Tal como o próprio nome indica, um Campeonato do Mundo apenas consegue sobreviver com uma representação à escala global. A FIFA parece ter percebido isso depois do 'boicote africano', aquele que se tornou um marco na história da competição como hoje conhecemos.
Em 1970, Marrocos foi a primeira seleção representante depois do boicote. Mais de 50 anos depois, em 2022, são cinco os países africanos a representar o continente no Qatar.
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