A Polícia do Rio de Janeiro e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) culparam-se hoje mutuamente pelos violentos incidentes ocorridos antes do jogo Brasil-Argentina, da zona sul-americana de qualificação para o Mundial2026 de futebol.
Embora a CBF tenha feito saber, através de uma nota pública, que informou antecipadamente sobre todos os detalhes de segurança para a partida e não recebeu nenhuma recomendação, a polícia garante que só soube na última quinta-feira que os adeptos das duas seleções iriam partilhar as bancadas, em vez de estarem separados, como recomendariam todas as regras básicas de segurança.
Durante a entoação dos hinos espoletaram confrontos entre adeptos argentinos e brasileiros na bancada sul do Estádio Maracanã, os quais tomaram uma dimensão agravada na sequência da intervenção da polícia, que reprimiu os adeptos visitantes.
O início da partida foi retardado em 27 minutos, uma vez que os jogadores argentinos tentaram intervir para acalmar os ânimos, mas tendo sido bem sucedidos, acabaram por se retirar para os balneários até que a situação fosse controlada.
Como resultado dos tumultos, dois adeptos tiveram que ser hospitalizados com hematomas na cabeça e oito argentinos foram presos, acusados de terem provocado os incidentes e por desacatos à autoridade policial.
A Polícia Militar do Rio de Janeiro emitiu um comunicado em que esclarece que só foi informada na quinta-feira de que os adeptos das duas seleções iriam partilhar as bancadas, numa altura em que os bilhetes já estavam esgotados, inviabilizando que a situação fosse devidamente corrigida.
“A segurança nas bancadas ficou a cargo de uma empresa especializada contratada pela CBF. Seguindo protocolos próprios, a CBF decidiu proceder à venda de bilhetes sem seguir um critério de quotas para os adeptos dos dois países e, mais grave ainda, sem delimitar espaços nos setores de cada adepto”, acrescentou a polícia na nota que tornou pública.
Na mesma, alegou ainda que só intervém para reprimir tumultos nas bancadas quando a situação foge ao controlo dos agentes de segurança privada.
Por seu lado, a CBF defendeu-se alegando que, por determinação da FIFA, nos jogos entre seleções não há divisões nas bancadas para adeptos, facto que “sempre foi do conhecimento da polícia e demais autoridades públicas”.
Para a CBF, o plano de segurança foi elaborado e dimensionado considerando o nível de risco da partida e o facto de os adeptos rivais partilharem as bancadas, razão pela qual foram mobilizados 1.050 agentes privados e 700 polícias para garantir a segurança e a ordem no estádio.
A Argentina acabou por vencer por 1-0, graças a um golo do central benfiquista Nicolás Otamendi, mas a partida ficou marcada pelos violentos confrontos entre os adeptos das duas seleções antes do seu início, e só se iniciou depois das forças policiais criarem um cordão de segurança que isolou os adeptos argentinos e que levou a que os ânimos acalmassem.
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