Luís Campos lembrou hoje as dificuldades financeiras que sentiu no Lille e no Mónaco e a aposta que fez, como diretor desportivo, nos jovens futebolistas em ambos os clubes franceses.
No evento "World Scouting Congress", o dirigente do Lille lembrou os “problemas com o fair-play financeiro no Mónaco”, com a UEFA a impedir que o presidente continuasse “a meter 100/200 milhões de euros em compras” no clube.
“No dia 18 de agosto estava com o Leonardo Jardim e tivemos uma reunião em que foi dito que não podia ser investido nem mais um euro na equipa. A solução encontrada foi fácil, à partida, mas foi baseada num excelente trabalho de ‘scouting’: tínhamos que comprar barato e vender caro", disse, revelando ainda que deixou para segundo planos "os direitos televisivos" e focou-se essencialmente nos jogadores.
"Preocupei-me muito com os jogadores que me permitissem encontrar uma base económica, construir um complexo de treinos, um centro de alto rendimento, ter uma equipa técnica, uma estrutura sólida e encontrar jogadores que podiam ser uma mais-valia", explicou.
Para Luís Campos, tanto o Mónaco como o Lille são dois exemplos dessa aposta nos jogadores jovens e talentosos e que no futuro possam dar retorno.
"No Mónaco, tal como agora no Lille, passa muito por dar oportunidade de jogar aos jovens talentos. Se atingirem essa maturidade vão rapidamente chegar a um patamar que nos permite vender. Em dois anos e três meses já conseguimos ir agora ao mercado de 15 milhões de euros, quando antes só conseguíamos ir ao mercado de três milhões", revelou.
O antigo treinador de Beira-Mar, Varzim, Vitória de Setúbal, Santa Clara, Penafiel, entre outros, deu mais exemplos positivos do Lille e do Mónaco.
"O Lille tinha algumas centenas de milhões de dívidas e este ano reduzimos o passivo em mais de metade. O Mónaco não conseguia continuar com a política do problema de ‘fair-play’ financeiro. Em três anos fez 989 milhões de euros de vendas, sendo 700 milhões de mais-valias. É esta a mensagem que passo aos que trabalham no futebol”, disse.
Para Luís Campos, “é possível nesta indústria conciliar bons resultados desportivos com bons resultados económicos”.
“Este é um país de altíssimo talento, de futebol, onde os ‘scouts' gostam de vir e os clubes têm de aproveitar mais e melhor as pessoas do futebol e com capacidade nestas áreas", referiu.
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